O novo filme da A24, “Fale Comigo”, estreia nesta quinta-feira, 17/08, exclusivamente nos cinemas.

Aclamado pela crítica especializada nos EUA, a Diamond Films traz aos cinemas brasileiros nesta semana “Fale Comigo” e já é praticamente unânime que esse longa é mais uma escolha de sucesso da A24, mesmo estúdio responsável pelos marcantes “Hereditário” (2018) e “Midssommar” (2019). E, sim, todo esse burburinho é realmente justificável.

Em “Fale Comigo” (“Talk to Me”, no original) vamos acompanhar a jornada de um grupo de adolescentes que decidem falar com os mortos através de uma estranha porcelana no formato de uma mão. Entre eles temos Mia (Sophie Wilde), uma moça que não tem um bom relacionamento com o seu pai desde a morte de sua mãe e os irmãos Jade (Alexandra Jensen) e Riley (Joe Bird) que são amigos e uma segunda família para Mia. 

Então, em uma noite as coisas saem completamente do controle e eles vão descobrir que talvez não devessem falar com os mortos com tanta frequência.

É impressionante como esse filme consegue capturar a nossa atenção desde a primeira cena. A tensão de um rapaz em busca de seu irmão, a sensação de que algo está muito errado, o mal iminente e a absoluta fixação de uma multidão em registrar para as redes sociais até os mais grotescos acontecimentos apenas com o objetivo de acumular likes, mas nunca ajudar efetivamente.

E após a ótima abertura que “Fale Comigo” nos oferece, não tem como não ficarmos ansiosos para presenciar o que vem a seguir e já adianto que o desenrolar da história em momento algum se torna entediante, pelo contrário, o roteiro nos coloca em uma constante crescente fazendo a produção ganhar diversos pontos nesse quesito. 

Não faltam filmes de terror por aí que abordem o mundo dos mortos e possessões, mas o longa dirigido pelos irmãos youtubers Michael e Danny Philippou consegue trazer um leve frescor para um assunto que por si só já seria batido, tudo isso conduzido por personagens carismáticos que ganham o nosso interesse desde o início.

Depois da primeira experiência de Mia com o estranho objeto, entramos em um misto de euforia com a consciência de que é uma péssima ideia jogar esse jogo, mas, ainda assim, silenciamos essa voz dando lugar a empolgação e adrenalina de vê-lo sendo jogado novamente. E tudo isso é compartilhado com os personagens em tela.

Sophie Wilde entrega uma performance, no mínimo, hipnotizante. Ela nos transmite toda aquela vibração que sentimos quando estamos no auge da adolescência, mas também dá conta de expressar, com facilidade, toda a dor que a sua Mia ainda carrega pela perda da mãe e o não conformismo de como toda a situação se deu. É muito provável que a vejamos em produções cada vez maiores nos próximos anos.

No quesito técnico, é absurda a qualidade e o tratamento de som que essa produção possui e arrisco dizer que é uma das melhores que já ouvi quando se trata de um filme de terror. Você até pode estar acostumado e não se assustar mais com jump scares, mas te garanto que, com esse design de som, você não terá nenhuma escapatória e, quando menos esperar, estará saltando na poltrona.

Inclusive, o primeiro ponto de virada dessa história vai ficar por um bom tempo na minha memória, em parte pelo desconforto que senti durante essa sequência extremamente gráfica, mas também pelo excelente trabalho dedicado ao áudio. E esse é mais um ponto positivo para o longa.

A produção também entrega um ótimo trabalho de maquiagem, nos apresentando mortos esteticamente grotescos e a fatídica mão já está pronta para entrar no hall de objetos amaldiçoados icônicos e dividir espaço com o tabuleiro Ouija, a luva de Freddy Krueger e a boneca Annabelle.

Com pouco mais de uma hora e meia de duração, uma história envolvente e uma sequência já confirmada pela A24, “Fale Comigo” é mais uma lembrança de que o gênero de terror definitivamente ainda está vivo e pode proporcionar uma experiência divertida (e assustadora) para aqueles que se arriscarem. 

Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.