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Por: Letícia Bortoleto Vargas 15/03/2022
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Sísifo faz curta temporada no Teatro Sérgio Cardoso em São Paulo

Espetáculo conecta a mitologia ao caótico mundo hiperconectado e ao Brasil dos memes. São 60 cenas curtas interpretadas pelo ator Gregório Duvivier, que também assina o texto com o diretor Vinicius Calderoni

Após temporadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Portugal, o monólogo Sísifo, de Gregório Duvivier e Vinicus Calderoni, reestreia presencialmente no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte, para temporada de 1º a 17 de abril de 2022. A produção é de Andréa Alves, da Sarau Cultura Brasileira, responsável pela idealização de espetáculos como ‘Elza’, ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e o recente ‘A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa’.

A travessia talvez seja a grande protagonista de ‘Sísifo’. Inspirado no mito grego – do homem que carrega diariamente sua pedra morro acima para vê-la rolar ladeira abaixo e começar tudo de novo –, o texto conecta a mitologia ao caótico mundo hiperconectado e ao Brasil dos memes. Tal panorama aparece em 60 cenas curtas, assinadas por Gregório e Vinicus neste trabalho que marca o início da parceria destes dois artistas multifacetados.

Sísifo
Sísifo Mostra Oficial Festival de Curitiba (créditos da foto: Annelize Tozzeto)

“Sísifo é o gif fundador da mitologia histórica, com essa ideia de eterno retorno. Percebemos como isso dava combustível para falar do momento histórico brasileiro, ao mesmo tempo em que falamos sobre travessia, sobre um trajeto que é preciso seguir. Não se chega a um novo Brasil sem passar por um Brasil distópico. Não se chega a um lugar sem passar por outro”, analisa Calderoni, autor das premiadas ‘Ãrrã’, ‘Elza’ e ‘Os Arqueólogos’, que também assina a direção do trabalho.

Em cena, Gregório Duvivier repete o mesmo movimento constantemente: caminha de um ponto a outro do palco. A cada início de uma nova cena, ele retorna ao ponto inicial, como em um gif, formato de imagem altamente difundido no universo digital. A investigação cênica neste formato deu origem ao trabalho, que incorporou outras características das novas formas de comunicação.

Se os memes e gifs são capazes de resumir uma situação às vezes complexa em apenas uma imagem, a ideia em ‘Sísifo’ é de poder falar sobre temas bem diversos em uma única cena, ou em uma das travessias que Gregório faz pela rampa que ocupa o palco, elemento central da cenografia de André Cortezindicado ao Prêmio Cesgranrio por este trabalho

Sísifo
Sísifo Mostra Oficial Festival de Curitiba (créditos da foto: Annelize Tozzeto

Desta forma, as cenas apresentam um vasto panorama do caótico mundo contemporâneo, com todo o seu excesso de informação e tecnologia. Entre os muitos temas pelos quais o texto passa, entram em pauta os influenciadores digitais, alguns absurdos nas transmissões ao vivo pelas redes sociais, o complexo momento político brasileiro e até mesmo as desilusões pessoais em um mundo hiperconectado.

A produção ainda tem figurino de Fause Haten, iluminação de Wagner Antônio, direção musical de Mariá Portugal e direção de movimento de Fabrício Licursi.

SOBRE O ENCONTRO ENTRE OS ARTISTAS

A estreia deste trabalho aconteceu em 2019 e selou o encontro entre dois representantes de uma geração que cresceu no ambiente virtual e cujo talento artístico se manifesta nas mais diversas frentes. Cria do Tablado, a tradicional escola teatral carioca, Gregório Duvivier despontou para o sucesso em espetáculos de improvisação (o precursor Z.E. – Zenas Emprovisadas) e seguiu carreira como ator e também escritor de poesia, crônica e roteiros para a televisão, cinema e para os vídeos do fenômeno Porta dos Fundos, canal do qual é um dos fundadores.

Do outro lado da ponte-aérea, Vinicus Calderoni dava seus passos no teatro e na música. Após lançar seu primeiro disco em 2007, ele passou a integrar o grupo 5 a Seco, que atualmente roda o país em uma turnê comemorativa por uma década de trabalho. Em 2010, ele fundou o Empório de Teatro Sortido, companhia de teatro quem mantém com Rafael Gomes. O saldo positivo da empreitada é imenso e inclui o Prêmio Shell de Melhor Autor por Ãrrã (2015), o APCA por Os Arqueólogos (2016) e Elza (2018) e o Reverência por ‘Elza’ (2018).

As afinidades artísticas os uniram no final de 2018 para a criação de um trabalho inédito. Com o mote inicial do projeto decidido, eles iniciaram o processo de produção do texto em conjunto. 

Sísifo
Sísifo Mostra Oficial Festival de Curitiba (créditos da foto: Annelize Tozzeto)

SINOPSE

Não se chega a um lugar sem passar por outro. Com este ponto de partida, Gregório Duvivier protagoniza 60 cenas curtas que compõem um vasto panorama do mundo contemporâneo. O solo mescla os universos do mito grego de Sísifo – homem que carrega diariamente sua pedra morro acima para vê-la rolar ladeira abaixo e começar de novo – e do Brasil hiperconectado na era dos memes e gifs.

FICHA TÉCNICA

Elenco: Gregório Duvivier 

Texto: Vinicus Calderoni e Gregório Duvivier 

Direção: Vinicus Calderoni 

Direção de Produção: Andréa Alves

Cenografia: André Cortez 

Iluminação: Wagner Antônio 

Figurino: Fause Haten 

Direção musical: Mariá Portugal 

Direção de movimento: Fabrício Licursi 

Coordenação de produção: Rafael Lydio 

Produção Executiva: Felipe Valle e Flávia Primo 

Produtor Assistente: Matheus Castro 

Assistente de direção: Mayara Constantino 

Projeto Gráfico: Beto Martins 

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Fotografia: Daniel Barboza, Elisa Mendes e Pedro Benevides

Realização: Sarau Cultura Brasileira

SERVIÇO

Sísifo, de Gregório Duvivier e Vinicius Calderoni

Temporada: de 1º a 17 de abril, às sextas e aos sábados, às 21h; e aos domingos, às 17h

Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Nydia Licia

Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – SP

Duração: 60 minutos

Classificação: 16 anos

Capacidade: 827 lugares

Preços: 

R$ 120,00/R$ 60,00 – Plateia VIP

R$ 100,00/R$ 50,00 – Plateia

R$ 50,00/R$ 25,00 – Balcão

Sobre a Amigos da Arte

A Amigos da Arte, Organização Social de Cultura responsável pela gestão dos teatros Sérgio Cardoso e de Araras e diversos programas de difusão cultural e economia criativa, trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e iniciativa privada desde 2004. Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo difundir a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos. Em seus 17 anos, a entidade desenvolveu 12 mil ações culturais, atingindo mais de 25 milhões de pessoas.

Sobre o Teatro Sérgio Cardoso

Localizado no boêmio bairro paulistano do Bixiga, o Teatro Sérgio Cardoso foi inaugurado em 13 de outubro de 1980, com uma homenagem ao ator. Na ocasião, foi encenado um espetáculo com roteiro dele próprio, intitulado “Sérgio Cardoso em Prosa e Verso”. No elenco, a ex-esposa Nydia Licia, Umberto Magnani, Emílio di Biasi e Rubens de Falco, sob a direção de Gianni Rato. A peça “Rasga Coração”, de Oduvaldo Viana Filho, protagonizada pelo ator Raul Cortez e dirigida por José Renato, cumpriu a primeira temporada do teatro.

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