No Fundo do Cofre: As Animações Esquecidas da Disney
Conheça “O Caldeirão Mágico” e “Planeta do Tesouro”, clássicos da Disney esquecidos pelo público… e pelo estúdio também.
Que a Disney é a responsável por um grande número de clássicos em animação, não temos como negar. Quem nunca cantou o tema de Aladdin e Jasmine, “Um Mundo Ideal”, quando ninguém estava vendo, se emocionou com “O Ciclo Sem Fim” de O Rei Leão ou decorou a letra de “Livre Estou” sem nem precisar ver Frozen de tantas vezes que essa canção foi reproduzida incansavelmente em todos os lugares possíveis?
Pois é, a Disney está no nosso imaginário desde sempre e, com tantas produções lançadas, naturalmente algumas ganham mais destaques que outras e essas, por sua vez, acabam sendo jogadas para escanteio e caindo totalmente no esquecimento.
As vezes, parece até que o estúdio faz questão de manter esses filmes afastados do grande público, contribuindo para seu sumiço e não fazendo qualquer menção a eles em anos e esse é o caso das duas animações que eu trouxe hoje para essa resenha.
A primeira se chama “The Black Cauldron” lançada lá em 1985 e que aqui no Brasil chegou com o título de “O Caldeirão Mágico”.
A história é ambientada em uma terra mística chamada Prydain onde acompanhamos a história do jovem cuidador de porcos Taran. O garoto tem o sonho de se tornar um grande guerreiro quando crescer e se vê colocado a prova quando o mago Dallben lhe dá a missão de impedir o poderoso Rei de Chifres que tem o plano de encontrar uma relíquia mágica com a qual criaria um exército de mortos vivos para dominar o mundo.
Quando assistimos a essa produção, percebe-se que é algo nitidamente diferente do que a Disney vinha trabalhando em seus filmes anteriores. O longa, de temática medieval, tem uma abordagem mais sombria em comparação aos outros, não possui muitas piadas durante a história e também conta com algumas cenas consideradas um pouco pesadas para crianças assistirem.
Por causa de todos esses fatores, o 25º clássico lançado pela Walt Disney Pictures foi o primeiro a entrar na classificação indicativa “PG” nos EUA, que equivaleria a “Proibido Para Menores de 10 anos” aqui no Brasil. O filme também foi bem criticado na época pelos mesmos motivos que citei acima, mas, em minha opinião, é justamente por causa dessas características que o filme se torna tão único e tão interessante.
Claro que “O Caldeirão Mágico” também tem os seus erros como qualquer outra produção cinematográfica e boa parte deles foram causados pelas diversas mudanças realizadas durante a edição, mas ainda assim, o longa se sobressai pela qualidade de sua trilha sonora composta por Elmer Bernstein e também por ser o primeiro filme do estúdio a utilizar computação gráfica em alguns trechos, tecnologia que ainda estava no inicio de sua trajetória na época, mas utilizada de maneira competente e na medida certa nessa produção.
Apesar de ter sua história prejudicada pelo próprio estúdio, a trajetória de Taran, da princesa Eilonwy, da porquinha clarividente Vem-Vem e do estranho – e até irritante – Gurgi vale a pena ser conferida e, assim como o próximo longa que vou comentar aqui, também acredito que poderia ganhar uma nova chance nessa leva de adaptações em live-action que estão sendo produzidas.
Então, sem mais enrolação, o segundo filme se trata de uma aventura espacial e como já dizia Imaginago: “É uma mistura de ‘Piratas do Caribe’ com ‘Star Wars’”.
“Treasure Planet”, lançado aqui no Brasil como “Planeta do Tesouro”, teve sua estreia lá em 2002 e até chegou a ganhar planos para uma sequência que, infelizmente, foi engavetada.
A 42ª animação dos estúdios Disney conta a história de Jim Hawkins, um adolescente problemático que, após receber um mapa de um estranho e quase ser morto em um ataque pirata à estalagem de sua mãe, entra em uma jornada pela galáxia em busca de um tesouro perdido.
Aqui mais uma vez temos uma junção de técnicas de animação tradicional com computação gráfica, mas que foi elevada a um nível muito superior que o mostrado em “O Caldeirão Mágico” graças ao avanço da tecnologia.
A aventura intergaláctica conta com cenários belíssimos, uma ótima trilha sonora (incluindo a banda Jota Quest interpretando o tema “Estou Aqui”, versão brasileira da faixa “I’m Still Here”), personagens cativantes, robôs, seres alienígenas, piratas espaciais, além de um vilão bem construído.
“Planeta do Tesouro” também chegou a ser indicado ao Oscar de “Melhor Filme de Animação” em 2003, mas nem isso foi o suficiente para trazer o sucesso esperado. Então, afinal, o que foi que deu errado?
Pra começar, a data escolhida para a estreia nos cinemas. Não foi nada inteligente colocar a animação para competir com “Harry Potter e a Câmara Secreta”, levando em conta o sucesso que a franquia já fazia naquela época, seja no mundo cinematográfico ou no mundo literário. Então seria quase um milagre se o longa animado fosse um grande sucesso levando em conta o seu adversário direto.
Outro fator que pode ter contribuído seria a diminuição do interesse do público geral em animações 2D, levando em conta a força que a Pixar vinha ganhando depois de grandes sucessos como “Toy Story” e “Monstros S.A.”, animações feitas inteiramente por computador.
Então, no fim, “Planeta do Tesouro” não conseguiu se pagar, também não fizeram nenhum esforço para manter o marketing e divulgação do filme, mandando ele, com uma passagem só de ida, direto para o fundo dos cofres do estúdio, onde permanece até hoje.
É completamente injusto que a história de Jim Hawkins tenha caído no esquecimento, levando em conta a grande aventura que é esse filme, além de conter todos os elementos clássicos que a casa do Mickey Mouse sempre trouxe nos seus longas.
Conclusão: Temos dois filmes lançados pelo mesmo estúdio, ambos cotados como uma grande aposta, um que se distanciava demais da identidade que já vinha sendo estabelecida quando se falava em um filme de Walt Disney e outro seguindo a fórmula exata e com todas as características que faziam todas as produções anteriores terem êxito em suas bilheterias e, no final, os dois tiveram o mesmo destino: o fracasso seguido do esquecimento.
Quem sabe se caso tivessem sido lançados em momentos diferentes e no caso de “O Caldeirão Mágico” também tivessem tido o devido cuidado na construção e desenvolvimento da história, eles poderiam ter sido realmente o grande sucesso que o estúdio esperava e hoje eles seriam lembrados por outros motivos.
Enquanto não temos o anúncio das versões live-action – que eu realmente espero que aconteça um dia – e se você ainda não conferiu essas histórias ou sequer as conhecia, Jim Hawkins e Taran te aguardam ansiosamente nas suas versões animadas lá no catálogo do Disney Plus, então não perca mais tempo e aproveite… eu garanto que vai valer a pena.
Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.
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