Maria e João: O conto das bruxas versão 2.0
Uma versão mais madura e sombria de um conto clássico
Acreditem, a ordem dos nomes (Maria e João) não é a única mudança nesse filme. Esqueçam aquele conto infantil com duas criancinhas e uma casa de doces. Esqueçam, também, aquele filme bizarro com os dois irmãos como caçadores de bruxas.
Maria e João: o conto das bruxas começa com a narração de uma história à parte, que nada tem a ver com João e Maria (será?). Uma menininha salva pela escuridão que acabou adquirindo uns poderes estranhos, forçando-a ir embora de sua vila, para a floresta. Nada é aleatório e, mais tarde, você vai entendendo como essa história se encaixa na trama.
Em uma pegada mais sombria, somos introduzidos à Maria (interpretada por Sophia Lillis), uma versão bem mais independente, que entende a triste realidade em que vive, além de acabar se tornando praticamente uma “mãe” para seu irmão mais novo, João, que a segue para todo lugar.
Expulsos de casa, são forçados a vagar pela floresta. Uma prática até comum nessa época de idade média, abandonar os filhos que não conseguiam alimentar. Diferente do original, dos irmãos Grimm, onde a mãe fez a cabeça do pai para que ele se livrasse das crianças. Esta versão traz somente a figura da mãe, cansada de suas obrigações e da pobreza extrema.
Já fora de casa, temos uma bela oportunidade para apreciarmos as belas paisagens de outono, criando, junto como a trilha sonora, um toque sombrio. Infelizmente, isso não ajuda nossos personagens, uma floresta sem meios de conseguir comida, só com umas plantas de caráter duvidoso. Nossa Maria complementa o quadro com sua habilidade de “ver coisas que não podem ser vistas”. Mantenho o mistério para não estragar a história.
E onde entra a bruxa e a casa de doces?
A casa não é de doces, mas a fartura é visível num lugar onde esse tipo de coisa seria impossível, te fazendo questionar como a bruxa (não adianta eu falar senhora, todo mundo já sabe) consegue a comida. Já adianto que vocês não vão gostar da verdade (isso se não perceberem antes, até que é meio óbvio).
Alice Krige faz um ótimo trabalho no papel de bruxa, te fazendo até duvidar se ela é realmente a vilã da história, como no original (ela é? Não é?). O figurino e a maquiagem que caracterizam a personagem também estão impecáveis.
Um fator interessante é a importância do discurso feminista ao longo da trama. A bruxa e Maria trocam várias mensagens sobre a força das mulheres, a independência dos homens. As vezes, indo até a certos extremos, onde a bruxa enfatiza que Maria devia deixar seu irmão de lado, por ser homem.
Diferente do trailer, Maria e João em si não é tão assustador, ainda que renda um sustinho aqui e alí. Uma bela oportunidade para conhecer essa releitura do clássico.
Maria e João estreia dia 20 de fevereiro nos cinemas. Está aí, uma ótima opção pra quem quer dar uma fugida do clima de carnaval. Pode conferir e nos contar o que achou!
Por: Letícia Vargas
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