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Por: Galbi Junior 15/09/2022
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Filme “Quebrando Mitos” estreia em 16 de setembro

Os responsáveis pelo filme são Fernando Grostein Andrade e Fernando Siqueira

No documentário “Quebrando Mitos”, o cineasta Fernando Grostein Andrade divide a direção com o ator e cantor Fernando Siqueira, o paulistano de 41 anos destrincha a masculinidade frágil e catastrófica de Jair Bolsonaro, através de um olhar biográfico.

O filme tem estreia prevista na página www.quebrandomitos.com.br no dia 16 de setembro, e investiga ainda como o governante, cuja candidatura era antes considerada por muitos uma piada, usou o ódio aos LGBTQs como alavanca eleitoral para pavimentar o seu caminho ao poder.

A sinopse oficial de “Quebrando Mitos” diz: “Quebrando mitos” revela a masculinidade catastrófica e frágil de Jair Bolsonaro sob o ponto de vista de um casal LGBT – o cineasta Fernando Grostein Andrade (“Quebrando o Tabu”, Coração Vagabundo”, “Abe”) e o ator e cantor Fernando Siqueira. Depois de ameaças anônimas por conta de críticas de Andrade à homofobia de Bolsonaro, o casal parte para a California e decide fazer um documentário que mistura biografias com a resistência ao fascismo no Brasil.

Quebrando Mitos

Desde que lançou o documentário “Quebrando o Tabu” (2011), no qual defende que o tema das drogas deveria ser tratado como questão de saúde e não com punição criminal, o cineasta Fernando vem sofrendo ataques de ódio.

As ameaças aumentaram em 2017, quando assumiu publicamente a sua orientação sexual no vídeo “Cê Já Se Sentiu um ET?”, veiculado em sua página de YouTube. No curta de 15 minutos, ele expõe de forma bem-humorada o seu processo de auto aceitação com o intuito de ajudar outras pessoas reprimidas em situação semelhante à que viveu.  

Em 2018, entretanto, a hostilidade chegou ao limite. Por conta de críticas ao então candidato presidencial Jair Bolsonaro, recebeu uma mensagem que o advertia a parar de falar de política, caso contrário “o seu velório seria com o caixão lacrado”. A ameaça à sua segurança, somada a um longo histórico de intolerância, assédio e acusações, foi o estopim para a sua decisão de deixar o país.

Sobre o assunto, Andrade diz:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem tinha feito o filme Quebrando o Tabu, me botou em contato com um advogado que apontou risco à minha segurança e relatou que setores do judiciário e da polícia estavam comprometidos com células de ódio. Disse também que era melhor eu ficar quieto, mas isso é impossível para uma pessoa que é conhecida pelos amigos como um ‘sincericida‘”.

Cerca de dez meses depois de se mudar para Los Angeles, em 2019, sentiu-se na obrigação de fazer um filme contra as posições do governante, já que, segundo ele, “o privilégio vem acompanhado de responsabilidade”.

No documentário, que tem co-direção da finlandesa Claudia Virkkila, o diretor revela suas fragilidades em primeira pessoa, com o propósito de estimular e ampliar a discussão entre LGBTQs e seus familiares, além de aproximar indivíduos com visões políticas distintas, ajudando indecisos a votarem conscientemente. 

Andrade, que foi nomeado Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial, em 2019, ainda afirma:

Grande parte dos LGBTQs têm uma família conservadora e vice-versa. Debater é sempre bom, porém é fundamental qualificar o debate. Para o filme, fizemos uma ampla pesquisa, bem como uma profunda reflexão, e é essa a nossa contribuição às famílias e eleitores”.

O documentário traça um paralelo entre a vida de Andrade e a de Bolsonaro, alternando material de arquivo com novas imagens e entrevistas com políticos, jornalistas, pensadores, líderes sociais e ativistas, além de amigos de infância e pessoas próximas ao presidente em exercício.   

Ao terminar o primeiro corte, o cineasta consultou colegas de confiança do meio audiovisual, como o cineasta Sérgio Machado e o compositor Antonio Pinto, responsável pela trilha sonora do projeto de “Quebrando Mitos”, pois ficou com a impressão de que o resultado estava sombrio demais.

Relembrando sobre o começo de “Quebrando Mitos”, o cineasta continua: 

O filme começou totalmente focado na história e vida do Bolsonaro e acabou ficando muito difícil de assistir. Ficou pesado, tinha muita desgraça, muito ódio, muita coisa negativa. O Sérgio e o Antonio sugeriram que houvesse mais cenas delicadas, e o Fernando (Siqueira) achou que essa delicadeza deveria se expressar através da ênfase na resistência e na vida LGBTQ”.

Após finalizar a versão inicial do filme, o diretor teve um burnout e achou mais prudente fazer uma pausa. No período, encontrou no piano um refúgio e começou a fazer música com Fernando Siqueira. O que era para ser algo despretensioso transformou-se em um álbum de 13 faixas, atualmente em pós-produção. Uma delas, a música sobre exilio “California”, criada por Siqueira, foi adaptada para o documentário “Quebrando Mitos”.

O diretor também fala de forma mais aprofundada sobre a trilha sonora de “Quebrando Mitos”.

A maior parte das músicas são compostas pelo Fernando [Siqueira], que toca piano e violão. Eu também compus algumas canções no teclado e, como estudei Engenharia de Som, por conta própria, fiz a produção musical. California não foi feita especialmente para o filme, mas sentimos que se encaixava perfeitamente e acabou sendo um dos destaques da trilha”.

A segunda versão do longa-metragem começou a tomar corpo quando Siqueira ,que estudou roteiro na USC (University of Southern California), direção em cursos no Instituto de Sundance, atuação no William Esper Studio e mídias sociais no MIT (Massachussetts Institute of Technology), se aproximou e apontou a câmera para o cineasta. 

Assim, Siqueira falou a respeito de seu trabalho com diretor Andrade:

A minha geração tem orgulho de ser queer. Eu cresci com muito mais referências LGBTQs na minha infância e adolescência. Isso tem muita força. Desde que filmamos o ‘Cê já se sentiu um ET?” eu vejo o Fê (Andrade) se sentir cada vez mais confortável em ser quem é. Acho admirável o quanto ele se propõe em desafiar as ‘normas’ que foram impostas pela geração dele”.

“Quebrando Mitos” é produzido pela Film Soul, nova produtora de Andrade, o longa-metragem contou com uma série de contribuições ao longo do processo de três anos de concepção. O roteiro é de Carol Pires (“Democracia em Vertigem”, Greg News”), jornalista especializada em política na América Latina, criadora e apresentadora do podcast “Retrato Narrado – Bolsonaro” (2020), que busca entender como o governante conseguiu se tornar presidente do Brasil.

O time de montagem, por sua vez, traz experientes nomes do segmento, como Helio Villela, Suzanne Spangler, Silvia Hayashi, Arthur Andrade e Doug Abel, também produtor executivo de “Quebrando Mitos”, que editou os premiados projetos “A Máfia dos Tigres”, “Sob a Névoa da Guerra” (vencedor do Oscar de Melhor Documentário) e “Farenheit 11 de Setembro”.

Andrade finaliza dizendo:

A contribuição que eu faço com esse filme é o resgate da essência em detrimento da aparência e para isso precisamos olhar para a estrutura. É um pedido para retomarmos o eixo da esperança, da luz e da construção, ao invés do eixo do ódio e do medo”.


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