Produzido tanto para leigos quanto para fãs de RPG, o filme Dungeons & Dragons: Honra Entre rebeldes promete entreter e despertar o interesse de muitos

Repleto de ação e humor, Dungeons & Dragons: Honra Entre rebeldes é um longa metragem baseado no RPG (Role Playing Game) de mesa de mesmo nome, recentemente popularizado por referências em séries como Stranger Things e por canais de streaming como Critical Role e Dimension 20.

Assim como o jogo, o filme se passa num mundo inteiramente original, que se encaixa no gênero fantasia medieval e inclui magia, dragões, diferentes raças e todo o tipo de tropo popularizado por obras como O Senhor dos Anéis e Game of Thrones.

Apesar disso, Honra entre Rebeldes segue mais a vibe descontraída de Guardiões da Galáxia, se concentrando essencialmente em entreter o público e apresentá-lo ao universo de D&D, que já tem quase 50 anos de idade. 

O longa acompanha a trajetória de Edgin e seus companheiros, que são desajustados profissionais. Os rebeldes se aventuram em cenários fantásticos em busca dos recursos necessários para salvar a filha de Edgin de um ex-companheiro de aventuras, Forge, cujas maquinações escondem uma trama muito mais perversa, elaborada por sua aliada, Sofina.

Para quem gosta de fantasia medieval, o filme contém duas horas de puro entretenimento. O produtor Jeremy Latcham não poupou esforços para traduzir todo o conteúdo dos muitos livros de D&D em forma visual.

Cidades fantásticas, monstros horrendos e empolgantes cenas de ação são devidamente pareados a uma história rica, que é mostrada na medida certa, despertando maior interesse e senso de admiração.

Os efeitos práticos, na forma de animatronics, e o CGI são típicos de produções com orçamento modesto, mas não deixam a desejar e se encaixam bem na maré de emoções provocadas pelo ritmo acelerado da narrativa e a fluidez das cenas de ação.

Entre os atores o destaque vai para Chris Pine, no papel do bardo Edgin, e para Michelle Rodriguez, que interpreta a bárbara Holga. Pine transmite carisma e comédia de forma natural, enquanto Rodriguez executa as mais hipnotizantes coreografias de luta. A dinâmica entre os dois se espalha pelo resto do grupo e o filme transfere ao espectador um sentimento de fraternidade ou de família escolhida.

O longa tem uma história simples, sem temas muito profundos, mas consegue cativar e divertir o espectador até o final. Para quem nunca ouviu sequer uma palavra sobre D&D, a experiência vale a pena.

Mas afinal, ele faz jus ao jogo?

Para quem já jogou D&D é importante ir ao cinema com uma coisa em mente, ou melhor, fora da mente: as regras. Honra Entre Rebeldes traz ao cinema todo o universo de Dungeons & Dragons, mas o faz de acordo com os moldes da sétima arte.

Isso significa que não é possível seguir as mecânicas do RPG. No longa, não existem turnos que duram 6 segundos, magias não têm limites de espaço e Forma Selvagem não precisa de descanso curto nem longo.

A melhor maneira de se apreciar o filme é esquecer as regras e suas especificidades. Dessa forma, o errpegista aproveitará muito mais as referências. E elas são muitas! Durante as duas horas de duração, o jogador tem a chance de reconhecer inúmeras magias, itens, locais, raças, personagens, monstros e mais.

Melhor do que isso, Honra Entre Rebeldes têm uma estrutura peculiar, que dá ao espectador-jogador a sensação de estar assistindo a uma campanha de D&D. Ao assistir, ele com certeza notará momentos de erro ou acerto crítico e existem até mesmo cenas onde é quase possível ouvir o mestre negar pedidos, bater na própria testa, rir ou revirar os olhos.

Honra Entre Rebeldes é sem dúvida uma excelente adição ao universo de D&D e é o mais próximo que o jogo já chegou de pular fora da imaginação dos seus jogadores para o mundo real. Com um final que dá indícios de sequência, esperamos que a história continue e os filmes melhorem a cada nova edição.

Texto por: Aquiles Rodrigues