Chihayafuru: Bem vindos ao mundo do Karuta
Garantia de que até o final do anime todos estarão recitando alguns poemas
Esse belo anime, que tem até o nome da protagonista, Chihayafuru, vem nos trazer a visão de um esporte japonês bem diferente, o Karuta. Mas, claramente, sem deixar de nos entregar o pacote completo de drama e romance, misturado com literatura para transformá-lo em uma obra que todos deveriam ver.
Chihayafuru começa com uma jovem do ensino médio (Chihaya Ayase) que é conhecida por sua beleza. Apesar de ter beleza comparável a da irmã modelo, todos dizem que a beleza de Chihaya é um desperdício, e cai por terra assim que ela abre a boca, já que a jovem é meio avoada e sempre diz a primeira coisa que passa por sua cabeça (tá faltando um filtro aí).
Mas Chihaya está longe de se importar com beleza ou o que os outros dizem, pois neste momento ela está em busca de outros jovens interessados em entrar para o clube de Karuta, seu esporte favorito.
Mas o que diabos é karuta?
Siga-me num rápido resumo: Karuta é um jogo de cartas japonês no qual o objetivo é ouvir um poema, identificar rapidamente qual carta contém a continuação, e pegá-la antes do seu oponente. Há vários tipos de cartas que podem ser usadas, o rolê é decorar os 100 poemas do tipo “Hyakunin isshu” (estilo de poesia japonesa waka, onde cada contribuinte escreve um poema para a antologia), sendo o mais famoso e utilizado no jogo competitivo, o “Ogura Hyakunin Isshu”. Vou até deixar um exemplo:
ちはやぶる
かみよもきかず
たつたがわからくれなゐに みづくくるとは
“Deuses passionais nunca viram o vermelho que reside no rio Tatsuta” – Ariwara no Narihira
Sem enrolações, logo no primeiro episódio já conhecemos outros dois personagens-chave na vida de Chihaya, Taichi Mashima e Arata Wataya, ambos amigos de infância que jogavam Karuta com ela. É diferente a ideia de colocar um flashback da infância deles logo no começo do anime, mas isso ajuda a conhecermos melhor a personalidade da protagonista e a relação entre os três, além de como todos acabaram sendo transportados para esse mundo do Karuta (aprovado).
Outra coisa que também fica evidente na relação dos três é que Chihaya tem sentimentos em relação ao Arata, e Taichi gosta da Chihaya (olha o triângulo amoroso que confunde todos surgindo aqui). Além disso, a personalidades dos três é bem distinta. Chihaya é uma menina alegre, bem moleca mesmo, que acreditava que seu sonho era incentivar sua irmã a virar uma grande modelo, até que o Arata dá uma cortada nela, falando que ela tinha que procurar um sonho para si mesma, não o de outra pessoa. Dessa forma, ela acaba encantada pelo Karuta, depois de jogar uma partida com o amigo.
O Taichi é o estereótipo de menino esportivo, bem aquele tipo que pratica bullying e irrita a menina que ele gosta, ainda que seja bem inteligente. Ele claramente se irrita com a atenção que a protagonista dá ao Arata e começa a encher o saco de ambos.
Já Arata é o coitado que sofre bullying, o garotinho de óculos, caladão e sem amigos, novo na cidade e que tem o grande sonho de se tornar um mestre de Karuta. Deixo claro que estou traçando a personalidade deles de quando todos eram pirralhos, o futuro ninguém sabe (mentira, eu sei).
Os três acabaram se separando pois vão para escolas diferentes, mas Chihaya e Taichi voltam a se trombar no ensino médio. Novamente juntos, ela tenta convencê-lo a entrar no clube de karuta. Será que dá certo? Será que não? (Não sou eu que irei dizer). Obviamente, eles não são os únicos personagens do anime, vamos sendo introduzidos aos outros ao longo da história, novos amigos e “inimigos”.
Chihayafuru é um anime de 2011, produzido pelo estúdio Madhouse (o mesmo de Death note, Nana, One Punch Man, etc) que, depois de seis anos, ganhou uma terceira temporada, completando 75 episódios no total (eu sei, é meio grandinho, mas vale a pena). A história, baseada no mangá de Yuki Suetsugu, também ganhou adaptações para light novel e uma trilogia em live-action.
Eu, particularmente, acho a arte de Chihayafuru linda, os traços tem aquela pegada bem de shoujo, com traços mais delicados e elegantes. O mangá até ganhou um prêmio nessa categoria de shoujo, por combinar elementos de esporte com a literatura japonesa, além de aumentar a popularidade da prática de Karuta.
Faz muito sentido, afinal os personagens jogam com uma paixão que dá até vontade de entrar e jogar também (só falta decorar os 100 poemas). As competições então, são de tirar o fôlego, com toda aquela tensão no ar. Sempre tentava adivinhar quem ia ganhar, mas foi difícil.
Por essas e outras características que talvez tenha deixado de mencionar, Chihayafuru é um anime que eleva a palavra interessante a outro patamar. Então, larga esse baralho de cartas ocidental patético e vem ouvir os poemas comigo. Bora uma partida de Karuta depois?
Por: Letícia Vargas
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