Malorie: autor tenta repetir sucesso da Caixa de Pássaros
O homem é a criatura que ele teme.
Apesar da categoria suspense não estar entre meus gêneros literários preferidos, o livro Malorie, sequência de Caixa de Pássaros, me prendeu bastante, do início até quase o fim. É um livro instigante, dinâmico e bem interessante. Mas antes de contar a história dessa obra e o porquê de ter gostado, vou te situar no universo de Malorie e das criaturas.
Como comentado acima, Malorie é a sequência de Caixa de Pássaros, livro de estreia de Josh Malerman, que se tornou um enorme sucesso, um verdadeiro bestseller.
Na primeira obra literária do autor você é levado para um universo parecido com o nosso, com pessoas comprando, trabalhando e levando seus filhos a escola, até que tudo muda de repente. O cenário vira algo pós-apocalíptico com criaturas, que não se sabe qual é a aparência delas, invadindo a Terra e levando à loucura todos os que ousam olhar para elas.
Malorie é uma das pessoas que demora a acreditar na existência desse mal. Mas ela muda de ideia quando começam a aparecer muitos casos, próximos de onde ela vive com a irmã. Ao ver as notícias de pessoas que, ao olharem para as criaturas, enlouqueceram a tal ponto de tirarem suas próprias vidas, as duas passam a fechar a casa com panos pretos e a não sair mais.
Tudo vai bem, no limite do aceitável para uma situação sem controle, até que Malorie vê um anúncio de uma casa onde pessoas sem abrigo são bem recebidas. Nesse momento, sua irmã Shannon vê uma criatura, enlouquece e se mata. Transtorna e grávida, Malorie vai para essa casa e convive bem com os moradores, inclusive com uma outra mulher grávida, Olympia. Mas como é um livro de suspense, as coisas ficam calmas por pouco tempo. Uma tragédia envolvendo as criaturas acontece e apenas Malorie, seu filho e a filha da Olympia, sobrevivem.
Após 4 anos Malorie e seus filhos saem em uma aventura às cegas para encontrar um outro lugar, onde as pessoas dizem viver pacificamente longe das criaturas. Os três vendados fazem uma viagem de barco até esse local. Muita coisa acontece nesse percurso de 32 km, narrado com mais profundidade no livro, do que no filme. Ao final, eles chegam em uma escola para cegos, onde a maioria dos moradores ficou cego para que não tivesse que usar vendas ou correr o risco de ver as criaturas, e enlouquecerem.
Com mais de 200 mil cópias vendidas só no Brasil, a obra publicada em 2014 pela editora Intrínseca, se tornou um sucesso quando a adaptação cinematográfica chegou a Netflix. A personagem principal foi interpretada pela premiada e mundialmente famosa, Sandra Bullock.
Malorie, sequência de Caixa de Pássaros
Depois dessa introdução um pouco longa, a partir de agora você conhece a história do tema central dessa resenha. Malorie é uma obra que tira o seu fôlego, assim como sua antecessora.
Esse livro se passa 12 anos após o final da primeira história. Com capítulos mais curtos, flashbacks da infância e adolescência da Malorie, o autor conta a história de como ela e seus dois filhos, agora adolescentes com 16 anos, sobreviveram.
Malorie, Tom e Olympia viveram apenas dois anos na escola para cegos. A vida deles transcorria bem até as criaturas, de alguma forma, entram na escola e uma mulher que se dizia cega enlouquecer e começar a matar os moradores do local. A protagonista tem um déjà vu da primeira tragédia, que aconteceu na casa onde viveu antes do filho nascer, e sai daquele lugar sem um destino em mente. Em um golpe de sorte, eles acabam encontrando um acampamento onde vivem por mais 10 anos.
A leve calmaria parece se instalar, pelo menos na cabeça da Malorie, que criou os filhos na base de muitas regras ensinando que o mundo não era seguro e que deveriam viver pela venda, até que tudo muda novamente. Um homem do censo aparece no acampamento e diz ter novidades sobre o novo mundo, para Malorie a ideia parece absurda, e não o deixa entrar na casa. Ele deixa pra trás um documento com os nomes de sobreviventes, e entre eles estão os pais da protagonista.
A partir desse momento muita coisa acontece em pouco tempo, e a família Walsh inicia uma nova aventura. Eles encaram uma viagem em um trem cego, a volta personificada de um antigo vilão, entre outras coisas. A partir do momento em que eles entram no trem, o suspense se torna mais latente, o medo das criaturas aperta mais e a incerteza de achar os pais, e tentar uma nova vida nessa nova realidade, tomam conta das mentes de Malorie e seus dois filhos.
Tudo apontava que o livro ganharia uma nota 5, mas o final apressado, pouco explicado e mal amarrado, me fez dar um 4. Apesar disso, é uma ótima obra, que constrói melhor a personagem Malorie, bem completa e com diferentes pontos de vista sobre o mesmo acontecimento. Em tempos de pandemia e coronavírus, o livro mais parece uma narração do que estamos vivendo: isolamento social, vontade de ver o mundo sem poder, a divisão entre prudentes e imprudentes, e sonhos de um novo mundo. E a explicação mais próxima do que são as criaturas, é a frase abaixo:
Ela olha. Ela vê. O infinito ponderando sobre si mesmo. A eternidade enfrentando a própria jornada interminável.
Para quem gostou da história, aproveita e compre seu exemplar na Amazon. Ah, e uma boa notícia, o autor confirmou que o livro Malorie também vai ganhar seu versão nas telinhas.
Texto produzido por Rebecca Vettore (@rebeccavettore).
Classificação: 4 estrelas
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