Mr. Sunshine: Um Raio de Sol – Uma bela aula de história coreana
“Ontem parecia um passado distante, hoje parecia pouco familiar e o amanhã era aterrador. Era um tempo de turbulência. E todos nós, cada um à sua maneira, vivíamos com a constante mudança.”
Mr. Sunshine: Um Raio de Sol (Miseuteo Syeonsyain, no original) é um dorama sul-coreano que parece até uma superprodução de filme, cheio de intrigas, dramas, guerras, tudo isso com uma fotografia maravilhosa, e com um grande elenco, como Lee Byung-hun, Kim Tae-ri, Yoon Yeon-seok e muitos outros nomes.
A história começa em Joseon (hoje Coreia), lá por 1871, onde o jovem Choi Yoo-jin (Lee Byung-hun) nasceu escravo e, após um acontecimento, é levado para os Estados Unidos, com a ajuda de um missionário, em umas das expedições americanas pelo país (Shinmiyangyo, como eram conhecidas). O tempo passa, o jovem se torna um oficial dos fuzileiros navais dos EUA e retorna para Joseon, onde acaba conhecendo Go Ae-shin (Kim Tae-ri), uma nobre que cresceu criada pelo avô, e cheia de privilégios, tudo que ele detesta.
Vamos destacar a saga do personagem principal. Como mencionei, Choi Yoo-jin era um escravo que fugiu para os Estados Unidos, onde passou a se chamar Eugene Choi. Mas não pense que a vida dele foi mil maravilhas ao pisar na América. Eugene sofreu com a xenofobia por lá no começo. Quando ele finalmente volta para Joseon, Eugene se apresenta como americano, pois ainda guarda rancor pelo que viveu em seus tempos de escravo. Esses sentimentos ficarão mais confusos com a chegada de Go Ae-shin.
Go Ae-shin, apesar das insistências de seu avô, em que ela se case com uma família de prestígio e seja aquela típica esposa de enfeite, a jovem quer fazer parte das mudanças que estão acontecendo em Joseon e ajudar a reconquistar a sua pátria. De dia uma “princesa”, de noite uma franco-atiradora de um grupo rebelde. Seu “primeiro encontro” com Eugene já diz muito do que essa personagem vai nos trazer. Os dois acabam se conhecendo numa missão, na qual ambos estavam encarregados de assassinar o mesmo homem.
Ao longo da história, várias questões são debatidas entre os dois, já que Ae-shin, aos olhos de Eugene, está lutando para preservar os privilégios do mesmo povo que escravizava seus semelhantes e os ignorava na miséria. Mas a química entre os personagens é inegável. E isso que eu nem comentei sobre os demais personagens dessa história que também vão causar um bocado.
O que me chamou a atenção no dorama é o período retratado. Doramas coreanos de época normalmente retratam alguma dinastia específica, focando mais na relação da família real ou do povo nesse período, sempre com algum drama sobre usurpar o trono, etc. Mr. Sunshine inova ao abordar outra época histórica da Coreia (eu, pelo menos, não vi outro dorama aprofundando sobre esse período).
O momento em questão era de muita tensão. Resumidamente, o Japão (era Meiji) era considerado uma potência e começava sua expansão para dominar as terras da Coreia (o que nunca é uma coisa boa, principalmente para o povo). Do outro lado, os Estados Unidos começaram a fazer expedições para a Coreia também. Por fim, a própria Coreia estava vivendo um período de mudanças na aristocracia, com o fim da escravidão, por exemplo, e o dorama retrata um pouco de tudo isso que estava acontecendo.
Uma vez que tantos fatos estão sendo retratados, a sacada de incluir um elenco diverso foi certeira, o que é algo que também não acontece tanto em doramas. Temos a participação de vários atores ocidentais e o respeito pelo idioma. Quero dizer que mesmo que o dorama seja coreano, os americanos seguem falando em inglês, os japoneses em japonês como deveria ser. Não rola um milagre e, do nada, todo mundo está se comunicando em coreano.
Mr. Sunshine: um Raio de Sol possui 24 episódios (de mais ou menos uma hora e pouco cada), bateu recordes de audiência na televisão coreana e foi aclamado pela crítica pela cinematografia e narrativa, além da construção de personagens femininas fortes. Todos os episódios estão disponíveis na Netflix.
E, assim como sugeri no título, Mr. Sunshine traz uma boa aula sobre a história da Coreia como um todo (até porque nessa época as Coreias ainda não eram divididas). Claro que os personagens e alguns acontecimentos são fictícios, mas o contexto das ameaças estrangeiras, das mudanças e da busca do povo coreano pela independência era real. Agora chega de falar e vamos ao que interessa. Tenho aqui um trailer dessa obra de arte que, mesmo que a legenda seja em inglês, já dá pra sentir o clima da história:
Por: Letícia Vargas
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A história é fantástica! Poucos autores no ocidente tem habilidade para escrever tão bem, respeitando história e respeitando o público tb. Sinceros parabéns