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Por: Ana Paula Castro 18/06/2024
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‘Divertida Mente 2’ é a Pixar de volta ao auge

O estúdio conseguiu produzir uma continuação digna do primeiro filme

Quando uma sequência de Divertida Mente foi anunciada, foi natural que muitos fãs ficassem com o pé atrás. Afinal, estamos falando de uma das maiores animações do anos 2010 e, sem sombra de dúvida, uma das maiores da Pixar e, sim, da própria Disney. O longa com as cinco emoções controlando a cabeça de uma menina chamada Riley que de repente muda de cidade conquistou fãs aguerridos ao redor do mundo e ficou facilmente no top 5 de animações favoritas da Pixar de qualquer pessoa. É sério, pode perguntar.

Então, quando as primeiras divulgações de Divertida Mente 2 começaram a sair e considerando que a Pixar não estava na sua melhor fase, pra dizer o mínimo, a desconfiança do público de que esse filme poderia não atender às altas expectativas deixadas pelo primeiro foi geral. E muito também se falou sobre a fase em que Hollywood se encontra, retroalimentando-se de sequências e reboots quase sempre desnecessários.

Medo, Nojinho, Alegria, Tristeza e Raiva em Divertida Mente 2 (Divulgação)
Medo, Nojinho, Alegria, Tristeza e Raiva em Divertida Mente 2 (Divulgação)

Mas, felizmente, quem é fã de Divertida Mente vai poder ir ao cinema assistir a sequência sem medo. Pois, assim como em Os Incríveis 2 (2018), podemos garantir: a Pixar conseguiu!

Qual o plot de Divertida Mente 2?

Riley agora fez 13 anos e se encontra totalmente adaptada à nova vida em São Francisco, tem amigas na escola e joga hockey com elas. A menina é oficialmente uma adolescente e está prestes a entrar no ensino médio. Dentro de sua cabeça, as emoções estão em harmonia. Alegria está menos egoísta e aprendeu a dividir o comando com Tristeza, Raiva, Nojinho e Medo. Mas tudo muda quando o alarme da puberdade começa a tocar e, junto com ele, vem o caos.

Novas emoções entram em cena. Ansiedade, que poderia até passar uma vibe de antagonista, mas está mais para anti-heroína; Inveja, uma emoção pequena e aparentemente inofensiva, mas que se mostra capaz de fazer muita coisa; Vergonha, o oposto da Inveja por ser muito grande e ao mesmo tempo fazer de tudo para não ser visto; e Tédio, que simplesmente rouba a cena por onde passa por ser literalmente a representação mais diva e blasé do estereótipo adolescente.

O primeiro momento de encontro até parece harmônico, porém a Ansiedade tem o hábito de tentar prever o futuro de Riley, pensando sempre nas possibilidades negativas e tentando arranjar soluções para que elas não aconteçam. Isso a coloca em conflito direto com Alegria, pois Ansiedade ainda não tem noção de como Riley de fato agiria e não parece muito interessada em aprender.

Depois de um confronto entre as duas, Alegria e as outras emoções do primeiro filme são expulsas do centro de comando e precisam impedir que Ansiedade tome conta de tudo e tranforme Riley em alguém que ela não é, com “convicções” equivocadas sobre si mesma.

Cena do trailr de Divertida Mente 2 (Reprodução)
Cena do trailr de Divertida Mente 2 (Reprodução)

O que funciona muito bem em Divertida Mente 2?

Para começar, Divertida Mente 2 é responsável. Há um cuidado na história para não simplificar problemas sérios e, simultaneamente, tornar aquilo acessível. O longa usa de algumas metáforas que constroem momentos engraçados e outros emocionantes. Uma adolescência sem ansiedade já seria por si só difícil de ser retratada, mas trazer um tema importante como esse em um momento em que transtornos psicólogicos atingem cada vez mais a faixa etária da infância e adolescência foi uma escolha sábia e, felizmente, muito bem trabalhada.

O longa traz a complexidade que o tema exige, ele não facilita por ser um filme “infantil”, o que até pode dificultar para algumas crianças que estejam em contato com esse universo pela primeira vez. Mas considerando que Divertida Mente 2 veio nove anos após o primeiro, é de se esperar que quem vai à sala de cinema seja justamente quem já entende ou passou pelo que Riley vive na obra.

Além disso, todas as emoções estão mais maduras, mais profundas, com mais nuances. A Alegria também chora, o Raiva também pode ser fofo e por aí vai. O fato de vermos Medo, Raiva e Nojinho na aventura junto com Alegria, ao invés de ficarem apenas reclamando perdidos na sala de comando, deu aos personagens uma relevância maior na história. É de Nojinho, inclusive, uma das melhores frases do filme.

Nojinho e Vergonha em Divertida Mente 2 (Reprodução)
Nojinho e Inveja em Divertida Mente 2 (Reprodução)

Divertida Mente 2 expande o universo e agrega coisas novas, é como se, conforme Riley crescesse, sua mente naturalmente precisasse de mais recursos para continuar funcionando com clareza e eficiência, o que convenhamos, é o que acontece conosco.

Aqui, o mérito vai completamente para o roteiro do filme, assinado por Dave HolsteinMeg LeFauve. Além de conseguir inserir elementos do primeiro filme de forma atualizada, a história também mostra novos ambientes como a Sala da Imaginação repaginada, o Rio da Consciência e o Cofre, onde os segredos mais obscuros de Riley ficam guardados. Assim, utilizando os mesmos recursos do primeiro filme, o enredo fica mais dinâmico.

A maneira como as emoções interagem entre si também merece destaque, uma vez que é impossível não perceber, na vida real, como certas emoções andam juntas. A forma como o Medo defende a Ansiedade, como Tristeza e Vergonha se aliam, como a Ansiedade usa a Inveja para concretizar suas ideias, tudo absolutamente bem pensado, fazendo novamente o bom trabalho de tornar algo que é abstrato em real.

Também é preciso ressaltar a qualidade técnica da animação, apesar de já esperarmos isso da Pixar/Disney, ainda assim ela é genial ao trabalhar a “textura” das emoções, que fica mais visível neste filme do que no primeiro, a riqueza de detalhes dos novos ambientes e a mistura das técnicas de animação 2D e 3D.

Ainda precisamos falar sobre o excelente trabalho da dublagem brasileira. Novamente, Miá Mello (Alegria), Katiuscia Canoro (Tristeza), Dani Calabresa (Nojinho), Léo Jaime (Raiva) e Otaviano Costa (Medo) fazem um excelente trabalho, complementado por Tatá Werneck como Ansiedade, Eli Ferreira como Tédio, Gaby Milani como Inveja e Fernando Mendonça como Vergonha.

O que — talvez — não funciona tanto assim?

A notícia ruim é que é impossível assistir a esse filme sem compará-lo com o primeiro, o que o torna, em alguns pontos, mais fraco. A notícia boa é que seus “defeitos” são tão poucos e pequenos em relação às qualidades que podem até passar despercebidos.

Alegria, Ansiedade e Inveja em Divertida Mente 2 (Reprodução)
Alegria, Ansiedade e Inveja em Divertida Mente 2 (Reprodução)

Talvez pelo fato da Tristeza ter menos participação na história desta vez, mas não há em Divertida Mente 2 um momento tão emocionalmente destrutivo quanto a morte (ou esquecimento) de Bing Bong. Sim, há um terceiro arco cheio de profundidade e tensão que pode ser muito mais intenso para quem já sentiu a ansiedade agindo literalmente na pele. Porém, cabe ressaltar, o primeiro filme apela muito mais para as emoções primárias, como a tristeza, que por serem primárias são mais facilmente entendidas e rapidamente gatilhadas.

Por um lado, isso é bom porque mostra mais uma vez que o filme complexifica as emoções, relações e sentimentos, por outro, fica aquele “vazio” da falta de uma cena mais emocionante, característica de filmes da Pixar que alcançam o nível que Divertida Mente 2 alcança.

O outro ponto que pode ser considerado negativo para alguns é que a sequência repete os arcos do primeiro. Mais uma vez Alegria acaba saindo da sala de comando com uma emoção (ou mais) e precisa voltar com algo importante para impedir que algo de ruim aconteça com a Riley, passando por adversidades e conhecendo os outros espaços da mente pelo caminho e só conseguindo cumprir sua missão após um momento de epifania.

Conclusão: é um filme excelente

Divertida Mente 2 tem tudo para ser um dos maiores lançamentos do ano. Em meio a sequências desnecessárias e reboots que demonstram uma clara crise criativa em Hollywood, a animação dirigida por Kelsey Mann (O Bom Dinossauro), que substitui Pete Docter (diretor do primeiro filme), traz uma expansão ao universo que dá vontade de ver e rever, explorando diversos sentimentos e inseguranças e nos ensinando a acolher não apenas as emoções, mas também as lembranças, sejam elas boas ou ruins. Afinal, todas as memórias fazem parte de você e todas as emoções estão ali para te ajudar, se você souber entendê-las e senti-las verdadeiramente.

O filme estreia em 20 de junho nos cinemas nacionais.

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Comentários
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    Alana

    Deu meia vontade ainda de ver! Ansiosaaaa

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