Dance até o mundo acabar: 2011 e as divas da música pop
O ano de 2011 foi marcado por grandes nomes da indústria, por que não relembrar os maiores sucessos da música pop da época?
Há poucos dias, me deparei com um vídeo do criador de conteúdo Anderson Vieira no Youtube onde ele mencionava algumas cantoras que, para alavancarem suas posições nos rankings de stream, recorreram aos famigerados “featuring”, o equivalente as “participações especiais” aqui no Brasil.
E fiquei surpreso com duas canções em especifico, que eu citarei ao decorrer deste texto, as quais eu sequer sabia da existência dessas versões, conhecendo apenas as originais cantadas solo.
Com isso, fui em busca desses títulos para conferi-las e, a partir disso, entrei em uma completa espiral de nostalgia que levou a outras músicas que eu escutei repetidamente durante o início da minha adolescência lá em 2011.
Coincidentemente, essas faixas também fizeram parte do meu processo de descoberta e entendimento quanto a ser uma pessoa LGBTQIAPN+ e, logicamente, muitas delas eu escutava e cantava apenas quando estava sozinho, por medo de possíveis represálias, já que não eram consideradas “músicas de homem”.
Mas muito tempo se passou de lá pra cá e hoje resolvi trazer uma lista com 10 faixas que, sem dúvidas alguma, consagraram o ano de 2011 como um dos melhores períodos para a produção de música pop, com as maiores divas da época entregando hits atemporais.
Mas antes de entrarmos de cabeça em 2011, eu preciso mencionar duas músicas que foram lançadas no segundo semestre de 2010. A primeira delas foi lançada em 13 de julho de 2010 e se chama “Take It Off” da Ke$ha.
Último single do seu álbum de estreia, “Animal”, essa provavelmente não é uma das maiores canções da criadora da icônica “Tik Tok” mas, desde a primeira vez que a ouvi, me senti completamente consumido pela batida e pela letra.
Inspirada por uma ida a um show de drag queens, a letra de Ke$ha menciona um local onde todos se encontram a noite para se divertir e extravasar até o sol raiar. O videoclipe também é sensacional com o uso de muitas cores, dança e glitter pra todo lado.
Lembrando que, recentemente, Ke$ha surgiu em suas redes sociais totalmente emocionada ao ouvir a prévia de uma música inédita. Será que vem álbum novo por ai?
E a segunda música que não poderia ficar de fora dessa lista, foi lançada como o terceiro single da maior era dessa cantora. Fazendo parte do disco “Teenage Dream”, não havia qualquer possibilidade de eu não incluir “Fireworks” da Katy Perry nessa resenha.
Em 26 de outubro de 2010, Katy mostrou que, mesmo naqueles dias que você se sente um saquinho de lixo voando sem controle por aí, você ainda tem fogos de artifícios guardados dentro de si e prontos para explodir.
O sucesso é tão gigantesco em torno dessa faixa que, além de ser a escolhida para encerrar a sua performance no SuperBowl de 2015, ela também permanece em seu setlist de apresentações ao vivo até hoje. Vai dizer que esse não é um dos maiores ícones motivacionais que existe?
Encerradas as menções para 2010, vamos falar de 2011 agora, um ano que já começou com tudo.
Em 21 de janeiro de 2011, Rihanna lançou um hino bombástico, o qual, inclusive, recebeu acusações de conter mensagens subliminares sobre os Illuminati em seu videoclipe, algo que toda diva pop já sofreu (ou vai sofrer) em algum momento da carreira.
Abordando tópicos como confiar em sua própria identidade para se tornar imune a boatos e com muitas referencias à práticas sexuais e de BDSM, o clipe da faixa “S&M” é sexy, frenético e traz RiRi em seu auge com suas madeixas em vermelho vivo.
Lembra o que mencionei no início dessa resenha sobre o vídeo do Anderson? Pois é. Essa é uma das faixas que eu não sabia da existência de uma versão alternativa e, muito menos, que essa outra versão é com, ninguém mais, ninguém menos, que a nossa eterna princesinha do pop, Britney Spears. Eu juro que eu não entendo como passei todo esse tempo sem saber da existência disso.
Por mais que os vocais de Britney estejam completamente anasalados, com o autotune no talo e, poderia dizer, robóticos em um nível que chegam a descaracterizar por completo a voz que conhecemos em alguns momentos, é interessante ver a junção de ambas em uma produção.
Dona de uma das maiores audiências de todos os shows de intervalo do SuperBowl com mais de 121 milhões de espectadores em 2023, Rihanna ainda lançou as clássicas “We Found Love” e “California King Bed” em 2011, sendo essa última reprisada na programação da MixTV ao nível da exaustão. Sim, chegou um momento que eu, simplesmente, não suportava mais ouví-la.
Seguindo, a próxima faixa pertence a nossa eterna Mother Monster. “Born This Way” de Lady Gaga já nasceu aclamadíssima. Apesar das polêmicas e comparações envolvendo “Express Yourself” da Madonna, nada pôde tirar o posto de evidente representatividade presente nesse grande ícone fonográfico, lançado em 11 de fevereiro de 2011.
Presente no segundo álbum da cantora que leva o mesmo nome da faixa, Gaga mencionou em entrevista a Billboard que a música foi composta tendo como inspiração a emancipação das mulheres e o impacto das canções de Madonna, Whitney Houston, TLC, entre outros também na comunidade LGBTQIAPN+ dos anos 90.
Se referindo a ela como a “sua canção sobre liberdade”, a composição foi criada em cerca de 10 minutos e, assim que chegou ao público, já se tornou parte da história da música mundial.
Até hoje, eu não sei se sou capaz de mensurar o impacto que a letra dessa música teve na minha vida e na minha construção como indivíduo. A força da mensagem que ela carrega é transcendental e a sua profundidade traz conforto afinal, “I’m beautiful in my way / ‘Cause God makes no mistakes / I’m on the right track, baby / I was born this way”. E é sempre bom reforçar: um amor diferente nunca, em hipótese alguma, será um pecado.
Neste ano, Gaga ainda daria luz a singles como a excelente “Yoü And I”, a injustiçada “Judas”, chegaria ao limite em “The Edge of Glory” e terminaria o dia com “Marry The Night”. Um ótimo ano para nossa Stefani Germanotta, não é?
Mas você se engana se acha que esse foi o único hit que surgiu nesse dia. Jennifer Lopez também se jogou na pista em 11 de fevereiro, lançando a sua parceria com Pitbull em “On The Floor”.
O primeiro single de “Love?”, o sétimo álbum da extensa carreira de JLo, traz em sua melodia trechos da icônica “Lambada (Chorando Se Foi)” do grupo franco-brasileiro Kaoma. Com muito carão, essa mulher realmente dá a sua vida na pista de dança e a domina completamente como podemos ver no videoclipe. Uma coisa é fato: não tem como ficar parado ouvindo essa aqui.
Sucesso garantido nas baladas, nesse mesmo ano, ela ainda lançou “I’m Into You” em colaboração com o rapper Lil Wayne e “Papi”, a minha favorita dessa era, que conta com um videoclipe divertidíssimo e uma coreografia sensacional.
A próxima faixa combinava muito com a eminência do temido apocalipse maia que resultaria no fim do mundo em 2012 e, em 04 de março de 2011, Britney Spears nos convidou para dançar até o mundo acabar.
Quem não gosta de uma boa onomatopeia numa música pop, não é? E a faixa “Till The Worlds Ends” nos entrega tudo e mais um pouco. Com uma performance que apenas Britney sabe servir, a canção fazia parte do álbum “Femme Fatale”, o sétimo aquela altura e, de onde também derivou sucessos como “I Wanna Go” que traz referencia a Michael Jackson em seu videoclipe e a maravilhosa “Criminal”.
Mas nem tudo são flores e é de uma tristeza tremenda o que essa mulher teve que enfrentar durante a sua vida e a possibilidade dela, algum dia, retornar aos palcos com um disco novo são completamente nulas. Mas eu não consigo deixar de imaginar como teria sido se Britney tivesse tido liberdade (incluindo artística) para ditar os rumos de sua própria carreira.
Como seria se ela usasse o seu tom de voz real ao invés da desconfortável “baby voice” a que foi submetida durante toda vida? É nítido como todas as situações que passou, a pressão e o peso da mídia irresponsável criando polêmicas ao seu redor foram as culpadas por apagarem, pouco a pouco, o brilho no seu olhar e soterrarem toda aquela espontaneidade que víamos no inicio de sua carreira. Ela realmente tinha um futuro pela frente que poderia ter sido brilhante.
Mas, voltando ao nosso compilado, essa foi a outra descoberta que fiz no vídeo do Anderson. Na minha opinião, “Till The Worlds Ends” é excelente por si só, mas também ganhou um remix com vocais de Ke$ha (que é a compositora da canção original) e Nicki Minaj.
E aproveitando que estamos falando da Nicki, já vou puxar aqui a próxima faixa dessa seleção. Eu confesso que eu nunca fui fã de Minaj pois não consumo tanto o seu gênero musical, mas é inegável o quanto “Super Bass” é viciante.
A faixa faz parte do seu álbum de estreia, “Pink Friday”, e foi lançada em 05 de abril de 2011 trazendo uma mistura de R&B, Rap e, claro, pop.
Eu tentava me enganar, fingindo que não suportava essa faixa na época mas, lá no fundo, eu tava só no “Boom, badoom, boom, boom, badoom, boom, bass (he got that super bass)”. Não tinha como resistir. Sem contar que o clipe entrega várias trocas de looks, laces e uma paleta de cores que vai ficando cada vez mais brilhante até chegar no ápice neon. É um ótimo título realmente.
“I’m feeling sexy and free…” Avançando alguns meses, no segundo semestre de 2011, a britânica Jessie J continuou mantendo o nível lá em cima com a sua “Domino“.
Depois de sucessos como “Price Tag“, lançado no ano anterior, “Who’s Laughing Now” e “Nobody’s Perfect“, em 29 de agosto de 2011, Jessie J chegou com toda a sua técnica vocal e timbre inconfundível com um single divertido, extremamente dançante e carregada de um alto astral impressionante.
Você pode até se esquecer dela por um tempo, mas quando você a ouvir novamente, garanto que você será atingido como se fosse a primeira vez. Sem dúvidas, é uma das minhas favoritas e seguimos na busca de encontrar alguém que nos faça “perder o controle” como essa diva menciona em sua letra.
Agora a penúltima música dessa lista é a definição de “música chiclete”. É chocante como caiu no gosto do público, explodiu e dilacerou bolhas por aí por que, independente da tribo a qual você fazia parte, todo mundo sabia o refrão dela: “Hey, I just met you…”
Chegando em 20 de setembro de 2011 e atravessando todas as posições de stream em direção ao topo, Carly Rae Jepsen provavelmente faturou milhões com a sua “Call Me Maybe”.
Mas se engana quem pensa que foi um sucesso imediato pois foi apenas em Janeiro do ano seguinte que, após viralizar um vídeo de Justin Bieber e Selena Gomez, na época namorados, dançando ao som de “Call Me Maybe” com amigos, que essa composição ganhou atenção mundial, rendendo até um contrato com gravadora para Carly.
Com mais de 1.6 bilhão de visualizações no Youtube apenas para este single, a cantora acabou caindo no vale dos conhecidos por um único sucesso, apesar de ter lançado mais alguns álbuns após este.
E, pra fechar a nossa seleção de hoje, é claro que não poderia faltar ela, a maior cowgirl do momento, a nossa Queen B.
No começo de 2011, Beyoncé lançou a poderosa “Run The World (Girls)”, primeiro single do álbum “4”. Mas apesar do sucesso gigantesco desta, ela não foi a minha escolha para encerrar essa resenha.
Lançada em 11 de dezembro de 2011, em “Love On Top” a artista bota pra jogo toda a sua potência atingindo notas cada vez mais agudas conforme a canção avança. Admita, você também já tentou atingir essas high notes e falhou miseravelmente.
Com um videoclipe simples emulando a estética de bandas como “The Jackson 5” e “New Edition” e com uma coreografia de fácil reprodução, eu lembro de me impressionar em como o tom da canção ia subindo e subindo e parecia nunca parar.
É claro que, com um ano que teve “Run The World”, essa acabou não tendo tanta atenção, mas ainda assim, merece ser lembrada.
E, claro, se você ainda não foi dar o seu view para o mais recente lançamento dessa rainha, o ótimo “act ii: COWBOY CARTER” lançado na última sexta-feira, 29/03, sugiro que você pare tudo o que está fazendo, pegue o seu chapéu country e vá tacar stream nessa lenda. Minhas favoritas? “Bodyguard” e “Levii’s Jeans”. Já estou ansioso pelo terceiro ato e espero, com todas as minhas forças, que as suposições sejam verdadeiras e venha aí um álbum de rock.
Para encerrar, não poderia ir sem deixar uma menção honrosa, dessa vez, nacional. Com uma turnê de reencontro agendada para acontecer em 2024, a Banda Uó formada por Mel Gonçalves, Mateus Carrilho e Davi Sabbag também renderam sucessos no começo dos anos 2010 com “Shake de Amor (Whip My Hair)” e a clássica “Faz Uó”. Vale a pena relembrar.
Como pudemos ver, o ano de 2011 foi um bálsamo para os fãs de música e divas pop. Marcado por grandes sucessos, quem viveu essa época foi muito bem servido e presenciou o nascimento de hits que se tornaram lendários. O que eu posso dizer? Sorte a nossa.
Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.
Comentários