Uma leitura necessária sobre o Holocausto brasileiro, onde mais de 60 mil pessoas morreram em um hospício.
Na indicação da semana, trago um livro- reportagem Holocausto Brasileiro, escrito pela jornalista Daniela Arbex, para te convidar a voltarmos cinquenta anos no tempo, e descobrir uma das histórias mais cruéis, que ocorreu aqui mesmo no Brasil,
Desde que foi lançado em 2013, o livro da jornalista Daniela Arbex, intitulado “Holocausto Brasileiro” vendeu 250 mil exemplares com o polêmico tema que cotidianamente reacende brasas meio adormecidas de uma importante história que povoa o imaginário de barbacenenses e brasileiros: o Hospital Colônia de Barbacena, criado em 1903.
Falo em “brasas adormecidas” porque a história e denúncias abordadas não são novas. Mas a forma como a máquina promocional em torno do livro e agora da série de televisão atua, faz as pessoas imaginarem que tudo o que aparece em fotos preto-e-branco e depoimentos tornou-se público somente nesta obra, fazendo crer que estavam ocultos e não foram alvo de pesquisas, congressos e celeumas por várias décadas. Aliás, foram elas grandes contribuintes para o avanço da luta antimanicomial no Brasil.
Neste livro é retratado através de fotos e entrevistas com os familiares, sobreviventes e funcionários do hospital Psiquiátrico colônia. Uma história marcada com o sangue de 60 mil mortos. É muito importante ressaltar que o Hospital Colônia, foi responsável por essas mortes, além dos traumas e sequelas que os sobreviventes tiveram que enfrentar depois da Colônia.
Tudo nessa narrativa, traz uma auto reflexão, sobre o tema da saúde mental. É de grande importância como o livro aborda esse assunto e de como ele foi tratado durante a Colônia (local do holocausto brasileiro ).
Destaco esses trechos, pois é possível sentir através destas palavras a desumanização que foi para com aqueles que eram pacientes e deveriam ser tratados como tal.
“Os pacientes da Colônia morriam de frio, de fome, de doença. Morriam também de choque. Em alguns dias os eletrochoques eram tantos e tão fortes que a sobrecarga derrubava a rede do município. Nos períodos de maior lotação, 16 pessoas morriam a cada dia e, ao morrer, davam lucro.’’
“Lá suas roupas eram arrancadas, seus cabelos raspados e, seus nomes, apagados. Nus no corpo e na identidade, a humanidade sequestrada, homens, mulheres e até mesmo crianças viravam “Ignorados de Tal; (…) comiam ratos e fezes, bebiam esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram espancados e violentados até a morte”
As imagens deste documento, também chamam bastante atenção, pelo que se é apresentado e chega a parecer inacreditável que isso tudo ocorreu em menos de meio século passado.
Parece uma história de outro século, e de outro continente, mas não é, foi tudo aqui no Brasil e talvez você leitor conheça ou tenha familiares que de alguma forma participaram desse horrível momento que foi vivenciado neste hospital nos anos 1929 a 1990, porém apenas em 1994 que o Hospital foi de fato desativado.
“Holocausto Brasileiro” é um dos melhores livros que já li, em toda a minha jornada literária.
É o tipo de livro que a cada página virada vai te despertando sentimentos diversos. É simplesmente um tapa na cara de uma sociedade que sempre acreditou que vivemos num país de igualdade, sem preconceitos, justo, pois cada vez que alguém remexe no passado, explica porque chegamos ao estado que vivemos hoje. Não precisa nem falar que indico esse livro, não apenas para quem gosta de ler, mas, principalmente, para quem se interessa por conhecer o passado real, menos romântico do nosso Brasil.
Indicamos esse livro, lançado em 2013, mas com um assunto que vai além de seu lançamento sendo necessário para conhecimento mais profundo de uma parte da nossa história e que uma forma mais literal onde qualquer um entenda, não precisa ser nerd para compreender e ter empatia por aqueles que são considerados diferentes (loucos).
*Texto por Pollyanna Santos
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