Deadpool & Wolverine investe no saudosismo e marca transição da Fox para a Marvel Studios
Longa traz exatamente o que se espera de uma união entre Deadpool e Wolverine sem abandonar o humor ácido e a autocrítica ao gênero de super-heróis
A esse ponto na indústria do entretenimento, já deve ter ficado bem claro que a estratégia ideal para um filme ser bem aceito é saber manejar as expectativas do público. Também já não é mais novidade para ninguém o quanto o “gênero” de filmes de super-herói se encontra numa fase crítica, já ultrapassando a saturação e sedento por novidades e, principalmente, ousadia. Deadpool & Wolverine entra nesse cenário, um mercado que precisa urgentemente se reinventar e que decidiu apostar em uma das uniões mais esperadas por fãs de quadrinhos e super-heróis.
Deadpool & Wolverine cumpre quase todas as promessas que vendeu em trailers e ações de marketing. A principal delas sendo a interação entre dois personagens que possuem essências muito marcantes e conflituosas, produzindo uma dinâmica natural e interessante de assistir, potencializada pela amizade de Ryan Reynolds e Hugh Jackman. É exatamente isso que o filme entrega. Assistir Deadpool & Wolverine esperando uma trama super arrojada é o caminho certo para se decepcionar. O longa tem a proposta de divertir com as sátiras, piadas e palavrões já característicos da franquia Deadpool, aliando-se com a nostalgia de ter Hugh Jackman de volta como Wolverine e apostando na brutalidade de ambos os personagens para produzir ótimas cenas de ação. Só e apenas.
Por outro lado, é impossível negar que o filme prometeu uma grande revolução no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) e, nesse sentido, ele não entrega. A “carta na manga” de Deadpool & Wolverine era justamente marcar um momento de transição após a compra da Fox pela Disney, mas a produção muito mais homenageia e se despede do passado do que estabelece qualquer compromisso com o futuro da Marvel, e essa intenção fica bem clara nas cenas durante e após os créditos.
Não há, em Deadpool & Wolverine, aquele quebra-cabeça complicado de conexões cuidadosamente pensadas por Kevin Feige para gerar teorias entre os fãs sobre os próximos passos do estúdio — o que nem de longe é algo ruim. A aposta para cativar o público não é essa, e sim a nostalgia e o fanservice com excesso de participações especiais que são justificadas não por um roteiro intricado e bem elaborado, nem por algo extremamente revolucionário no gênero de super-heróis, mas pelo marco do momento de transição e pela decisão de seguir pelo caminho do saudosismo. Nesse sentido, Deadpool & Wolverine ao mesmo tempo enterra a já finada Fox e se despede de uma forma respeitosa de tudo o que foi construído, sem, é claro, abandonar a autocrítica e os comentários ácidos.
O filme não tem qualquer pretensão de salvar o multiverso. Pelo contrário, ele aposta em piadas sobre como a saga não funciona e já está mais do que na hora de ser descartada. Apesar disso, é impossível ignorar que o longa também usa do pretexto do multiverso para ganhar dinheiro em cima da nostalgia dos fãs, mas pelo menos faz isso com um pouco mais de honestidade e inteligência.
Expectativas alinhadas, agora podemos dizer que Deadpool & Wolverine funciona muito bem no que se propõe, explorando o humor já escrachado e adulto característico da franquia Deadpool e se colocando como um filme sobre amizade e família, característico da Disney, encontrando um bom equilíbrio entre as duas coisas, que mantém a essência do personagem principal muito bem adaptado por Ryan Reynolds desde o primeiro filme.
Hugh Jackman, por sua vez, novamente prova seu talento em qualquer versão do Wolverine. Essa, vale destacar, é a que mais se aproxima da versão que se firmou no imaginário de quem cresceu assistindo aos desenhos de X-Men ou lendo as HQs dos mutantes. A dinâmica com o sarcasmo de Deadpool funciona e o lado sanguinário de ambos nunca esteve tão forte.
Parceiro de Reynolds em projetos como Free Guy e O Projeto Adam, o diretor Shawn Levy mostra mais uma vez que entende o momento que a indústria está vivendo e explora o sentimentalismo e a nostalgia como faz na produção da série Stranger Things. O resultado é uma aventura realmente engraçada que faz o público sair com um sorriso no rosto e comentando sobre tudo entre amigos e na internet (se você se importa com spoilers, sugiro que assista logo ou saia das redes sociais até assistir).
No mais, Deadpool & Wolverine se equipara a Homem-Aranha: Sem Volta para Casa na era pós Vingadores: Ultimato, com verdadeiro potencial de despertar aquele “cinema-estádio” novamente, em que o público vibra, ri e se envolve junto com a trama que entrega comédia, ação e drama na medida certa, com um agrado a mais para os fãs de música pop dos anos 2000.
O longa não tem vergonha nem vê demérito em se assumir como um filme de super-herói, abusando das sátiras ao próprio gênero, rindo de si mesmo e conversando com o público para além da quebra da quarta parede, o que talvez seja exatamente o que a Marvel precisa nesse momento.
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