Fúria Primitiva: A Odisséia de Dev Patel
“Fúria Primitiva” já está em cartaz nos cinemas
Como podemos definir “Fúria Primitiva”? A jornada do protagonista poderia transformá-lo no “John Wick” indiano? Talvez. Mas se existe uma certeza é de que, para uma estreia como diretor, Dev Patel conseguiu entregar um ótimo título de entretenimento.
Em “Fúria Primitiva” (Monkey Man, no original) conhecemos Kid (Patel), um garoto que perdeu sua mãe durante uma ação do governo na região em que moravam. Anos se passaram e, atualmente, Kid é conhecido como o “Monkey Man”, alguém que é brutalmente espancado por lutadores todas as noites em um clube de luta ilegal, em troca de dinheiro.
Decidido a se vingar daqueles que destruíram sua vida, Kid se torna Bobby, um garçom em um hotel frequentado pela elite da cidade e, a partir disso, o seu acerto de contas começa.
Particularmente, eu gosto de Dev Patel desde sua estreia lá em 2008 com o fantástico “Quem Quer Ser Um Milionário”, então não tinha como eu não estar mais animado para conferir o seu novo filme. E posso dizer, sem sombra de dúvida, que as expectativas foram atingidas com sucesso.
Patel sabe exatamente o que quer contar com essa produção e como conduzi-la durante as duas horas de exibição. O seu roteiro faz questão de ir entregando a história aos poucos e não expõe todos os seus trunfos logo de cara. Então, conforme avançamos na narrativa, vamos adentrando cada vez mais fundo em questões relacionadas a política, cultura, o poder da religião sobre um povo e a discriminação que assola o país.
Outro ponto que chama a atenção é a facilidade com que o astro consegue mesclar momentos de tensão e seriedade com breves alívios cômicos, posicionados corretamente e muito bem dosados, tornando toda a experiência ainda mais divertida e empolgante para quem está assistindo.
O combo de apreensão e comicidade também pode ser creditado à dupla de Patel no longa. O ator Pitobash, que interpreta Alphonso, arranca risos dos espectadores com sua performance cativante e, naturalmente, humorística. A única ressalva que tenho sobre o personagem é que gostaria de ter visto uma participação mais ativa de sua parte no terceiro ato.
Os vilões interpretados por Sikandar Kher e Makrand Deshpande convencem em seus respectivos papéis e, apesar de pouco aproveitada, a personagem interpretada por Ashwini Kalsekar também transmite um ar ameaçador nas poucas cenas em que aparece, o que me faz crer que poderia ter entregado mais caso tivesse tido oportunidade.
Em relação a outros pontos, apesar de alguns deslizes com a utilização da trilha sonora que, unida com uma montagem um pouco mais refinada, poderia deixar as cenas de ações ainda mais impressionantes, “Fúria Primitiva” garante excelentes momentos de perseguição, seja ela a pé ou motorizada, e coreografias de luta competentes que não deixam a desejar.
Além disso, a produção não hesita em fazer planos fechados quando utiliza os bem feitos efeitos visuais e especiais, tornando os momentos de violência gráfica impactantes. A ação cresce ainda mais devido as ótimas escolhas fotográficas de Sharone Meir, as quais também conseguem extrair o melhor da belíssima direção de arte de Ahmad Zulkarnain.
Distribuído no Brasil pela Diamond Films e produzido por Jordan Peele, “Fúria Primitiva” garante ação de qualidade, um bom suspense e a presença sempre cativante do astro Dev Patel. Em resumo, um título que merece ser visto nas telonas o quanto antes.
Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.
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