Psycho Pass – O sistema “perfeito”
O que seria uma sociedade futurista ideal e sem violência?
Primeiro de tudo, tirem as crianças do recinto porque Psycho Pass é um seinen, traduzindo, um anime voltado para o público adulto por conter temas complexos e pesados. Se tem uma coisa que esse anime te provoca é a reflexão sobre crime e punição, além do avanço tecnológico absurdo.
Situá-lo-ei na história. Ela se passa em um mundo bem tecnológico (futuro, talvez), onde todos são julgados e “classificados” por um sistema eletrônico, o Sybil, que analisa o estado mental das pessoas, o seu “psycho pass”. Isso quer dizer que, se você ultrapassa um determinado nível de estabilidade mental (acima de 100, por exemplo), você é considerado um criminoso em potencial, mesmo não tendo cometido qualquer crime e a polícia, baseada no sistema Sybil, toma as ações cabíveis, seja te encaminhar para tratamento, te prender ou, até mesmo, te executar.
Todavia, jovens, dentro da própria polícia existem pessoas com coeficiente criminal alto que trabalham como executores, ou seja, eles fazem o trabalho sujo de pegar os criminosos sob ordem dos inspetores (assim o próprio psycho pass deles não escurece), podendo até portar as armas especiais, chamadas de “dominators”, que só efetuam disparo se o sistema reconhecer o alvo como criminoso (se atente a isso que é importante). Adeus as pré-históricas armas com balas.
Dentro de tudo isso, conhecemos a protagonista, Tsunemori Akane, uma policial recém transferida para uma divisão policial, de forma que ela, e nós, somos introduzidos a forma de trabalho da polícia e aos demais personagens, como o Kogami Shynia, nosso protagonista masculino, um ex-inspetor que acabou adquirindo um psycho pass altíssimo e se tornou executor.
Depois dessa bíblia de introdução, vamos ao que interessa.
O primeiro episódio de Psycho Pass já começa de uma forma bem diferente, sendo que as primeiras cenas remetem a um futuro confronto que vai rolar só mais pra frente no anime, entre o Kogami e o vilão dessa história, Makishima Shogo. Tudo bem breve, voltamos para o presente com a inspetora Akane resolvendo seu primeiro caso e, de certa forma, falhando miseravelmente por não concordar com essa história de execução do criminoso como única solução. Temos aí já uma entrada para reflexão usando uma frase conhecida: bandido bom é bandido morto?
No dia a dia da protagonista, vamos notando como esse sistema é, praticamente, um grande Big Brother, te observando, sempre atento ao seu estado mental. Se por um lado, isso passa a sensação de segurança para as pessoas, que sabem que o sistema não falha e que elas não precisam desconfiar de ninguém, por outro nos faz questionar se essas pessoas não seriam reféns do sistema, uma vez que, se você sofrer um estresse muito grande ou algo do gênero, seu próprio coeficiente criminal pode ficar escuro. Sua maior preocupação na vida passa a ser não elevar seu coeficiente criminal.
Várias coisas vão acontecendo no anime e deixando Akane meio com o pé atrás em relação ao sistema, se ele realmente é eficaz e não comete erros. E, também, o impacto que essa tal “segurança” causa nas pessoas, deixando-as até meio insensíveis com o que acontece ao redor delas. Um dos grandes mistérios de tudo isso é Makishima Shogo. O cara, apesar de todas as suas ações, não tem o psycho pass manchado, ou seja, o sistema não consegue julgá-lo.
Psycho Pass possui 3 temporadas, com 41 episódios no total, além de 3 filmes que se passam antes da última temporada do anime. A história é uma produção original do estúdio Production I.G e foi inspirada em vários livros e filmes, como Blade Runner (1982). Aclamado pela crítica pelo alto nível de interesse e como anime de thriller mais icônico, Psycho Pass ganhou versões para mangá, light novel e vídeo game. Atualmente as duas primeiras temporadas se encontram disponíveis na Netflix.
A primeira temporada de Psycho Pass, além de introduzir a história e o passado dos personagens, foca mais nesse confronto entre o Kogami e o Makishima, e nesse dilema do porque o sistema que não falha, é incapaz de julgar um criminoso tão óbvio (se até você fica frustrado, imagina a inspetora quando o cara pega a amiga dela como refém).
Na segunda temporada, temos novas reviravoltas e novos personagens, com um foco maior na Akane, agora uma inspetora experiente, responsável por treinar outra novata que não confia em seu julgamento. Já a terceira temos mais personagens novos e com uma nova dupla de detetives como protagonistas e um final com gostinho de quero mais. Isso porque os três últimos episódios foram compilados em mais um filme (First Inspetor).
Conclusão: as vezes nós queremos assistir um anime mais engraçado e leve, mas às vezes precisamos assistir a esse tipo de anime que te tira da sua zona de conforto, que te faz questionar e se incomodar com tudo que está acontecendo. Só uma dica: não se apegue muito aos personagens de Psycho Pass.
Mas e aí, será que um sistema como o Sybil realmente é eficaz e não comete erros?
Fica aqui o questionamento e a indicação para um ótimo anime.
Por: Letícia Vargas
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