“Horror Lavanda” propõe discussão sobre a opinião pública na era da hiperconexão
Espetáculo tem direção de Gustavo Trestini e dramaturgia de Rui Xavier, em diálogo com o ator Munir Kanaan
O julgamento de um homem acusado de assassinar brutalmente uma criança é o ponto de partida do espetáculo “Horror Lavanda”. Ele possui direção de Gustavo Trestini e dramaturgia de Rui Xavier, em diálogo com o ator Munir Kanaan. A peça tem sua temporada de estreia entre 14 de setembro e 8 de outubro na Oficina Cultural Oswald de Andrade, e depois “Horror Lavanda” segue em cartaz no espaço O Andar, de 15 de outubro a 6 de novembro.
Na trama de “Horror Lavanda”, um advogado precisa decidir se aceitará um caso com potencial de mudar a sua vida, sem ter a certeza da inocência de seu cliente. Trata-se de um poderoso industrial acusado do assassinato atroz de uma criança. Preso entre a oportunidade na carreira e o dilema moral que se infiltra em sua consciência na forma de uma dúvida inquietante, o protagonista tem um encontro definitivo com a monstruosidade humana, e, portanto, com a sua própria.
Na hiperconexão do mundo contemporâneo, os julgamentos se formam quase instantaneamente, e a opinião pública na internet é, sozinha, o juiz, o júri, e, com frequência, o carrasco. Ao público de “Horror Lavanda”, cabe decidir: esse homem tem sua parcela de culpa, ou sua tragédia é somente um azar? Como nos comportamos, cada um de nós, na histeria dos julgamentos digitais? Como tomar uma decisão, quando fazer a coisa certa pode custar a sua vida ou a de outra pessoa?
Após trazer à cena, em Hotel Mariana, o testemunho humano direto de uma das mais importantes tragédias da história recente brasileira, Munir Kanaan continua refletindo sobre o tempo presente com sua nova criação, o espetáculo solo “Horror Lavanda“, escrito pelo dramaturgo Rui Xavier a partir de um processo de “dramaturgia comentada”, ou seja, um processo de escrita estimulada por discussões, leituras e releituras junto ao ator/criador.
A partir de temas de extrema relevância da atualidade, como a força das redes sociais, das fake-news e da opinião pública nos linchamentos morais, foi desenvolvida uma densa história de suspense em “Horror Lavanda” que reflete sobre os aspectos mais sombrios da natureza humana, e de como eles interagem com a nossa sociedade em particular.
O espetáculo nas palavras do autor Rui Xavier:
“Minha parceria com o Munir como ator e produtor remonta ao meu primeiro texto de teatro, Os Assassinos de Inês de Castro, que foi produzido e protagonizado por ele, sob minha direção, no longínquo 2005, após terminarmos a escola de teatro. Se no caso realizávamos juntos aquele que era meu primeiro projeto como dramaturgo, dessa vez o pontapé inicial partiu do Munir, que, já pensando no projeto seguinte ao excelente Hotel Mariana, me chamou para escrever o texto. Ele me transmitiu as questões que o instigavam e fomos levantando temas, até que a história de crime e julgamento surgiu em nossas conversas”.
Ele continua dizendo: ““Horror Lavanda” foi se desenvolvendo ao longo do nosso diálogo como se nesse jogo entre as versões da escrita dramatúrgica e a leitura critica do ator o texto fosse amadurecendo em seu próprio ritmo orgânico, desenvolvendo-se como uma escrita menos planejada e mais viva que aquela que é inteiramente dominada pelo autor. A relação de escrita comentada funcionava, num certo sentido, como uma cama que me permitia riscos maiores. Assim foi emergindo essa história moralmente complexa, cheia de elementos contraditórios, com esses traços de narrativa de horror que foram se depurando ao longo do processo até chegar em um ponto de equilíbrio. Foi um tipo de processo diferente de tudo o que eu já tinha vivido, e que me pareceu riquíssimo, quase como se tivéssemos conseguido somar o melhor do processo colaborativo com o melhor da escrita individual, somando o dinamismo e multiplicidade de pontos de vista das visões coletivas com a coerência da visão autoral”.
“Horror Lavanda” nas palavras do diretor Gustavo Trestini:
“Eu conheci o Munir em 2017 quando ele veio assistir o espetáculo “O Assalto” de Zé Vicente, dirigido por mim, e que tinha no elenco o ator Rodrigo Caetano, que também atuava no espetáculo Hotel Mariana. Na mesma altura eu assisti o espetáculo Hotel Mariana e tivemos aí um encontro recíproco de admiração. Apesar do pouco contato que tivemos naquele momento, as nossas peças nos mostraram que havia muita sintonia nas inquietações e motivações de nossos trabalhos. Ao mesmo tempo Munir e Rodrigo já haviam trabalhado com o Eric Lenate em outros projetos e de certa forma já estávamos mais próximos do que imaginávamos”.
O diretor continua: “O nosso encontro de fato, aconteceu com o convite de Zé Henrique de Paula para integrarmos o elenco da montagem de “Dogville”, dirigida por ele. E foi em meio ao processo da montagem de “Dogville” que pudemos confirmar nossa sintonia nos interesses e visões acerca do teatro. Foi nesse contexto que Munir me falou que gostaria de participar, como ator, de um espetáculo dirigido por mim. Ele me apresentou então “Horror Lavanda”; um solo escrito pelo dramaturgo Rui Xavier, que até aquele momento eu não conhecia”.
Gustavo finaliza dizendo: “Eu fiquei entusiasmado logo na primeira leitura. A qualidade dramatúrgica do texto é incontestável. Me envolvi na leitura com a progressão dramática de um texto pleno de ação, imagens contundentes e uma abordagem inteligente e dialética da sociedade. Imediatamente topei mergulhar no processo de montarmos o texto e de cara a presença do Rodrigo Caetano e do Lenate no processo criativo foi mais do que natural”.
Sinopse de “Horror Lavanda”
Na hiperconexão do mundo contemporâneo, os julgamentos se formam quase instantaneamente, e a opinião pública na internet é, sozinha, o juiz, o júri, e, com frequência, o carrasco. Para aceitar um caso com potencial para mudar sua vida, um advogado terá que enfrentar essa onda, sem ter a certeza de que seu cliente, um poderoso industrial acusado do assassinato atroz de uma criança, seja realmente inocente. Preso entre a oportunidade na carreira e o dilema moral que se infiltra em sua consciência na forma de uma dúvida inquietante, o protagonista tem um encontro definitivo com a monstruosidade humana, e, portanto, com a sua própria.
Ficha Técnica de “Horror Lavanda”
- Idealização e direção de produção: Munir Kanaan
- Elenco: Munir Kanaan
- Dramaturgia: Rui Xavier
- Direção: Gustavo Trestini
- Arquitetura cênica: Eric Lenate
- Desenho de luz: Rodrigo Caetano
- Trilha sonora e vídeo: L.P. Daniel
- Figurino: Carol Reissman
- Operação de som: May Manão
- Operação de luz: Alexandre Gonzalez
- Técnico e operador de vídeo mapping: VJ. Alexandre Gonzalez
- Realização: Gengibre Multimídia e Vasta Cia de Teatro
Serviço – Horror Lavanda, de Rui Xavier
De quarta a sexta, às 20h, e aos sábados e feriados, às 18h
- Classificação: 14 anos
- Duração: 55 minutos
- Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro
- Temporada: 14 de setembro a 8 de outubro
- Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes do espetáculo
- Capacidade: 40 lugares
Aos sábados, às 20h; e aos domingos, às 18h
- O Andar – Rua Dr. Gabriel dos Santos, 30 – 2ºAndar, Santa Cecília (próximo do metrô Marechal Deodoro)
- Temporada: 15 de outubro a 6 de novembro
- Ingressos: R$ 10
- Capacidade: 50 lugares
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