Mindhunter – Estudando a mente de assassinos em série
Como identificar padrões e prever pessoas com tendência a crimes? Como identificar um criminoso? Veja tudo em Mindhunter!
Mindhunter é uma série policial americana que se passa na década de 70 e acompanha dois agentes do FBI que, juntos de uma socióloga, começam a estudar casos de assassinatos com padrões, o que, posteriormente, receberiam a nomenclatura de assassinatos em série (‘serial killers”). A série é baseada no livro Mind Hunter: Inside the FBI’s Elite Serial Crime Unit (a tradução seria algo como: “Caçador de mentes: dentro da unidade de elite de crimes em série do FBI”), de John E. Douglas e Mark Olshaker.
Atenção: o conteúdo pode ser sensível para algumas pessoas, não visualmente, mas a descrição dos casos e do que os criminosos faziam com suas vítimas pode ser bem gráfico. Tanto que é recomendado para +16, e por conter cenas de sexo também, mas isso não tem relação com os crimes.
Holden Ford (Jonathan Groff) e Bill Tench (Holt McCallany), agentes do FBI, começam a visitar alguns assassinos presos e interrogá-los sobre seus crimes, sua vida pessoal e tudo o que poderia ter sido uma forma de influência para que essa pessoa desenvolvesse essa “necessidade” por matar outras. O intuito da entrevista é utilizar o depoimento dos detentos para resolver casos em curso. A grande maioria dos casos aqui representados, segundo os estudos deles, tem razões sexuais.
Todavia, não é fácil conseguir uma confissão dos detentos, afinal muitos dizem não ter cometido crime nenhum, mas tem os que admitem, dizendo que não foi crime, eles acreditam nisso, e é esse raciocínio que o FBI quer entender.
Muitas dessas conversas só funcionma por conta do agente Ford, já que ele não segue “o manual”, ele capta o jeito do criminoso e tenta conversar com o meliante em um mesmo nível, o que faz com que o cara realmente se abra e revele suas convicções mais profundas. Não dizendo que a psicóloga, Wendy Carr (Anna Torv) e o FBI veêm esse comportamento do agente com bons olhos, logo vemos que isso pode ser um problema.
Temos Edmund Kemper (Cameron Britton), um assassino condenado que desempenha um grande papel, como um dos primeiros entrevistados, ele que dá um toque de como o agente deve se comportar, não pode aparentar medo. Essa é uma pessoa que vai e volta na trama para trazer mais alguma informação sobre a mente de um assassino, além de ser responsável por uma reviravolta com o protagonista lá para metade da série (pensei que o cara ia surtar de vez, e, de certa forma, surtou).
Outra coisa para ficar de olho é o filho adotivo do agente Tench, aquela criança tinha algo desde que a vi pela primeira vez e eu queria estar errada, mas acertei em cheio e o que aconteceu foi absurdo. Difícil quando o tema do seu estudo parece estar se desenvolvendo na própria casa (vou deixar essa sementinha aqui).
Os relatos dos assassinos mostram que, a maioria sofreu algum tipo de trauma ou abuso na infância, principalmente, que o fez “despertar” essa necessidade de cometer atrocidades com suas vítimas. Isso não quer dizer que todo serial killer é alguém com um passado traumático, mas que existe um padrão aí, principalmente quando o trauma parte da própria família.
Vários entrevistados aqui e os cenários das prisões são baseados em assassinos e entrevistas reais como com o próprio Edmund Kemper, Dennis Rader (Sonny Valicenti), Jerry Brudos (Happy Anderson), Richard Speck (Jack Erdie), entre outros casos apresentados ao longo das temporadas. Os próprios agentes, Ford e Tench, são baseados nos agentes John E. Douglas (um dos escritores do livro) e Robert K. Ressler, do FBI. Já a psicóloga Wendy Carr é baseada na doutora Ann Wolbert Burgess e seus trabalhos no tratamento de sobreviventes de trauma e abuso sexual e estudo do processo de pensamento de criminosos violentos.
Com apenas duas temporadas, disponíveis na Netflix, MindHunter termina deixando aquele gostinho amargo na boca, não por ser ruim, mas porque, no fim, ela mostra o que acontece com muitos casos investigados pela polícia, sem solução, arquivados, esquecidos, seja por falta de provas, por negligência ou corrupção.
Mas não seja desestimulado a ver por isso, afinal, é só a realidade, a série em si, é muito boa e você se questionando o que é pior: não entender esse serial killer ou, de fato, entender como ele pensa. Lembrando que entender não é o mesmo que concordar, ser conivente com o que for feito.
Por: Letícia Vargas
[…] fator de contraponto na série é a existência do Paco, um garotinho que é vizinho de Joe e vive recebendo livros emprestados do […]