Zona de Interesse ou desinteresse?
Concorrendo a 5 Oscars, Zona de Interesse, de Jonathan Glazer, chega aos cinemas de todo o Brasil
Zona de Interesse é um drama passado na Alemanha, em pleno regime nazista, mostrando o cotidiano de uma família que é vizinha do campo de concentração de Auschwitz e… é isso.
Calma, vamos explicar. Contextualizando mais, o pai dessa bela família de comercial de margarina, Rudolf Hoss, é um comandante do exército alemão, que trabalha no campo de concentração de Auschwitz, de forma que sua família tem uma bela residência, literalmente, colada ao muro do campo de concentração. Nesta bela casa, vivem ele, esposa e seus 5 filhos, além de termos empregadas que vão e vem.
O filme vai mostrando o dia a dia da família, com as crianças indo para escola ao som de disparos de armas, a esposa cuidando do jardim com gritos agonizantes à distância, a “bela” paisagem noturna que fica bem iluminada com o fogo saindo da fornalha onde cremam corpos, fuligem, fumaça, etc. E, em meio a tudo isso, essa família não teria como estar mais plena e feliz com sua vida. Sentiu algo de errado?
Primeiro de tudo, vale o aviso de que o filme demora um tantinho para começar, no sentido de que ficamos, na sala de cinema, encarando uma tela preta, apenas com trilha sonora por alguns minutos. A narrativa acontece lentamente, com cenas bem longas, apenas mostrando alguma atividade da família ou na casa deles. E esse é o ritmo que dita o filme inteiro, não temos plot twists, mudança de narrativa e, principalmente, não temos visão direta das pessoas presas no campo de concentração, sofrendo os horrores pelo qual a Alemanha ainda é lembrada.
Claramente, trazer o conceito de normalidade para um cotidiano desses, onde você acorda com tiros e dorme ao som de gritos, sem se importar, é uma forma de fazer com que a gente estranhe tudo que acontece ali, de mostrar como as famílias que apoiavam o regime de Hitler viviam suas vidas, inabalados, comentando sobre uma vizinha, que foi levada, ou sobre pertences de outras pessoas que foram tomados e leiloados/doados, só por elas serem judias.
Sim, é um filme complexo, é um filme com nuances, com camadas, mas são 90 minutos apenas disso. Entendo a necessidade de criticar a normalização da barbaridade que acontecia na época. Dá para relacionar até com os dias atuais, onde vemos notícias horríveis nos telejornais e só aceitamos como “o mesmo de sempre”. Ainda assim, fiquei esperando por alguma reviravolta, qualquer coisa para tirar a história da monotonia e saí de lá sem respostas para várias passagens, além de chocada como acabou abruptamente.
Claramente o filme tem e terá seus fãs, eu, apenas, não sou um desses fãs. Fiquei desinteressada e, com toda certeza, não é a minha torcida para o Oscar de melhor filme Não sou crítica de cinema, nem nada, apenas uma consumidora de filmes, mas cada um com seus gostos.
Baseado no livro de Martin Amis, Zona de Interesse está disponível nos cinemas de todo o Brasil e concorre a 5 Oscars: Melhor Som, Direção, Roteiro Adaptado, Filme Internacional e, o mais importante da noite, Melhor Filme.
Por: Letícia Vargas
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