A última cena [epitáfios] faz mergulho profundo em nosso medo de morrer
A peça online estreou no dia 1º de abril pelo Zoom e faz temporada de quinta a domingo, às 20h30 até dia 11 do mesmo mês.
A ÚLTIMA CENA [epitáfios] tem o roteiro e direção de Flávia Melman e os cavaleiros Antônio Januzelli (Janô), Sebastião Braga (Tião), Fernando Bolognesi (Nando) e Osmair Cândido (Fininho) no elenco, a peça online possui um tema considerado como tabu, sendo ela a morte nos coloca diante de uma realidade inexorável: o fim. E, no conflito com a vida, seguimos lutando para evitá-lo: o fim da vida, o fim das diferenças, o fim de ciclos, o fim de barreiras. Assim, falar da morte pode nos levar a compreender e redimensionar a ideia de finitude.
A ÚLTIMA CENA [epitáfios] reúne no palco virtual pessoas (atores e não atores) com realidades e experiências diversas e que expõe ali os abismos sociais e afetivos que os separariam. Antônio Januzelli (Janô), um senhor de 80 anos, professor de teatro; Osmair Cândido (Fininho), coveiro e filósofo; Fernando Bolognesi (Nando), palhaço e ator e Sebastião Braga (Tião) um cineasta. Nesse encontro, íntimo e improvável, por meio de uma roda de conversa, tratam de suas experiências diante de um tema tabu: o medo de morrer.
Flávia Melman, diretora, roteirista e idealizadora do projeto conta que o que se pretende nesse encontro não é tratar o medo da morte para dissipá-lo. “Pelo contrário, a ideia é tratar desse medo para revelá-lo, ou seja, para trazer à superfície o que está profundamente assolado pelo [simples] medo de morrer. Apostamos na ideia de que a consciência sobre o medo da morte pode mudar nossa relação com a vida, de modo que o presente poderia ser vivido com menos ansiedade por um futuro incerto ou de arrependimentos pelo passado”, diz a diretora, que completa:
“O fato de estar vivo é já em si, o belo, para inverter o pensamento em relação à vida: não acumular vida, ou seja, riqueza ou produto, mas vivê-la; e que essa atitude possa trazer transformações possíveis de efeito imediato na sociedade. Tratar da morte como algo que caminha ao nosso lado, de mão dadas, como companheira; e mais, tratar do nosso medo de morrer, e com isso procurar uma proximidade conciliadora entre as pessoas e diminuir o abismo que existe entre as relações humanas”.
Com a pesquisa avançada e ensaios iniciados em maio de 2020, Flávia, junto com sua equipe desenvolveu 4 roteiros. Cada cavaleiro tem um episódio específico. Ou seja, são quatro roteiros diferentes, com o mesmo formato, mas cada dia um jogador está em foco. “A presença dos quatro jogadores é protagonista da cena. O que intensifica a materialidade da cena são seus corpos, suas cores, suas vozes, suas histórias, suas intimidades, conta Flávia.
“O cenário é simples e concreto, pois não pretende revelar outro ambiente que aquele que está presente diante do espectador: a casa de cada um, seu íntimo, seu lugar seguro. Sempre iluminados e com a possibilidade de se movimentar naquele espaço que a câmera consegue acolher. Estão vestidos com as roupas as quais gostariam de ser escolhidas quando no seu enterro, acolhendo assim, suas individualidades”, afirmou a diretora, que continua:
A trilha sonora terá como base as músicas ou sonoridades trazidas pelos próprios jogadores durante o processo de criação dramatúrgica e cênica. São músicas e/ou sonoridades que compõem o imaginário deles em relação à morte, seus desejos e suas memórias afetivas. Soma-se a essa trilha, ainda, os áudios das crianças com suas reflexões sobre a morte”, conclui a diretora.
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