
O Amor e a Peste – versão cinematográfica
Com uma parceria entre a Cia. Provisório-Definitivo, Núcleo do Desejo e a produtora Cinematográfica Marcela, “O Amor e a Peste” estreia em 26 de novembro na versão cinematográfica da obra teatral
“O Amor e a Peste”, obra criada pelos atores Flavia Couto e Pedro Guilherme, é inspirada na vida e obra de Anais Nin e Antonin Artaud, além dos diários escritos pelo próprio casal de atores durante o isolamento social. Para além desses autores inspiradores do projeto foram trazidas ainda as reflexões sobre erotismo de Bataille, Lou-Andreas Salomé e Deleuze. A versão em forma de experimento cinematográfico tem direção de Marcela Lordy.
O projeto, que já foi apresentado como experimento cênico online ao vivo no começo do ano na casa dos atores, com dois fragmentos, “Da Vida à Arte” e “Da Arte à Vida”, é agora experimentado em versão única, explorando os limites de linguagem entre o audiovisual, o teatral e as artes plásticas.
Inspirados por Artaud, um dos autores que ao lado de Anaïs Nin impulsionaram a peça, os criadores exploraram a contaminação entre artes – diários, cinema, teatro, artes plásticas, visuais. Essa nova versão conta com direção da cineasta Marcela Lordy, grande nome da nova safra de diretoras de cinema nacional, da diretora de arte Vera Hamburger, e do premiado compositor Edson Secco.

A equipe também é composta pela diretora de fotografia Manoela Rabinovitch, a montadora Gabriela Bernd e os figurinos de Maria D’Cajas. O Amor e a Peste teve suas filmagens realizadas em setembro de 2021 no Teatro de Contêiner e faz parte do projeto “Cia. Provisório-Definitivo 20 anos” contemplado pelo Proac Lab PRÊMIO POR HISTÓRICO DE REALIZAÇÃO EM TEATRO da Lei Aldir Blanc em 2020.
“Escolhemos o título O Amor e a Peste como extensão dos dois movimentos presentes na peça, que além de refletir sobre os caminhos e tensões entre a arte e a vida, trazem à tona duas polaridades: Eros – o êxtase do encontro amoroso e o impulso de criação, e Thanatos – a peste, a dissolução das formas de vida, a separação dos corpos dos amantes, os movimentos disruptivos e a pulsão de morte de uma sociedade maquinal.”
– Flavia Couto, uma das criadoras de “O Amor e a Peste”
“O Amor e a Peste” nasceu de uma imersão realizada no período de isolamento durante a pandemia, tendo como ponto de partida e inspiração as relações entre vida e arte suscitadas no encontro artístico e amoroso de Antonin Artaud e Anaïs Nin. Esses artistas emblemáticos inspiraram os atores-criadores, o casal de atores Flavia Couto e Pedro Guilherme, a escrever diários, reflexões e inquietações durante o período de isolamento, acerca dos processos vividos por eles, tanto no âmbito da vida, como da criação.
O casal de artistas transpõe poeticamente a experiência de viver uma relação afetiva em meio ao confinamento em um apartamento em São Paulo, no Brasil de Bolsonaro, a impotência diante da realidade, a contaminação pela Covid-19, o luto por uma mãe e por uma filha, num extremo da turbulência do momento político-social.
Foram convidados para participar de maneira remota diversos colaboradores de áreas distintas, são eles: Donizeti Mazonas e Maria Fernanda Vomero, a preparadora corporal Lara Dau Vieira e o músico Edson Secco, que assina a trilha sonora original. Agora, nessa versão atual, transposta do confinamento da casa para os palcos vazios, somam-se ao projeto a cineasta Marcela Lordy, a cenógrafa e diretora de arte Vera Hamburger, e a diretora de fotografia Manoela Rabinovitch.
Concepção cênica

Ao partir da criação de Flavia e Pedro, Marcela imprime sua marca registrada como cineasta ao navegar entre áreas e linguagens. Ela convida a diretora de arte Vera Hamburger para também colaborar nessa construção cênica e audiovisual.
Vera, como bagagem ao projeto, além da vasta experiência e referência em direção de arte no cinema brasileiro, traz como contribuição a sua pesquisa: o laboratório Fronteiras Permeáveis. Vera se dedica nos últimos anos a lançar um novo olhar sobre a criação cenográfica e direção de arte, ao colocar a plasticidade do cenário em conjunto com a do corpo do ator. O laboratório imersivo conduzido por ela aliou-se ao trabalho corporal e a concepção estética que já vinha sendo elaborada pelos atores-criadores.
Além disso, soma-se na busca da plasticidade do movimento, os figurinos de Maria D’Cajas, conhecida pela produção em dança, ao dar movimento e contorno ao vestuário cênico. Edson Secco, assina a trilha sonora, compositor reconhecido internacionalmente pela produção em cinema brasileiro, mas que também se dedica às artes da cena, ao ter suas composições presentes na dança, teatro e performance.
Assim, nessa zona mista de produções diversificadas entre áreas e linguagens temos também na equipe a diretora de fotografia Manoela Rabinovitch e, como segunda câmera e montagem, Gabriela Bernd, com vasta experiência nas intersecções entre artes e linguagens. À fotografia acrescenta-se a iluminação entre o cinematográfico e cênico de Vinícius Andrade.
Com essa equipe principal, entre diversos outros integrantes, O Amor e a Peste é um convite a esse mergulho nos espaços intersticiais, na experimentação entre linguagens, artes, tempos, ficções e realidades em uma pesquisa e construção ininterrupta firmada entre os atores-criadores Flavia Couto e Pedro Guilherme ao longo de 3 anos na consolidação desse projeto.

Sinopse
A peça, que se dividia em dois fragmentos realizados em dias distintos na versão caseira, apresenta hoje em sua composição cinematográfica um roteiro único, mas no qual ainda pulsam esses dois movimentos. O movimento “Da Vida para a Arte” percorre as oscilações do encontro amoroso de Anaïs Nin e Antonin Artaud. Um encontro permeado de um erotismo fantasmático, que permite o espelhamento do casal de atores Flavia Couto e Pedro Guilherme no momento atual, em que partilham a experiência de viver uma relação afetiva em meio ao confinamento de uma pandemia desgovernada.
O segundo movimento, “Da Arte para a Vida”, transpõe o abismo de um fim de encontro afetivo para os destroços de um país, ele dá um salto no tempo, transpassando e costurando tempos, entre uma Paris de 1933 numa efervescência do nazismo, imersa na mediocridade e uma São Paulo de 2021 asfixiada pela pandemia em um Brasil de bestas de verde-amarelo.
A versão cinematográfica da peça tem um roteiro único mas que flui como um rio entre dois movimentos, entre o ápice e a queda, entre luzes e trevas, entre tempos, entre abismos, entre um gozo e um luto. O encontro entre Anais e Artaud se reflete no do casal de atores Flavia e Pedro, a ficção invade a realidade, uma ficção composta a partir de vestígios deixados por artistas de outra época, mas que encontram sua cicatriz no momento atual. Os personagens e atores se contaminam, se misturam, construindo pontos de convergência entre textos, que conduzem o discurso da peça.

Cia Provisório-Definitivo
Criada em 2001 por formandos em Artes Cênicas na ECA-USP, a Cia. Provisório-Definitivo comemora 20 anos. Cia. premiada, em 2018 representou o Brasil no Festival Damai Super Live em Chengdu, na China, com As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo – duas indicações para o Prêmio Shell 2013 (Melhor Direção e Melhor Iluminação). Sua última montagem, A(g)ora – O Ontem Que Me Fez Ser Hoje foi recentemente apresentada de forma online comemorando os vinte anos de grupo.
A cia prosseguiu nas comemorações com o solo O Desejo do Outro, de Pedro Guilherme, também exibida de forma online. Dadesordemquenãoandasó foi contemplada com o Prêmio Zé Renato de Teatro – 2015 e o Proac Circulação – 2017. O espetáculo Gangue foi o grande vencedor do Prêmio FEMSA em 2013, sendo premiado em três categorias (Melhor Espetáculo Jovem 2012, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante), Pelos Ares venceu o Prêmio de Melhor Peça Infantil no Cultura Inglesa Festival (2010); e Família Dragão foi indicada ao Prêmio FEMSA 2009 de Melhor Ator Coadjuvante.
Já Todo Bicho Tudo Pode Sendo O Bicho Que Se É ganhou o Prêmio Funarte Petrobrás para Montagem de Textos Inéditos e indicação ao Prêmio FEMSA 2007 de Melhor Autor – Pedro Guilherme. Seu espetáculo de estreia, Verdades, Canalhas, foi premiado em todos os festivais que participou. A Cia. tem na sua trajetória seis espetáculos adultos, cinco infantis e um espetáculo jovem. Participou de inúmeros festivais e projetos de circulação teatral.
Núcleo do Desejo
O “Núcleo do Desejo” é fundado por Flavia Couto e tem a colaboração de diversos artistas, como Antônio Januzelli, Pedro Guilherme, Donizeti Mazonas, Maria Fernanda Vomero, convidados para criação/pesquisa de projetos sobre o erotismo nas artes e buscando uma escrita da cena que foge do convencional, utilizando de diários, cartas, poesia e investigando a alquimias entre narrativas poéticas, políticas e estéticas audiovisuais, corporais na cena teatral.
- 2021 – O Amor e a Peste (experimento cênico online);
- 2020 – O Tablado Lírico de Hilda Hilst parte 2 e O Tablado Lírico de Hilda Hilst parte 1 – Programação online da biblioteca Mário de Andrade;
- 2019 – Escrituras Desejantes – Abertura de Processo no Teatro Zanoni Ferrite em 17/08/2019 – São Paulo. ProAc Bolsa de Aprimoramento – Curso intensivo e residência no Théâtre Le Colombier com Roberta Carreri do Odin Teatret e Fabio Sforzini do Théâtre des Grands Chemins. Les Cabannes. França.
- 2019/2018/2017 – Anais Nin à flor da Pele Direção: Aline Borsari. Festival MigrActions – no Théâtre de l’Opprimé – Paris. SESCs, Circulação em todos Centros Culturais Banco do Nordeste, Mostra Poéticas da Resistência. Esteve em Cartaz no Viga Espaço Cênico e na Oficina Cultural Oswald de Andrade na cidade de São Paulo e estreou em 2017 em Paris no Teatro Regard du Cygne.
- 2016 – Floema – De Hilda Hilst – Direção Donizeti Mazonas. Esteve em cartaz na Casa do Sol – Instituto Hilda Hilst e no Viga Espaço Cênico.
Cinematográfica Marcela
Fundada em 2012 pela cineasta Marcela Lordy, a Cinematográfica Marcela é uma produtora de cinema, televisão e projetos multiplataforma de caráter cultural comprometidos com inovação de linguagem. A produtora consolida parcerias para realizar as obras de sua autoria.
Ao longo dos últimos anos, foi coprodutora do curta ‘aluga-se’, com a bigBonsai e produtora associada do documentário Ouvir O Rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles, do Instituto Itaú Cultural e Movie&art, ambos exibidos e premiados em festivais nacionais e internacionais. Também é coprodutora dos longas metragens de ficção O Livro dos Prazeres, com a bigBonsai e a Rizoma Films e Aline, com a Klaxon Cultura Audiovisual e a Kromaki.
Serviço
Local: Canal do YouTube “O Amor e a Peste”
Exibições de 26 de novembro a 05 de dezembro
De sexta a domingo, sempre às 21h
Duração: 61 minutos
Classificação: 14 anos
Gratuito
Ficha Técnica

Experimento cênico audiovisual realizado em sistema colaborativo
Concepção e roteiro: Flavia Couto e Pedro Guilherme
Direção: Marcela Lordy
Provocação de roteiro e cena: Marcela Lordy e Vera Hamburger – Laboratório Fronteiras Permeáveis
Direção de arte e cenografia: Vera Hamburger
Figurinos: Maria D’Cajas
Ateliê e Acervo: D’ Cajas | vestuário cênico & taylormade
Visagismo: Flavia Couto, Maria D’Cajas e Pedro Guilherme
Direção de fotografia: Manoela Rabinovitch
Iluminação: Vinícius Andrade
Segunda câmera: Gabriela Bernd, Flavia Couto e Pedro Guilherme
Montagem: Gabriela Bernd
Trilha sonora : Edson Secco
Assistente de Edição de Som: Marcelo Machado
Som direto: Leo Grego
Assistência de iluminação e operação de projeção: Pablo Perosa
Assistência de produção: Paloma Dantas
Cenotécnicos: Fábio Lima, Pedro Augusto, Pedro Guilherme.
Texto Pandêmico João Paulo Charleaux
Finalização de som: Sonideria
Músicas: Os lagartos estão a espreita, O dia em que minha terra Sangrou, Asfalto, Chaise de mars, Tensão, Banheiro Nazista, Trovoada.
Produção executiva: Flavia Couto e Pedro Guilherme
Ficha técnica do experimento cênico online “O Amor e a Peste” – realizado na casa dos próprios atores entre fevereiro e abril de 2021
Direção, dramaturgia e atuação: Flavia Couto e Pedro Guilherme
Provocadores cênicos: Donizeti Mazonas e Maria Fernanda Vomero
Trilha sonora: Edson Secco
Figurinos: Maria D’Cajas
Colaboração em corpo cênico: Lara Dau Vieira
Operação de vídeo e som: Paula Arruda
Arte gráfica: Flavia Couto
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