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Por: Ana Paula Castro 17/08/2021
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“Eternos Companheiros”, uma típica história de cachorro, só que diferente | Crítica

Eternos Companheiros é um drama chinês de 2019 que chega ao Brasil na quinta, 19 de agosto, com distribuição da A2 Filmes

Eu não gosto tanto de escrever críticas em primeira pessoa. Apesar do formato ser válido e considerando que a crítica nada mais é do que uma opinião, única e particular, sinto que consigo me colocar melhor como observadora escrevendo em terceira pessoa. Porém, dessa vez eu não consegui. Para mim é impossível falar de Eternos Companheiros em terceira pessoa, porque o filme me atingiu de forma muito pessoal.

Tenho plena ciência de que o gênero “filme de cachorro” não é para qualquer um. Muitos o consideram superficial, repetitivo e uma fórmula de emoção apelativa, simplória e barata. De fato, posso até considerar estes filmes repetitivos em algum nível, mas nem de longe poderia chamá-los de superficiais, simples ou apelativos.

Infelizmente, o amor da relação entre um ser humano e seu animal de estimação é algo que só entende quem vive, por isso nem vou perder tempo tentando explicar porque os “filmes de cachorro” sempre me emocionam de alguma forma e porque é muito difícil que eu os ache ruins.

Mesmo tendo tudo para me agradar e de já ir assistir ao filme sabendo que adoraria, Eternos Companheiros ainda conseguiu me surpreender.

Eternos Companheiros (2019) - cartaz oficial

O longa chinês de 2019 estreia no dia 19 de agosto de 2021 nos cinemas brasileiros, com distribuição da A2 Filmes. Dirigido por Wing-Cheong Law e protagonizado por Simon Yam (Lara Croft: Tomb Raider – A Origem da Vida e O Grande Mestre 1 e 2), Eternos Companheiros é baseado no romance japonês The Life of Quill, the Seeing-Eye Dog (versão internacional do livro Mōdōken Kuīru no Isshō), de Ryohei Akimoto e Kengo Ishiguro, que chegou a 300 milhões de leitores na Ásia.

Além de ser baseado em uma história real, o livro é muito mais popular que o filme japonês que lhe deu origem e por isso ganhou também uma versão cinematográfica chinesa, mais precisamente de Hong Kong, com algumas mudanças na história original feitas pelo diretor Wing-Cheong Law.

Confesso que não sou uma grande conhecedora dos dramas chineses, mas posso me considerar conhecedora e amante dos “filmes de cachorro” ocidentais. E é aí que Eternos Companheiros chega para me pegar pelo braço com força e não soltar mais.

Enquanto a maioria dos filmes ocidentais do “gênero” focam na comédia, no máximo uma aventura, Eternos Companheiros traz um drama denso e significativo, que emociona muito antes do plot principal começar a acontecer.

No filme, conhecemos a história de Little Q, ou Xiao Q, uma fêmea de labrador que foi desde cedo treinada para se tornar um cão-guia. Quando seu treinamento está completo, ela é enviada para Lee Bo Ting, ou Li Baoting (Simon Yam), um chef de cozinha, especialista em doces e dono da própria confeitaria, que perdeu a visão recentemente e não consegue lidar com sua nova situação no arco inicial.

O primeiro ponto interessante de Eternos Companheiros é justamente este personagem. O Sr. Lee, como o chamam, não é tão fácil de digerir. Ao contrário, o mais fácil é detestá-lo e pensar em como alguém pode ser tão cruel. Também é muito fácil esquecer que ele não está vendo a cena com os nossos olhos e por isso se apaixonar pela fofura de Xiao Q é muito mais difícil para ele.

Some-se a isso sua crença de que para ser um bom cozinheiro é preciso usar seus cinco sentidos, um dos quais ele não mais possui, e temos um homem amargurado com a vida, perdido no seu propósito pessoal, sem saber o que fazer e achando que a falta da visão lhe fez perder muito mais do que a capacidade de enxergar.

Xiao Q chega em sua vida nesse momento, quando ele não mais encontra motivos para querer viver, que dirá ter um cachorro. Sr. Lee tenta afastar a cão-guia de todas as formas, chegando a expulsá-la de casa, por não acreditar que ela pode lhe ajudar, visto que seu problema é muito maior que a visão, embora ele teime em não reconhecer isso.

Eternos Companheiros (2019) - A2 Filmes

Como já esperado, Xiao Q consegue conquistá-lo com sua lealdade e ensiná-lo a confiar novamente, não apenas nela, mas principalmente em si mesmo. Ao longo da trama, vamos acompanhando o desenvolvimento da relação dos dois e o inevitável envelhecimento que pode separá-los.

O segundo ponto que merece destaque em Eternos Companheiros e que o diferencia dos demais “filmes de cachorro” é o quanto ele é informativo sobre os cães-guia. Apesar do Sr. Lee chamar atenção por ser o personagem mais denso da trama, o filme é sobre a história de Q, do nascimento até a morte, e com ela aprendemos também sobre os cães-guia, suas particularidades e sobre as muitas pessoas envolvidas em todo o processo de criação, treinamento, adoção e cuidados especiais deles. Se você tiver curiosidade sobre esse assunto, o longa é uma excelente forma mais lúdica de se informar sobre o tema.

Eternos Companheiros (2019) - A2 Filmes

Pondo todo o drama cinematográfico de lado, é realmente muito interessante observar a diferença que eles fazem na vida dos deficientes visuais. Não é à toa que esse filme levou bons quatro anos de preparação antes das filmagens começarem, com treinamento especial de toda a equipe envolvida, para que soubessem como tratar os cães-guia no set, bem como a convivência com os deficientes visuais que possuem cães-guia, um cuidado que não é tão comum na produção cinematográfica de Hong Kong.

Destacaria como único ponto negativo de Eternos Companheiros o fato de que a mesma mensagem poderia ter sido passada se o filme fosse um pouco mais curto. Algumas sequências ao longo da narrativa não fazem tanta diferença para a história, sendo apenas uma via de provocação de emoção e ação para um filme que já consegue fazer isso sem muito esforço, o que pode torná-lo um pouco arrastado para os menos emocionados (o que definitivamente não é o meu caso).

Portanto se você é emocionado como eu, se gosta de cachorros, tem um animal de estimação ou apenas entende essa sensação, Eternos Companheiros é uma ótima pedida. Não falha em provocar inúmeras emoções, tem uma trilha sonora impossível de não ser notada, capricha na interação entre pessoas e animais, informa tanto quanto conta uma boa história e possui um grande potencial de lhe fazer chorar do início ao fim. E não se preocupe, nenhum animal foi maltratado durante as filmagens.

Eternos Companheiros estreia nesta quinta, dia 19 de agosto, nos cinemas brasileiros.

Classificação do Autor

Avaliação: 4.5 de 5.

*Texto por Ana Paula Castro


Leia também: “Vida de Cão”, documentário que acompanha a jornada de cães de rua em busca de segurança, estreia em 20/8

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