
Jane Austen: Persuasão – Resenha
“Persuasão”, publicado postumamente em 1818, foi o último romance completo escrito pela aclamada Jane Austen

O livro tem como protagonista a bondosa Anne Elliot, filha de um barão rico, que na flor da sua juventude conheceu Frederick Wentworth, um homem charmoso, divertido e de boa índole que conquistou inteiramente o coração da jovem. O amor que um tinha pelo outro levou Wentworth a pedir Anne em casamento, pois mesmo pobre, ele possuía a ambição de fazer carreira na marinha e se tornar um rico capitão. A Srta. Elliot rapidamente aceitou o pedido, mas ficou com seu coração partido quando teve que dar a notícia à sua arrogante família.
Anne era a filha do meio, sua mãe já havia falecido, e seu pai, Sir Walter Elliot, era extremamente afeiçoado à Elizabeth, a primeira filha. Como Mary possuía o posto de caçula da família, Anne era a mais suprimida. Com sorte, a melhor amiga de sua mãe, Lady Russell, portava um amor incondicional por ela e a tinha como uma filha.
Contudo, até mesmo Lady Russell era uma pessoa soberba e, quando descobriu sobre o noivado de sua protegida, usou de toda a sua influência para persuadir Anne, dizendo que se casar com um homem de uma posição tão inferior iria prejudicar toda sua vida. Anne era esperta, porém extremamente bondosa e submissa, sendo assim, cedeu à imposição de sua família e rompeu o noivado com o homem que ela amava.
Desde o início do livro podemos ver que Jane Austen usa a sua arte para, nas entrelinhas da história, denunciar a sociedade do século XIX, que já é uma característica vinda dos livros que antecedem “Persuasão”. A elitização, o preconceito e a discrepância social são marcantes no decorrer da narrativa. Todavia, o que realmente se sobressai na trama é a avalanche de emoções – medo, saudade, ressentimento, obediência, preconceito – que conduzem os acontecimentos da história.
Longos oito anos se passaram e Anne, assim como Elizabeth, não havia se casado. A primeira por nunca ter superado o seu verdadeiro amor, e a segunda, por não ter encontrado um baronete que fosse digno do seu status e da sua beleza. O tempo também trouxe uma mudança na riqueza da família Elliot, uma vez que Sir Walter contraiu muitas dívidas e teve que sair com suas filhas do conforto de Kellynch Hall para uma casa menor na cidade de Bath, dessa forma, conseguiriam manter seu padrão de vida, e também destinar uma parte do dinheiro para o pagamento das cobranças.
Já Frederick Wentworth, depois de conquistar o cargo de Capitão da marinha e de enriquecer, decidiu voltar para Somersetshire e se hospedar com sua irmã em Kellynch Hall, que havia sido alugada por Sir Walter para o Almirante Croft, cunhado de Wentworth.
“Haviam-se passado oito anos, quase oito anos, desde que tudo fora desfeito. (…) O que oito anos não podiam fazer? Acontecimentos de todos os tipos, mudanças, alienações, transferências (…) com todos esses raciocínios, ela descobriu que para os sentimentos tenazes oito anos pouco mais são do que nada.”
Já com a vida financeira arranjada, Frederick desejava formar uma família, e sua busca por uma esposa era acompanha de longe por Anne, que sofria calada vendo ainda mais claramente o erro cometido.
No desenrolar da história podemos ver como Austen descreve perfeitamente o ressentimento entre duas almas enamoradas e até onde o amor verdadeiro consegue alcançar o perdão. Anne e Wentworth se observam remotamente, tentando descobrir o que um ainda sente pelo outro. Seria rancor? Desprezo? Amor? Logo descobrimos que a Srta. Elliot, já madura, entende que seu amor pelo Capitão estava mais vivo do que nunca e não mais passivo de persuasão, basta então desvendarmos, através de olhares, meias palavras e atitudes suspeitas, o que Frederick ainda pode sentir por Anne.
“Um homem não se recupera de uma tal devoção a uma tal mulher. Não deveria; não pode”
Você vai se deliciar com “Persuasão” e com a forma ágil e direta de Jane Austen narrar os fatos, que transformou seus livros em clássicos atemporais, além de viver intensamente essa história simples, porém cativante de idas e vindas do amor. E aí, foi persuadido a embarcar nesta viajem até o século XIX?
Texto por: Mariana Lemos
Leia Também: Première Telecine apresenta Poder e Corrupção
Siga @Nerdrecomenda nas redes Sociais
[…] Leia mais: Jane Austen: Persuasão – Resenha […]