Mais que amigos, mais do que um filme de romance qualquer
O encontro de duas pessoas que não estavam procurando por nada
Mais que Amigos é uma comédia romântica sobre um casal homoafetivo, onde acompanhamos a relação dos dois se estreitando e algo que não era para ser sério, se tornando mais importante do que ambos pretendiam até chegar ao ponto sem volta (Mas aqui num bom sentido).
Bobby Leiber (Billy Eichner) é um famoso podcaster LGBTQIA+, conhecido por ser um solteiro convicto que não busca relacionamentos profundos, só dates rápidos no Grindr, afinal, ele tem consciência de que é exigente e que todos os homens têm mais músculos do que cérebro.
Engajado na causa, Bobby também se tornou um dos curadores do mais novo museu LGBTQIA+ de Nova York, no intuito de ensinar sobre todas as pessoas na história que eram parte da comunidade, mas foram silenciadas.
A convite de um amigo, Bobby vai a uma balada de lançamento de um novo aplicativo de relacionamentos e é lá que ele conhece Aaron (Luke Macfarlane) que, segundo seu amigo, é chato. E é exatamente isso que ele conta para Aaron, que, felizmente, não se ofende fácil e ali, amigos, temos o começo de toda a relação dos dois.
Ao longo do filme, ambos vão percebendo que podem se abrir, contar coisas que não contavam a ninguém e um, incentiva o outro a não desistir, seguir seus sonhos e enfrentar seus medos. O clichê que a gente já conhece, mas que sempre foi retratado por casais heterossexuais em filmes. Tem cenas de sexo, mas nada tão explícito (classificação indicada é para +16 anos).
Eu particularmente adorei a personalidade do Bobby, de falar o que pensa quando nota que algo está errado. Como a conversa franca que ele teve com a família do Aaron sobre porque as crianças precisam ser expostas à história LGBTQIA+ desde pequenas, para entenderem ser normal, diminuir o preconceito e para conhecerem a si mesmas. Talvez o momento foi um pouco inoportuno, Aaron foi um pouquinho babaca ali, nas atitudes, mas o recado foi dado.
Outra coisa sensacional é ele já acabar de vez com a história de “todo amor é igual”. Está claro que não é, ninguém ama da mesma forma, um relacionamento entre um homem e uma mulher, entre dois homens, duas mulheres… é diferente… A questão a ser discutida é que ser diferente não é ser errado. Todavia, apesar de toda a “desconstrução” do nosso protagonista, Bobby logo mostra que ele já sofreu muito por ser como é e que isso o afeta, sim.
Aaron, por outro lado, também sofreu, mas por esconder quem realmente é seus gostos. Ele odeia a vida e o trabalho dele como advogado e tudo que sempre quis era fazer chocolates fofos, coisa que só contou ao Bobby. Por fora, Aaron sempre tem esse ar de “machão” e detesta parecer afeminado, sensível e até inveja a autoconfiança de Bobby por correr atrás dos próprios sonhos.
O destaque principal são os dois, claro, mas também temos a participação de outros personagens da comunidade que estão lá para batalhar por sua visibilidade no museu, rendendo cenas hilárias, além de contar com várias referências. Juro que tentei, mas nem eu captei todas as referências feitas no filme inteiro (foram muitas).
No geral, o filme não tem nada tão inovador, como comentei, porém, ele passa uma vibe que não dá para espremer num texto, é preciso conferir por si mesmo. Mais que Amigos foi escrito pelo próprio protagonista, Billy Eichner, sendo um filme divertidíssimo (várias risadas na sala de cinema), emocionante e feito para refletir na medida certa. Admito que fui sem expectativas, não dava nada, por conta do nome, principalmente, mas me surpreendi com o quanto gostei.
Mais que amigos estreia nos cinemas do Brasil em 06/10/2023.
Por: Letícia Vargas
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