O diretor Peter Sohn e produtora Denise Ream comentam os temas do filme e revelam curiosidades de bastidores

Em cartaz nos cinemas, Elementos, da Disney e Pixar, é um novo longa-metragem original ambientado na Cidade Elemento (Element City), onde vivem habitantes dos elementos fogo, água, terra e ar. A história apresenta Faísca, uma jovem com uma personalidade forte, perspicaz e impetuosa, cuja amizade com Gota, cara divertido, sentimental e que deixa a vida o levar, desafia suas crenças sobre o mundo em que vive e a pessoa que ela deseja ser.

“E se os elementos que conhecemos fossem seres vivos?”, questiona o diretor Peter Sohn. É fácil imaginar o vento tendo uma atitude ou o fogo ficando bravo. Um punhado de flores felizes poderia iluminar o dia de um pote de terra solitário. E a água pode estar calma e tranquila em um dia e correndo no dia seguinte.

Pensando no conceito do filme, Sohn explica que a história, que é muito pessoal para ele, começou com o desenho de um personagem de fogo interagindo com um personagem de água. Ele imaginou uma amizade inesperada entre eles – um relacionamento que certamente despertaria estranheza, diversão e confusões engraçadas. “Comecei me baseando no meu relacionamento com minha esposa – sou coreano e ela é americana, de ascendência italiana”, conta o diretor. “No início, escondi o relacionamento dos meus pais, porque eles – à moda antiga – queriam que eu me casasse com uma coreana. As últimas palavras da minha avó foram literalmente: ‘Case-se com uma coreana!’”.

Os pais de Sohn finalmente mudaram de ideia e descobriram que tinham muito em comum com a família de sua futura nora. Eles também inspiraram outro aspecto importante da história, segundo o diretor. “Trata-se de ver nossos pais como seres humanos. Entendê-los faz com que apreciemos os sacrifícios que eles fazem por seus filhos. Meus pais emigraram da Coreia no início dos anos 1970, então nasci lá e cresci com as tradições, língua e cultura coreanas na cidade muito americana de Nova York. Isso levou a alguns choques culturais ao longo do caminho, entre a primeira e a segunda geração. Eu não valorizava as experiências e dificuldades que eles devem ter enfrentado.”

Assim como Sohn, Faísca é uma imigrante de segunda geração, pois seus pais vieram da Terra do Fogo (Fireland) para a Cidade Elemento, onde a garota nasceu e foi criada. “Ela passa por uma jornada de compreensão de sua própria identidade e, com isso, do significado do que seus pais lhe haviam dado”, conta o diretor.

Um ponto marcante da jornada de Faísca – e, de muitas maneiras, o ímpeto para isso – é uma amizade divertida e fatídica com um cara do elemento água chamado Gota. “No começo, Faísca desdenhava da cidade, mas Gota a ajuda a se apaixonar por tudo que o lugar tem a oferecer”, conta Sohn. “Encontramos maneiras de apresentá-la à cidade, como acontece em algumas das minhas comédias favoritas, oferecendo oportunidades para risadas.”

Situado em uma cidade que reúne elementos de diferentes origens, Elementos demonstra que os opostos de fato se atraem. “É uma comédia cheia de emoção”, comenta a produtora Denise Ream. “É uma história sobre relacionamentos – entre Fogo e Água, entre pais e filhos e entre todos nós e nossos vizinhos que podem não se parecer conosco. É comédia por um lado e história de família e choque cultural por outro.”

Segundo Ream, mais de 100 imigrantes de primeira ou segunda geração da Pixar se reuniram para compartilhar suas experiências com os cineastas. “Foi fenomenal”, diz Ream. “A maioria de nós, onde quer que estejamos, vem de outro lugar. Ouvimos muitas histórias emocionantes sobre o que as pessoas passaram para se mudar para cá, as experiências de suas famílias. Não acho que seja possível explicar de fato o impacto de algo assim em uma história.”

Elementos está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.