Passarela de sonhos para alguns e pesadelos para outros
“Quem te vê sorrindo de dia não sabe das lágrimas que chora em seu travesseiro toda a noite“
Passarela de Sonhos (ou ‘Records of Youth’) é um dorama sul-coreano que, assim como o nome sugere, foca na busca por seus sonhos, mas sem deixar de lado, claro, aquele romance de aquecer o coração que esse tipo de dorama pede.
Sa Hye-joon (Park Bo-gun) é um modelo desconhecido na indústria do entretenimento e que sonha em se tornar ator, mas os perrengues perseguem o rapaz que acaba tomando um calote de seu agente e não consegue fazer sua carreira engatar.
Para completar, não tem o apoio da família, que vive falando para ele desistir e procurar um trabalho de verdade, se alistar no exército. Seu avô é o único que o apoia de todo o coração e, depois de um tempo, sua mãe começa a mostrar maior interesse no sonho do filho. Ainda assim, esse jovem humilde resiste as adversidades, sempre com otimismo, e recupera-se lá na frente.
Enquanto uns sofrem, outros se banham à luz dos holofotes, como é o caso de seu amigo de escola, Won Hae-hyo (Byeon Woo-seok), que teve sempre o apoio de sua mãe, mexendo os pauzinhos para ele subir na vida facilmente (dinheiro compra tudo). Todavia o mesmo não sabe o quanto sua mãe influência sua carreira por trás dos panos (iludido, coitado).
Por fim, mas não menos importante, temos Ahn Jeong-ha (Park So-dan), uma moça realista, que gosta de estabilidade, mas largou seu emprego de escritório para se tornar maquiadora profissional (e fã do Hye-joon nas horas vagas). É graças a seu emprego no salão que ela tem a oportunidade de conhecer os dois rapazes que mudarão sua forma de viver e ajudarão em seus sonhos, também.
Outros personagens acabam ganhando destaque no começo, mas depois que a carreira do Hye-joon alavancou, os personagens mais próximos a ele ou que interferem diretamente em sua vida que acabaram ganhando mais destaque, como seu amigo Kim Jin-woo (Kwon Soo-hyun), sua família, sua nova agente, entre outros.
A Ascensão de Hye-joon
É interessante como ele acaba ganhando espaço na mídia, até que rápido, e conquistando o coração de todos. Em contrapartida, Hae-hyo que já tinha uma “carreira de sucesso” começa a perceber que está estagnado, perdendo relevância, o que abala completamente sua autoestima. Enquanto ele era chamado para tudo e o Hye-joon estava na merd*, estava tudo certo. Agora que os papéis se inverteram, ele viu como dói.
Outro fator abordado é que, após alavancar sua carreira, Hye-joon começa a ser atacado por notícias escandalosas sobre sua sexualidade, seu possível envolvimento com um estilista famoso. O lado ruim da fama que, além de denegrir sua imagem, vai retirando sua liberdade e gerando conflitos em seus relacionamentos.
O Romance
Primeiro de tudo, adore a química entre o casal e o tipo de relação que Hye-joon e Jeong-ha construíram. As conversas entre os dois são leves e francas, e o desenvolvimento da relação flui sem enrolação ou de forma muito dramática.
Era de aquecer o coração ouvir eles elogiando um ao outro, compartilhando o que gostam e detestam, e sem vergonha ou rodeios para dizer um simples, mas significativo “eu te amo”.
Fiquei apreensiva com a possibilidade do drama do triângulo amoroso, ainda mais porque o Hae-hyo, de fato, se apaixona pela Jeong-há, também. Ainda assim, ele nunca teve a má índole de estragar o relacionamento do casal, nunca nem chegou a confessar seus sentimentos a nenhum dos dois (fiquei com pena, mas ainda bem).
Um fato curioso, vários episódios usufruíram de um “truque” onde era encaixado algo a mais em cena, sem que a gente entendesse, mas quando esse “algo a mais” volta à tona, é para abalar de forma significativa a história. Essa é uma técnica conhecida como foreshadowing*
Considerações
Se tem uma coisa que eu, particularmente, não gostei foi de ter apenas 16 episódios. Houve pontas que ficaram soltas, em relação aos coadjuvantes, principalmente, e que mais alguns episódios resolveriam.
A própria Jeong-ha sumiu de cena certo momento. Queria ter visto ela lidando melhor com a forma de pensar de sua mãe, colocando a senhora em seu devido lugar. Mesmo o maior trauma dela, que era não querer depender de alguém por conta da relação de seus pais, parece que foi “resolvido” de forma muito rápida (ou esquecido, também). Seu avanço na carreira também poderia ter sido mais apresentado e, falando em apresentação… Cadê ela conhecendo a família do Hye-joon?
Só ficou na promessa e eu só na expectativa, teria sido uma cena interessante, mas nunca aconteceu, poxa.
O final pareceu um tanto corrido, exatamente porque tinha muito o que se resolver no último episódio, então as resoluções eram feitas de forma rápida, nem tudo foi resolvido e o grand finale ficou em aberto para interpretação, o que não é ruim se feito de forma pensada, não sei se foi o caso aqui ou se foi apenas porque precisavam terminar a história de qualquer jeito.
Acredito que, apesar de ter se perdido um pouco na história, é um dorama leve e divertido, nem vemos o tempo passar e nos apegamos aos personagens. Passarela de Sonhos está disponível na Netflix, inclusive com dublagem em português, para quem prefere.
Por: Letícia Vargas
*Referência: https://pt.wikipedia.org/wiki/Foreshadowing
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