Matrix Ressurections chega aos cinemas no final de dezembro e em preparação para a chegada do novo filme a Warner está relançando em IMAX o primeiro Matrix nos cinemas, aquele filme que nos fez questionar o mundo perante os nossos olhos

O ano era 1999 quando chegava aos cinemas um filme de nome curioso, com uma premissa empolgante e um jovem ator muito talentoso no papel de protagonista. Matrix teve a dura missão de ser o filme de ficção científica a estrear o gênero no começo do novo século, um filme que trazia ideias intrigantes e prometia fazer o espectador colocar a cabeça para refletir ao longo de todo o filme… e depois também.

E se não pudéssemos acreditar naquilo que nossos olhos veem? E se o mundo ao nosso redor nada mais fosse do que um sonho? Pílula vermelha ou pílula azul?

A obra das irmãs Wachowski é rodeada de muitos conceitos filosóficos, como por exemplo o Mito da Caverna, idealizado por Platão, talvez o mais forte dentro da trama: Como uma pessoa que viveu a vida inteira de uma forma reagiria ao saber que toda a sua vida foi uma mentira? Enfrentaria a dura realidade e se adaptaria? Ou surtaria e viveria o resto de seus dias desejando novamente a doce benção da ignorância?

É muito interessante ver como essa questão afeta cada um dos personagens e suas decisões, principalmente no personagem Cypher (Joe Pantoliano). Na trama Cypher trai os seus companheiros de resistência e entrega o líder Morpheus para as máquinas, em uma tentativa desesperada de recuperar sua vida de ilusões dentro da Matrix, negando a dura realidade para voltar ao seu mundo de sonhos perfeitos, e temos o protagonista Neo (Keanu Reeves), que escolhe aceitar a dura realidade e assim libertar a humanidade de sua “caverna”. Na trama Cypher é um traidor, um antagonista que foge da dura realidade e luta para manter a ilusão que é a Matrix, já Neo é o herói que quer libertar a humanidade dessa grande mentira, mas adaptando essa problemática para o mundo real, será que esses papéis se manteriam? Nem todos estão prontos para aceitar a dura realidade.

A tecnologia IMAX realça alguns aspectos no filme, uns bons e outros nem tanto. A tela maior torna as cenas futuristas muito mais empolgantes, as cenas de ação e perseguição também trazem uma maior riqueza de detalhes, todavia, tendo em vista que se trata de um filme que saiu no final do último século, a tecnologia IMAX também ajuda a evidenciar que alguns efeitos e cenas que pareciam impressionantes lá em 1999, hoje parecem um pouco estranhas, como a movimentação das lulas robôs, a boca de Neo se colando e o robô de umbigo na cena do interrogatório, o que evidencia o quanto evoluímos em questão de tecnologia em apenas 20 anos.

A história de Matrix, mesmo após mais de 20 anos de seu lançamento ainda se mantém cada vez mais atual com o passar dos anos à medida que a nossa tecnologia evolui. Mesmo hoje a humanidade é extremamente dependente da tecnologia para alcançar seus feitos, estamos rodeados por ela em qualquer lugar e diariamente somos bombardeados com novas notícias empolgantes sobre mais avanços tecnológicos que a humanidade vem alcançando dia após dia, com tantas maravilhas tecnológicas que estamos conquistando será que chegará o dia em que iremos criar algo que trará a nossa própria ruína?

Como toda boa ficção científica, Matrix instiga o espectador a pensar, e mais importante ainda, a questionar a realidade à nossa frente, e mais do que parar balas no ar, jaquetas de couro maneiras e óculos escuros, o poder de pensar além sempre foi o maior poder da humanidade.

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