O longa “Boa Sorte, Leo Grande” da Paris Filmes retrata questionamentos e conflitos sobre idade, sexualidade e conhecimento do próprio corpo, mas é superficial e não prende a atenção do público

Nesta quinta (21) estreia o novo longa da Paris Filmes, “Boa Sorte, Leo Grande”, enquadrado no gênero drama e comédia erótica, mas vemos muito mais drama do que a própria comédia erótica que a sinopse nos vende.

Nancy Stokes (Emma Thompson), uma viúva aposentada, contrata um jovem garoto de programa, Leo Grande (Daryl McCormack), para curtir uma noite de prazer e auto-descoberta depois de uma vida sem-graça de casada. Em um quarto de hotel acontece o primeiro encontro do casal, formalmente ambos começam a se conhecer, mas somos pegos de surpresa ao perceber que Nancy está precisando muito mais de uma terapia do que de uma noite de prazer, diversão e muito sexo.

Leo, por sua vez, está demasiadamente confortável com a situação e sabe o que precisa ser feito, afinal ele foi pago para estar ali e prestar seus serviços, o que ele não esperava é que fosse precisar ser terapeuta de uma viúva que nunca presenciou o orgasmo e conheceu seu próprio corpo.

Em nenhum momento o rapaz com seus 20 e poucos anos pareceu preocupado com a aparência, idade, corpo ou inseguranças de Nancy, mas a mesma tinha perspicácia de fugir do assunto, e do próprio rapaz, quando era falado a palavra “sexo” ou havia demonstração de proximidade e carinho de Leo.

Precisou de um pouco mais de 40 minutos para que a personagem engajasse nas lábias do garoto de programa e enfim liberasse a tensão sexual que a própria havia feito questão de deixar pesar o clima, nos fazendo ficar esperando por algo que nem é mostrado a nós, sendo assim, não sabemos como foi para ambos a tal 1ª vez do casal.

Logo somos arremessados ao 2ª encontro, também no hotel e no mesmo quarto, a personagem de Emma fez uma lista de coisas que ela gostaria de fazer — como uma boa virginiana, mas como ela poderia querer tanto para um único dia se ela mesma não estava preparada? O encontro foi péssimo e não saímos da sensação de: esse filme não acaba nunca?

E digamos que o 3º encontro foi pior de todos, já que Nancy não suportou a curiosidade e ansiedade — o que me leva a pensar, novamente, ela ser de virgem — de colher informações sobre Leo, além de quebrar todo e qualquer laço que eles poderiam aproveitar na situação confortável que haviam criado, começou a falar tudo o que não precisava.

Apenas no final do filme, aos 45 minutos do 2º tempo, que o casal aproveitou para realizar o que a sinopse nos vende: sexo e autoconhecimento. O roteiro é fraco, além de manco e inconsciente, não aproveita o tempo e os atores, que poderiam entregar muito mais de si para o público, nos deixando insatisfeito e com a sensação de tempo perdido. A fotografia é simples com tons de azul e nos passa exatamente a sensação de frieza, falta de profundidade e não transmite nada melhor do que superficialidade e relações rasas.

*Texto por Caroline Dias

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