Por: Larissa Regina Diniz 16/11/2020

O Feitiço dos Espinhos (Margaret Rogerson)

“Conhecimento sempre tem potencial para ser perigoso. É uma arma mais poderosa do que qualquer espada ou feitiço.” (O Feitiço dos Espinhos – Margaret Rogerson)

Segundo livro da autora Margaret Rogerson, e primeiríssimo lançamento da editora Literalize aqui no Brasil, O Feitiço dos Espinhos chegou cativando todos os leitores de fantasia, seja pelo carisma de seus protagonistas, seja por contar uma história usando um sistema de magia que mistura elementos já conhecidos com algumas novidades que não estávamos tão acostumados a encontrar nas fantasias que chegam por aqui.

Mas sobre o que é a história?

Elizabeth é uma órfã que cresceu cercada pelos Guardiães de umas das Grandes Bibliotecas de Austermeer. Aqui, ela aprendeu que feiticeiros são seres maléficos, que demônios não são confiáveis, e que livros podem ser muito perigosos, principalmente se forem grimórios cheios de personalidade e magia, capazes de causar muita destruição se libertados.

No entanto, uma sabotagem na segurança da biblioteca acaba resultando na morte da diretora, e Elisabeth é posta no meio da encrenca. Pela primeira vez, ela vai sair da biblioteca onde cresceu e enfrentar o mundo atrás de respostas sobre o verdadeiro culpado. E claro, no meio do caminho vai arranjar fortes aliados como o feiticeiro Nathaniel, e seu mordomo, o demônio Silas, fazendo a garota perceber que talvez nem tudo que ela aprendeu na biblioteca seja verdade…

“Você pertence à biblioteca, tanto quanto qualquer livro.” (O Feitiço dos Espinhos – Margaret Rogerson)

Inicialmente, o que mais me cativou na história foi a existência dos grimórios. Sinceramente, que ideia legal!!! Me faz pensar em como um elemento tão utilizado em histórias de RPG e vídeo-games não tenha encontrado tanto espaço nas histórias de fantasia contemporâneas. Com essa pequena renovação da ideia dos grimórios, O Feitiço dos Espinhos criou problemas fáceis de entender, pois não é um elemento desconhecido para os leitores, mas com aquela carinha de coisa nova.

Elizabeth é uma personagem de muita garra e pró-atividade, com ações que realmente fazem o plot se mover pra frente. Apesar disso, me desculpa Elisabeth, mas pra mim os verdadeiros protagonistas dessa história são o Nathaniel e o Silas.

Carismáticos, engraçados, com um backgroud super interessante, a química entre esses dois personagens é OURO!! Eu, pessoalmente, acho que se a história tivesse sido trabalhada para ter o Nathaniel como protagonista, teríamos tido discussões e sentimentos ainda mais intensos a serem trabalhados… mas enfim, temos o que temos.

A narrativa é bem fluida, e conta sobre um universo e sociedade que me deixaram sempre querendo saber mais. E esse, na verdade, talvez seja uma das únicas críticas mais fortes que tenho sobre esse livro.

O universo de O Feitiço dos Espinhos trás ideias tão boas que fique decepcionada ao ver como a autora sempre contornou assuntos mais difíceis, ou explicações que precisavam de mais elaboração, tomando o caminho mais fácil. Isso acabou me dando a impressão de uma história que tinha potencial de ser fenomenal, mas acabou sendo apenas muito boa (o que é ótimo, mas você entende que DAVA PRA SER MAIS??!!)

Como um volume único, o livro entrega um encerramento muito satisfatório, e é uma leitura que recomendo demais tanto pra quem quer começar no gênero da fantasia, quanto pra quem já está mais calejado, visto que temos vários elementos não usuais rolando por aqui.

Como adendo, eu diria que essa história é uma mistura de Kuroshitsuji e Ao no Exorcist, com o plot twist de Fullmetal Alchemist. E adiciona uma espada aí pra dar certo no roteiro hahahahaha Se você já é fã de um ou outro, recomendo dar uma olhada nessas referências, pode ser que você curta!!

Classificação da Larissa (@cons.ciencialiteraria): 4 estrelas

PS: Por que o nome do livro é Feitiço dos Espinhos, afinal? Nada a ver com o plot do livro, não sei quem teve essa ideia não kkkk