
“O Diário de Bridget Jones” e os desafios e cobranças da vida adulta
O que a protagonista britânica nos ensina sobre expectativas, crescimento e a vida adulta.
As comédias românticas são, discutivelmente, um dos gêneros mais populares e antigos do cinema, sendo o primeiro filme de comédia romântica, Sherlock Jr., ainda parte do cinema mudo, em preto e branco e lançado em 1924. O gênero explora as aventuras já conhecidas da categoria romance, de forma mais humorística e leve. Alguns dos mais populares da nossa época sendo: Vestida Para Casar, 10 Coisas que eu Odeio em Você, Harry e Sally – Feitos Um para o Outro e, claro, O Diário de Bridget Jones.

Inspirado nos de livros de Helen Fielding, o primeiro filme, intitulado apenas O Diário de Bridget Jones, foi dirigido por Sharon Maguire e lançado em 2001. O filme foi bem recebido no lançamento e rendeu uma indicação ao Oscar, quatro indicações ao BAFTA e duas indicações ao Globo de Ouro, todas em 2002. Além, é claro, de se tornar o favorito para vários fãs do gênero.
O filme acompanha Bridget Jones (Renée Zellweger), uma jornalista solteira de 30 anos que, em uma de suas resoluções de ano novo, decide documentar sua vida em um diário. A trama gira em torno de suas relações familiares e amorosas, além de seus hábitos e rotina.
O que traz um destaque para o filme é: Bridget é um completo desastre, segundo todos os que convivem com ela. Aos trinta, ela se vê em um impasse ao ser uma das poucas pessoas em seu ciclo social que ainda é solteira e sem filhos. Na carreira, ela se vê presa a um emprego onde os colegas de trabalho a aborrecem de várias formas. E se tudo já parece ruim até aqui, quando o tópico é amor, tudo piora.
Bridget tem uma queda (acho que precipício seria a palavra mais adequada) pelo seu chefe, Daniel Cleaver. Daniel, interpretado por Hugh Grant, é o editor chefe de onde Bridget trabalha e, no que diz respeito à sua personalidade, é um completo babaca. Isso, obviamente, não impede Bridget de se relacionar com ele e, de forma mais realista do que estamos dispostos a admitir, fantasiar sobre se casar com ele e viver feliz para sempre. O que não acontece, é claro. Daniel acaba traindo Bridget, o que ataca ainda mais sua autoestima, que já é muito baixa. E o fato de ela constantemente buscar validação masculina, pelo menos no começo, não ajuda muito seu caso.
O tópico autoestima é muito bem representado no filme e no livro. Bridget é insegura, tem problemas com o próprio peso por ser considerada gorda por todos ao seu redor, se envolve em dietas irresponsáveis e, acima de tudo, é muito insegura quando o assunto é sua inteligência e competência. Você se identifica com Bridget porque não há nada de errado com ela, mas ela acredita que há. Quem nunca, não é mesmo?
O fato dela viver em um ambiente que não a favorece e com pessoas que a diminuem não ajuda. Ela é sempre a amiga gordinha, atrapalhada e que faz todo mundo sentir vergonha alheia. Quem iria querer uma mulher dessa, não é mesmo? E é aí, então, que entra Mark Darcy.

Mark, interpretado por Colin Firth, é uma clara referência ao Mr. Darcy, de Orgulho e Preconceito, e é o segundo interesse romântico de Bridget. Diferente de Daniel, ele é apresentado como um homem inteligente, culto e o completo oposto de Bridget, que é uma bagunça em pessoa. Durante o primeiro romance, o triangulo amoroso entre Bridget, Daniel e Mark divide opiniões, e teve gente que torceu pros dois, mas é inegável que Mark e Bridget são o melhor par possível pra história.
Isso porque, em um momento emblemático do filme depois que eles já brigaram bastante, Mark diz a Bridget que goste dela do jeito que ela é. Essa declaração choca até os melhores amigos de Bridget, Jude, Tom e Shazza, que ao ficarem sabendo, questionam se ele não a preferiria mais magra ou mais inteligente. Porque é inacreditável que alguém ame Bridget com todos os defeitos que ela tem, ora, quem teria a coragem, não é mesmo? Nem preciso dizer que eles terminam o primeiro livro juntos.
No segundo romance, Bridget Jones no Limite da Razão, e no terceiro, O Bebê de Bridget Jones, a relação de Mark e Bridget é explorada de forma mais aprofundada, sendo o segundo filme sobre as inseguranças que ela sente em relação ao namoro, já que o tempo passa e ele não a pede em casamento, e no terceiro, eles estão separados, ela grávida e sem saber quem é o pai do bebê.
A grande questão da história é: Muitas das cobranças que Bridget sofre são absurdas. Principalmente o fato dela ser solteira e sem filhos aos trinta. Porque, é claro, mulheres foram criadas para casar e procriar, como ela ousa tentar focar em uma carreira e crescimento pessoal sem priorizar um relacionamento?
O triste de tudo isso é que a história dela é muito realista. Quantas mulheres que estão chegando ou passando dos trinta não possuem essas cobranças cada vez mais? Opinam sobre seu peso, sobre seus relacionamentos, sobre seu emprego e diminuem todos os seus esforços de ser feliz do seu jeito. No caso de Bridget, o maior exemplo dessas cobranças e inconveniências talvez seja sua mãe, Pam Jones, que tenta juntar ela com Mark Darcy a todo custo pra que ela não “fique sozinha”.

Bridget não é nenhuma heroína. Ela é uma mulher totalmente normal, presa em uma rotina e cheia de cobranças que fazem com que ela crie inseguranças sem sentido. Tanto que, assim que ela troca de emprego e sai da rotina, ela fica mais feliz, a ponto de ter confiança o suficiente para se relacionar com alguém que gosta dela de verdade.
Além disso, mesmo quando ela finalmente consegue um namorado, o relacionamento não é perfeito. É conturbado, instável e cheio de perguntas sem resposta, assim como vários relacionamentos. Bridget é fictícia, mas é muito real por ser um retrato de tantas pessoas, não só mulheres, que veem a idade chegar, o tempo passar e a insatisfação crescer. Nos vemos nela, independentemente da idade, porque ela é o reflexo de muitos de nós, e de nossas inseguranças, e por isso Helen Fielding merece “parabéns” por conseguir criar uma personagem tão caótica a ponto de ser de verdade.
Acho que o que podemos aprender com ela é que não adianta tentar se colocar em uma caixa que as pessoas criam pra nós. Tudo tem seu tempo, e cada um tem um tempo diferente. Expectativas externas só atrasam nosso desenvolvimento, que é algo nosso. E não tem problema nenhum em não ser bom falando em público, não estar casado e com filhos aos 30 ou ter um bunda do tamanho do Brasil (palavras da própria Bridget, não minhas), o que importa é alcançar os propósitos que te fazem feliz, seja o que for. Como ela mesma diria: “Pesquisas comprovam que felicidade não vem do amor, riqueza ou poder, mas da conquista de objetivos alcançáveis. “
Texto por Thais Moreira
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