Além do Romance: Filmes de Terror com Protagonistas LGBT
Conheça os longas “Rift” (2017) e “O Que Nos Mantém Vivos” (2018)
Estamos no mês do Orgulho e como já é esperado, você já deve ter encontrado uma dúzia de listas por aí indicando diversos filmes LGBT para serem conferidos. Listas que normalmente possuem os mesmos longas já tão conhecidos pelo público e que, pra quem faz parte da comunidade, já deve ter assistido, no mínimo, algumas muitas vezes.
Por vezes, adicionam um ou outro título recém-lançado pra dar um “ar” de novidade, mas no geral, as indicações se resumem as mesmas e quase sempre focadas no gênero de romance ou drama.
Então, hoje, eu também resolvi indicar dois filmes LGBTs para que você, caro leitor, possa conferir caso deseje. Porém , as indicações a seguir saem um pouco da curva do que já é expressivamente divulgado. Nos próximos parágrafos, eu vou apresentar dois longas que eu descobri recentemente em que o foco está no suspense e no terror.
Sim, eu sei que ainda faltam quatro meses para o Halloween, mas é bom tomar um sustinhos de vez em quando e não precisamos esperar até outubro pra isso, não é mesmo? Então sem mais delongas, vamos lá.
O primeiro filme que vou citar é uma produção da Islândia e que vai te deixar no mínimo intrigado conforme a história for sendo contada. Acho importante deixar registrado desde já um alerta de gatilho aqui sobre ele, já que a trama aborda o tema de abuso sexual em certo ponto.
Lançado em 2017, o terror psicológico “Rift” (“Rökkur”, no original e “Crepúsculo”, aqui no Brasil) conta a história de Einar (Sigurður Þór Óskarsson) e Gunnar (Björn Stefánsson), dois rapazes que no passado tiveram um relacionamento, mas que agora estão separados. Até que no meio de uma madrugada, Einar entra em contato com Gunnar dizendo coisas sem sentido junto a uma localização conhecida.
Conhecendo o ex e sabendo de seus problemas com álcool e outras questões ainda mais sérias, faz com que Gunnar vá ao encontro de Einar em uma antiga casa de campo para garantir que ele está seguro. E é a partir daí que eles percebem que podem não estar tão sozinhos quanto imaginam.
Como eu disse há pouco, esse filme me deixou intrigado desde o seu começo. É possível notar uma tensão na história desde o inicio, nos passando a sensação de que algo de errado está acontecendo, mas não nos deixando identificar logo de cara, aumentando a nossa curiosidade e nos deixando presos a narrativa.
Conforme o desenrolar, você vai entendendo aos poucos os motivos pelos quais o relacionamento de Einar e Gunnar chegou ao fim e em como traumas do passado podem interferir nos seus futuros relacionamentos caso não seja dada a devida importância ao acontecimento, por mais difícil que seja encará-los em um primeiro momento.
Sim, o longa conta com um ou outro jump scare durante as quase 2h de duração e, apesar de já esperarmos por algo assim por causa do gênero e tudo mais, aqui ainda conseguimos ficar surpresos quando ocorre graças à trilha sonora genial que, unida a cena, intensifica o impacto nos garantindo pelo menos aquele famigerado frio na espinha.
Então, para não entrarmos na perigosa zona dos spoilers, o final pode ser um pouco confuso e te fazer perguntar “o que raios aconteceu aqui?”, mas ainda assim vale a pena ser conferido pela fotografia belíssima e justamente por fugir um pouco do que já estamos acostumados em ver filmes LGBTs.
O segundo título que vou comentar aqui também se passa em uma cabana no meio do nada, mas dessa vez, o perigo está muito mais próximo do que o filme anterior (e visualmente, muito mais exposto também).
Em “O Que Nos Mantém Vivos” (What Keeps You Alive, no original) nós acompanhamos a história de Jackie (Hannah Emily Anderson) e Jules (Brittany Allen), duas mulheres que decidem comemorar o primeiro ano de casamento em um bosque afastado da cidade, mas que, ao chegar lá, vão perceber que essa festa vai virar, literalmente, um enterro.
Com muito sangue, esse longa canadense realmente me surpreendeu. Primeiro pela atuação. Hannah Anderson tem uma expressão corporal ótima e, em conjunto com Brittany Allen, a química explode na tela. As duas estão incríveis em seus papéis e conseguem passar para o público toda a instabilidade, urgência e até mesmo desespero na dose certa que essa história precisa.
Tudo bem que existem algumas atitudes bem questionáveis de uma das personagens na parte final do filme? Sim, existem. Você vai ficar com raiva dessas atitudes? Provavelmente. Mas conforme você for entendendo o porquê essas escolhas foram tomadas, vai se tornar mais fácil de digerir e você vai voltar a ficar com a mesma empolgação que você sentia até aquele momento.
Diferente de “Rift”, aqui as coisas vão escalonando de maneira rápida, mas nem por isso o desenvolvimento da trama ou dos personagens é afetado de forma negativa. Pelo contrário, essa rapidez nos instiga ainda mais e nos leva a pensar “se em meia hora de filme já aconteceu tudo isso, o que mais essa história pode me oferecer na 1 hora restante?” e conforme os minutos forem passando você vai entender que sim, ainda tem muita coisa a ser explorada.
E não posso deixar de mencionar aqui, toda a sequência envolvendo luz negra que, apesar de ser totalmente bizarra levando em conta o contexto da cena, se analisada a partir do ponto de vista audiovisual, se torna uma sequência simplesmente fantástica.
Então, tenha consciência de que, ao assistir “O Que Nos Mantém Vivos”, você estará curtindo um filme com uma ótima fotografia, com paisagens grandiosas e cenários impecáveis, com personagens sendo levados ao seu limite enquanto tentam sobreviver, além de um trabalho de direção muito bem desenvolvido.
Esses foram os dois longas que eu achei que seria interessante trazer hoje aqui pra resenha e, pra finalizar, se você puder assistir um deles (ou os dois), faça isso por que você terá algumas boas horas de entretenimento com eles, além de ter a chance de conferir o protagonismo LGBT por um olhar diferente e em um gênero ainda pouco explorado com essa comunidade.
Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.
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