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Por: Redação Nerd Recomenda 09/01/2021
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Conheça Maria Quitéria, a Mulan Brasileira

A baiana que se disfarçou de homem para lutar na guerra da Independência

Já ouvimos falar que muitas mulheres foram apagadas da história brasileira, ou não ganharam protagonismo, como o dos homens. Imperatriz Leopoldina e Dandara podem ser consideradas algumas delas, assim como a história de Maria Quitéria, que viveu na mesma época e pode ser considerada nossa Mulan Brasileira.

Mesmo não tendo um grilo ou dragão falante, se disfarçou de homem e foi ao combate pela Independência do Brasil na guerra que durou 1 ano e 4 meses na Bahia.

Maria Quitéria de Jesus nasceu em 1729 na Bahia, na cidade de Feira de Santana e foi a primeira mulher a ingressar no exército brasileiro e ainda considerada heroína da Independência. 

E pra contar essa história vamos começar pela vivência de Maria, que era filha dos portugueses Gonçalo de Almeida e Quitéria Maria de Jesus. Quitéria acabou perdendo sua mãe ainda criança e teve então duas madrastas, Eugênia Maria dos Santos, que veio a falecer sem que tivesse filhos, e sua terceira madrasta, Maria Rosa de Brito, que não concordava com o jeito independente e forte de Maria Quitéria

Mesmo sendo analfabeta, visto que na época as escolas eram poucas e restritas aos grandes centros urbanos, e as mulheres, como Quitéria, ainda por cima moradora do interior, aprendeu a montar, caçar e usar armas de fogo.

Independência do Brasil. Quadro de Pedro Américo. Acervo do Museu Paulista

Então chegamos naquela parte que já aprendemos na escola, Dom Pedro em 1822 deu o grito da Independência, mas o que aconteceu é que em algumas partes do Brasil o processo não foi tão fácil assim. 

Nas províncias brasileiras Cisplatina (hoje Uruguai), Bahia, Piauí, Maranhão e Grão-Pará (hoje Amazonas e Pará) houve combates contra as tropas portuguesas. Na Bahia, devido ao conflito foi necessário convocar voluntários para combater a causa libertária, e é aqui que nossa Mulan brasileira entra novamente. 

Em Setembro de 1822 um dos comissários do governo foi até a casa de Gonçalo, mas ele se recusou a ajudar o exército brasileiro alegando que era velho e não tinha filhos para enviar a batalha. Porém Maria Quitéria disposta a ajudar pediu a permissão do pai para ir a guerra, mas Gonçalo negou seu pedido, e mesmo assim Maria não desistiu. 

Uma Amazona Brasileira. Atribuído a Henry Chamberlain. Acervo da Pinacoteca de São Paulo.

Quitéria sabendo que não era permitido mulheres nos exércitos, fugiu para casa de sua irmã, e, com a ajuda dela e de seu marido, cortou seus cabelos. Vestida de homem e sob o nome de “Medeiros” Maria foi alistada pelo exército, mas acabou sendo descoberta um tempo depois.

O “soldado Medeiros” mostrou tanta habilidade no manejo das armas, bravura em batalha e uma reconhecida disciplina militar, que foi defendida pelo major da sua tropa, José Antônio da Silva Castro (avô do poeta Castro Alves), a ficar no exército sendo incorporada oficialmente à tropa com seu real nome e ainda acrescentado um saiote, estilo escocês (customizado por ela mesma), a sua vestimenta militar

Maria Quitéria, uma mulher forte que foi contra a vontade de seu próprio pai, provou que havia lugar para ela no exército brasileiro, e revolucionou a história usando uma saia customizada como uniforme militar.

Quitéria sobreviveu aos combates, casou-se e teve uma filha e morreu aos 61 anos em Salvador. Há relatos que o pai de Maria a perdoou, e outros que ela teria pedido ao Imperador para que escrevesse uma carta a seu pai solicitando seu perdão e que a deixasse voltar para casa, mas nada comprovado até hoje. 

Quadrinhos contando a história de Maria Quitéria

Essa heroína daria fácil uma série ou filme inspirador, mas infelizmente essa é uma das histórias tão pouco reproduzidas fora da Bahia que poderia ser explorada para além das terras baianas, pois Maria Quitéria de Jesus foi uma mulher forte, guerreira e inspiradora, que não merecia ser tão diluída em nossa história. 

A trajetória de Maria Quitéria pode ser encontrada na coleção de Personalidades Brasileiras, no e-book Extraordinárias: mulheres que revolucionaram o Brasil e em um gibi com historias em quadrinhos da heroína.

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