
O lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares – A série de livros
Uma casa cheia de crianças místicas, ocultas, pelas fendas do tempo, dos terrores que as perseguem
O Lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares (no original: Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children) é um romance literária de seis volumes, escrita pelo americano Ransom Riggs. Os livros contam com um conceito narrativo bem interessante, que é a junção da narração com fotos. Por sinal, as fotos reunidas por Riggs são, na grande maioria, “curiosas”, bem antigas, de arquivos pessoais de colecionadores, mencionados nos livros.
Atenção: Haverá alguns spoilers porque vou comentar um pouquinho além do primeiro livro, mas nada gritante.
Do começo, conhecemos Jacob Portman, um jovem de 16 anos que teve uma experiência horrível, vendo seu avô ser assassinado por uma criatura com 3 línguas que ele não faz ideia do que fosse. Várias consultas psicológicas depois, ele e seu pai foram ao País de Gales para conhecer mais sobre o passado do avô e, quem sabe, seguir em frente. Porém, o antigo lar dele estava em ruínas.
Desolado, Jacob conheceu Emma, uma jovem com poder de controlar o fogo, e ela o levou de volta ao mesmo local das ruínas, só que por uma passagem específica, uma fenda temporal que os transportou à 1940. A casa destruída estava como nova e vividamente frequentada por uma dúzia de crianças que, assim como Emma, possuem habilidades especiais.

Essas crianças são chamadas “peculiares” e vivem sob a guarda da Srta. Peregrine, uma Ymbryne (mulheres que conseguem controlar o tempo e treinam para proteger crianças peculiares). Com essas descobertas, Jacob também aprende sobre os inimigos dos peculiares, os etéreos e os acólitos, que também foram responsáveis pela morte de seu avô, assim como descobre que ele mesmo é um peculiar, com uma habilidade rara.
O primeiro livro é bem introdução do universo e dos personagens mesmo, então aprendemos sobre as diferenças entre etéreos, acólitos; os poderes de cada criança peculiar do orfanato; Jacob começa a aprender sobre seus próprios poderes, etc. Então, o foco é mais no dia a dia desses peculiares nessa ilha do País de Gales, sendo que a rotina deles é, praticamente, a mesma.
"Eu tinha acabado de aceitar que minha vida seria apenas comum quando coisas extraordinárias começaram a acontecer comigo." - Jacob Portman
Como mencionei, eles estão numa fenda temporal, só que no livro, uma fenda só “captura” um período de 24h do dia, ou seja, quando o dia termina, ele se repete (tipo um dia da marmota). Um fato curioso é que a fenda deles, em específica, foi feita enquanto uma bomba caia na casa, ou seja, o dia sempre termina com a mesma bomba caindo. Ah! Não pensem que somente as fendas são antigas, as crianças também são, até porque, nas fendas elas não envelhecem, então se saírem delas e vierem para o presente, envelhecerão muito rápido.
Tem filme?

Bem, existe uma adaptação do primeiro livro para filme, de 2016, porém o longa não fez muito sucesso.
Eu mesma não curti muito, achei que deixaram de fora partes interessantes, além tirarem algumas das crianças/ trocarem os poderes delas pelo de outras, e como o primeiro livro é mais introdução, não vejo funcionando como filme, acredito que uma adaptação para série de televisão, com a pegada mais sombria que o livro sugere, daria mais certo.
Sério, qual foi a necessidade de trocar as personagens da Olive e da Emma? Colocar uns possíveis interesses amorosos que não existem ali? (Momento desabafo)
Pós lar da Srta. Peregrine
Após eventos do primeiro livro, o grupo de peculiares se vê obrigado a procurar uma nova fenda para morar, porque a sua colapsou. Dessa forma, vamos acompanhando eles nessa jornada entre fendas de diferentes épocas, fugindo dos monstros de sempre e passando por vários acontecimentos históricos na Europa.
Aqui, uma vez que fomos situados no universo, o Riggs começa a expandir ele, mostrando que existem fendas espalhadas pelo mundo, com toda uma comunidade de peculiares, além de uma ameaça muito maior por trás dos etéreos e acólitos, os controlando.
Senti que o nível do perigo aumentou, tanto porque as crianças estão correndo soltas (às vezes literalmente) pelas ruas, como porque não temos a proteção da Srta. Peregrine, como no primeiro livro (calma, ela não morreu, só está fora de combate). E essas crianças não sabem se virar sozinhas, até porque Ymbrynes são superprotetoras, então a Srta. Peregrine não costumava contar tudo para seus pupilos, ensinar a se defender ou atacar inimigos.

O conceito de peculiaridade em si, é bem interessante, porque pode se manifestar de diversas formas, então temos a Emma, por exemplo, com um poder realmente “útil” em combate, controlar fogo, como temos a Olive que flutua e é isso, ela não o controla, não consegue ficar no chão, se deixar Olive vai indo, tal qual um balão. Então os órfãos são bem distintos em suas peculiaridades, temos Enoch que ressuscita mortos; Hugh que é algo como uma “colmeia humana”; Claire tem uma boca atrás da cabeça; Jacob… (melhor ler o livro né).
E, assim como as peculiaridades, as personalidades dos personagens são bem distintas, até para não nos confundirmos, já que é bastante criança junta. E como temos 6 livros, houve casos em que comecei não curtindo muito a personalidade de alguns, nos primeiros, mas acabei me apegando a eles com o tempo. Assim como o Jacob, fui fazendo parte daquela “família” e o modo de agir de cada personagem se tornou natural.
Relações
Começando pelo protagonista, ele não tem uma relação muito próxima com os pais, com o passar dos livros isso não melhora, de forma que um grupo de crianças órfãs do passado acabou se tornando muito mais sua família do que seus pais jamais conseguiram ser. Não que ele tenha rancor dos pais, mas é meio comum esse descaso ao ter um filho peculiar, e o Jacob até que foi “tranquilo”, comparado com as histórias dos outros.

Jacob também mostra que existe amor no mundo peculiar, ele e a Emma começam a se envolver, mas com certa problemática, já que Emma, na verdade, era apaixonada pelo avô de Jacob. Não pensei que chegaria nos finalmentes, mas a relação dos dois não dura, então não crie esperanças, mas acredito que foi melhor. E uma nova personagem chegará futuramente para mostrar isso.
As crianças peculiares acabam discutindo mais com as Ymbrynes no geral por conta dessa atitude protetiva que esconde todos os perigos deles e os impede de ajudar, mesmo quando a ajuda se faz extremamente necessária. Sou adepta do movimento que o maior perigo é a ignorância, isso deixa o indivíduo muito mais propenso a sofrer algo, já que ele não está preparado, não é cauteloso, porque não sabe de nada.
Saindo do eixo europeu, nos últimos livros conhecemos os clãs de peculiares norte-americanos que, segundo o conselho de Ymbrynes, não são civilizados, estão sempre tentando tomar os territórios uns dos outros. E claramente que os norte-americanos também não se dão bem com as Ymbrynes, imagine aceitar trabalhar juntos em prol de salvar o mundo peculiar (só comento até aqui, mas são todos desdobramentos rolando desde o segundo livro).
Conclusões
Para quem acompanhou a saga desde o começo, devo dizer que fiquei surpresa com a continuação depois do terceiro livro porque senti que a história tinha se fechado ali, um arco tinha se completado. Até demorei um pouco para engatar de novo depois disso, o quarto e quinto livro, para mim, tinham capítulos muito bons, mas também tinham alguns que penei para passar. O último livro eu engoli porque, né, conclusão, luta final, vamos derrotar o último boss!
Gostei da conclusão da história, só senti que as lutas tiveram muitas preliminares, mas quando chegou na coisa em si, foi muito rápido, talvez eu esteja vendo anime demais, também. Agora, se tem uma coisa que amo no conjunto da obra inteira é a ambientação, adoro histórias de alguém voltando no tempo. Adoro ler a descrição dos cenários, das roupas, o choque de cultura entre os personagens. Meu tipo de leitura!

A série de livros foi publicada no Brasil pela editora Intrínseca, na seguinte ordem:
I. O Lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares;
II. Cidade dos Etéreos;
III. Biblioteca de Almas;
IV. Mapa dos Dias;
V. A Convenção das Aves;
VI. As Desolações do Recanto do Demônio
Então, não direi que não é uma jornada longa, seis livros não são para qualquer um, mas é realmente intrigante e, tão intrigante quanto a própria história, são dezenas de fotos espalhadas em todos os livros. Como dica, acho que não vale a pena conferir o filme para definir se a história é boa ou não, antes de ler o livro. Não vá pelo filme, vá direto no livro, por favor.
Por: Letícia Vargas
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