Sequência do longa de 2021, “Duna – Parte 2” chega nesta quinta-feira, dia 29, aos cinemas brasileiros.

“Quem controla a especiaria, controla o universo”. A espera finalmente chegou ao fim e, nesta semana, Paul Atreides volta para as telonas em “Duna – Parte 2” e, já adianto, que este é um retorno triunfante em todos os sentidos.

Dirigido por Denis Villeneuve e baseado na obra de Frank Herbert, em “Duna – Parte 2” Paul (Timothée Chalamet) continua sofrendo com visões de um futuro que pode ser desastroso enquanto segue sua jornada ao lado de Chani (Zendaya) e dos Fremen em busca de vingança contra aqueles que destruíram sua família.

Quando a primeira parte dessa história foi lançada lá em outubro de 2021, muito se foi dito sobre ser um filme complexo, sem um clímax propriamente dito e com um tom extremamente introdutório que, por vezes, soava-se muito explicativo também, o que é justificável até certo ponto.  

Mas, apesar de visualmente e sonoramente entregar um trabalho impecável, ainda assim, sua densidade acabava tornando-o cansativo com suas mais de duas horas e meia de duração. 

Eu, como espectador e iniciante neste novo mundo, também senti todas essas questões na primeira vez que o assisti lá em janeiro de 2022. E, embora eu tenha ficado impactado com os visuais, preciso admitir que não consegui compreender muito bem a história que estava sendo contada naquele momento. 

Porém, ao revê-lo essa semana, a minha experiência foi completamente diferente, uma vez que consegui apreciar melhor a narrativa e, de fato, entendê-la.

Dito isso, eu não poderia estar mais empolgado para conferir, em primeira mão, o que Denis Villeneuve estava preparando para esse novo capítulo. E, absolutamente, todas as expectativas foram atingidas com sucesso e o cineasta ainda conseguiu elevar essa obra para um novo patamar.

Com a construção do universo bem estabelecida no seu antecessor, o roteiro de “Duna – Parte 2” consegue aprofundar e adicionar novas camadas aos personagens já conhecidos, além de introduzir os novos rostos com calma enquanto entrelaça todos esses destinos em direção a um mesmo caminho. 

Timothée Chalamet entrega um Paul Atreides mais seguro e confiante do papel que precisa desempenhar ao lado dos Fremen conforme o futuro vai sendo construído. Não é exagero dizer que muitas de suas falas no terceiro ato e a sua potência ao enunciá-las me arrepiaram completamente.

Zendaya, que teve uma tímida participação na primeira parte, agora enche as cenas com seu carisma, força e determinação, entregando uma das melhores performances desta produção. Enfim, podemos ver e entender um pouco mais sobre a história de Chani, assim como também descobrir qual é realmente o seu papel dentro da trama que está se desenrolando.

Além disso, a química que transborda quando esses dois estão interagindo é de encantar a qualquer pessoa.

Javier Bardem surpreende ao mostrar um lado mais leve e, arrisco dizer, até cômico quando comparado com o seu Stilgar tão taciturno mostrado no longa anterior. E que ótimo respiro é a presença desse personagem nessa continuação, com suas sacadas incluídas no momento certo e na medida certa. Mas não se engane que, por causa do surgimento dessa nova característica, ele perde sua firmeza e autoridade por que é muito pelo contrário.

Entre as novas adições do elenco, sem dúvida alguma, Austin Butler foi um grande acerto e se destaca com o seu psicótico e sanguinário Feyd-Rautha desde sua primeira cena. Todo o bloco dedicado à apresentação do seu personagem que, imageticamente, remove todo o tom solar do deserto e o substitui por tons monocromáticos, é genial. 

Além de nos manter tensos, nos faz ter a certeza de que nenhuma misericórdia pode ser esperada dele. É quase possível sentir a frieza que ele emana, é espetacular.

Se você teve receio de esbarrar com o  Barão Vladimir Harkonnen de Stellan Skarsgård por um corredor qualquer, eu te garanto que você vai querer uma distância maior ainda de Feyd-Rautha.

Também temos os retornos de Rebecca Ferguson, Josh Brolin e Dave Batista, ótimos em seus respectivos papéis e Florence Pugh, Léa Seydoux e Christopher Walker fecham esse casting colossal e talentosíssimo.

Partindo para questões técnicas, Villeneuve e o vencedor do Oscar Greig Fraser entregam novamente uma fotografia belíssima, conseguindo imprimir com facilidade toda a grandiosidade e a beleza de Arrakis. O visual é simplesmente estonteante e, quando unido a excelente trilha sonora composta pelo também ganhador do Oscar Hans Zimmer, o resultado é explosivo e arrebatador. 

Os cenários, figurinos e o design de produção impressionam pela riqueza de detalhes e a computação gráfica, especialmente dos vermes de areia que atingem tamanhos assombrosos, está bem renderizada, o que é um alívio quando comparado às outras produções dos últimos anos.

Sentiu falta de ação na parte 1? Pois se prepare para receber um banquete nesta sequência. As lutas são bem coreografadas e bem filmadas, tornando capaz que o espectador identifique os personagens envolvidos até mesmo durante uma tempestade de areia. 

Além disso, se você também sentiu falta de tensão e emoção na luta entre Paul e Jamis (Babs Olusanmokun) nos minutos finais do primeiro longa, eu te garanto que o embate final de “Duna – Parte 2” vai te deixar aflito e na ponta da poltrona do começo ao fim. 

Por último, mas não menos importante, preciso destacar também a sala IMAX do Espaço Itaú de Cinema – Pompéia que pode proporcionar o máximo de qualidade visual e sonora. Foi uma experiência épica e à altura desta produção.

Com 2 horas e 45 minutos de duração, “Duna – Parte 2” de Denis Villeneuve é um espetáculo cinematográfico de alta categoria e a mais pura definição do que o cinema é capaz de proporcionar para aqueles que amam essa arte.

Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.