“Despertar”, um reflexo da humanidade
Não deixando nada a desejar, Octavia E. Butler nos apresenta uma raça alienígena com características horripilantes – e mais humanas do que nunca.
Octavia E. Butler é considerada um dos grandes nomes da ficção científica. Sendo a primeira mulher negra a ter sido publicada no gênero, suas obras incluem A Parábola do Semeador e Kindred, gigantes destaques da ficção especulativa.
Em seu livro Despertar, conhecemos Lilith Iyapo, uma mulher que está sendo mantida cativa. Ela não sabe nada sobre onde está nem quem são seus captores, apenas sabe que, de tempos em tempos, ela é colocada por eles para dormir e, após um período incerto para ela, é Despertada. Quando seus captores são enfim revelados, se descobre que são uma raça alienígena de aparência repugnante chamada Oankali. Os Oankali resgataram os humanos após uma grande guerra devastar o planeta, e agora eles precisam da ajuda de Lilith numa importante missão: Despertar outros humanos para que eles possam retornar à Terra e colonizá-la novamente.
A primeira vista, parece uma história que já vimos várias vezes em diversas mídias, mas não é. O foco de Despertar não é uma construção de mundo mirabolante e naves espaciais de dimensões imensuráveis: são os conflitos que o confronto com uma espécie completamente diferente da sua causa.
De questões sobre o ato de consentir até manipulação genética, somos confrontados por todo o livro sobre as questões morais que atravessam a presença dos Oankali na vida de Lilith. No fim das contas, as questões que tanto nos incomodam durante a leitura sobre os alienígenas são questões que nos incomodam na própria humanidade.
Octavia E. Butler apresenta uma narrativa impecável, que, apesar de manter o livro em uma grande tensão do início ao fim, faz com que seja impossível largá-lo pela metade. Com os questionamentos levantados no fim de Despertar, é impossível não terminá-lo sem ficar pensando por semanas em seus personagens e conflitos.
O livro possui uma continuação, a qual estou ansiosa para ler. Pretendo me aventurar também nos demais livros da autora. Recomendo Despertar para todes aqueles que procuram uma ficção científica que, de fato, nos faça questionar nossa realidade.
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