Companhia Delas comemora 20 anos de história com websérie sobre Maria Sibylla Merian
Personagem homenageada da série foi uma das maiores ilustradoras científicas de todos os tempos
Em 2020, em plena Pandemia do Coronavírus, a Companhia Delas trabalhou para levar ao meio digital sua pesquisa sobre Mulheres e Ciência. O primeiro resultado foi a Trilogia Olho Mágico, recentemente premiada pelo APCA 2020. Agora, para comemorar seus 20 anos de história, as atrizes contam a história de Maria Sibylla Merian numa websérie em 5 episódios transmitidos pelo Youtube, onde também haverá um conjunto de ações e conteúdos voltados para crianças.
A websérie com 5 episódios, com média de duração de 15 minutos cada, será disponibilizada gratuitamente no canal oficial no Youtube da Companhia Delas e foi gravada durante quatro dias, em setembro de 2020 no Sesc Santo André. Os episódios serão lançados sempre às quartas- feiras às 11h, nos dias 24/02, 03, 10, 17 e 24/03.
Os 06 vídeos com atividades propostas pelo Coletivo Miudezas serão lançados sempre às sextas-feiras às 11h, nos dias 26/02, 05, 12, 19 e 26 (os dois últimos serão lançados no mesmo dia). As CONVERSAS DELAS serão 3 LIVES com convidadas especiais que acontecerão sempre às segundas-feiras às 20h, nos dias 08, 15 e 22/03.
Além da qualidade da pesquisa científica, histórica e a experiência das componentes do grupo na comunicação com o público infanto-juvenil, outro grande diferencial do projeto é que todo o material criado pela Companhia será também disponibilizado em uma versão com recursos de acessibilidade, contando com audiodescrição e interpretação em libras.
Há 20 anos, as atrizes Ciça Magalhães, Fernanda Castello Branco, Julia Ianina, Paula Weinfeld e Thaís Medeiros decidiram, ainda adolescentes, no Teatro Escola Célia Helena, formar uma companhia para fazer teatro do jeito delas.
Com 16 prêmios no currículo e sucesso de críticas, a Companhia Delas inicia as comemorações de duas décadas de história, a partir de 24 de fevereiro, com a websérie Maria e os Insetos, que conta, para crianças, a trajetória de Maria Sibylla Merian, nascida na Alemanha em 1647, que combinou ciência e arte para se tornar uma das maiores ilustradoras científicas de todos os tempos.
Para a companhia, contar a história de Maria Sibylla Merian durante a pandemia é muito oportuno, já que estamos vivendo um momento que escancara a necessidade de entender e valorizar o papel da ciência. “Nessa pesquisa descobrimos que artistas e cientistas têm tudo a ver. Ambos precisam ser criativos e curiosos, ambos fazem perguntas e buscam respostas. As crianças também têm essas qualidades e se identificam com o desejo de entender o mundo. Por isso a gente ama contar histórias de mulheres que enfrentaram a ignorância e a intolerância para entender e melhorar o mundo em que viviam”, comentam as integrantes da Companhia Delas.
Quem foi Maria Sibylla Merian e por que contar sua história?
Desde jovem, Maria começou a coletar insetos para estudar seus comportamentos. O padrasto ensinou-a a pintar, habilidade que ela usou para ilustrar os diferentes estágios da vida de seus insetos favoritos. Maria se interessava especialmente pelas borboletas. Na época, ninguém entendia realmente a conexão entre as lagartas e as borboletas. Em 1679, ela publicou um livro sobre metamorfose, repleto de anotações científicas e ilustrações.
A partir daí a vida de Maria mudou drasticamente. Ela deixou o marido e levou a mãe e suas duas filhas para a Holanda. Elas se juntaram a um grupo religioso estrito que tinha laços com uma colônia holandesa na América do Sul, o Suriname. O grupo religioso mal administrado acabou se desfazendo, mas o interesse de Maria pelo Suriname permaneceu. Aos 52 anos de idade, curiosa a respeito dos novos insetos, Maria desbravou as florestas da América do Sul. Ela documentou insetos nunca vistos antes e enfrentou os perigos da chuva e do calor.
Infelizmente, a viagem terminou antes do previsto, pois ela contraiu malária e teve que voltar à Europa. Mas ela já tinha feito as ilustrações de que precisava para criar seu maior livro. “A metamorfose dos insetos do Suriname” foi publicado em 1705 e se tornou um sucesso em toda a Europa. O trabalho de Maria ajudou os cientistas futuros a classificar e entender os insetos. Suas ilustrações belas e detalhadas surpreendem e ensinam pessoas até hoje.
Do teatro para o audiovisual
Murilo Alvesso conta que há um tempo procura entender como a experiência do teatro pode ser compatível com o vídeo, já sabendo que diante da câmera a obra sempre se transforma em outra. “As perspectivas e os olhares seguem uma lógica diferente na tela. Os movimentos de câmera e a proximidade com os atores são boas ferramentas para perseguir o vigor que só a presença no teatro tem. É um exercício de parceria com a turma do espetáculo que precisa estar aberta a transformações na encenação, e com a Companhia Delas isso foi perfeito.
Na aventura de levar Maria e os Insetos para o formato audiovisual, a intenção foi que a câmera pudesse estar simultaneamente na cena e na plateia. Assim como um quarto personagem, o público dessa websérie vai seguir viagem com a Maria por oceanos e florestas construídas dentro do palco e da imaginação”, conta Murilo.
A veterana Mira Haar já dirigiu espetáculos da companhia e faz os figurinos e cenários desde o início do grupo. “Em Maria e os Insetos não foi diferente, mas foi ainda mais especial porque a Maria Sibylla era ilustradora – ela traz seus estudos com cor, textura e composições muito bonitas. Nós queríamos trazer a beleza das suas ilustrações para a peça. Por isso, era inevitável que a questão plástica e estética fossem centrais nesse trabalho. E ninguém melhor que a Mira para aproveitar todo esse material e levar pro palco. Quando chegou a câmera foi incrível, porque pudemos explorar a dimensão dessa beleza em várias camadas.
Aí entra a importância da luz, que foi essencial para criar ambientes, climas, esconder e revelar o cenário na hora certa. Para esse desafio também tivemos o privilégio de contar com o talento do querido Wagner Freire, que, assim como a Mira, trabalha há anos com o nosso grupo e que reforçou a plasticidade da cena. Tudo isso é parte importante dessa história, é parte da dramaturgia também”, contam as criadoras da Companhia.
Texto elaborado por Renata da Silva
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