Por: Letícia Bortoleto Vargas 01/12/2021

Resenha: “Olá? Sou eu”

O que você diria para si mesmo se encontrasse sua versão mais velha, 20 anos no futuro?

Olá? Sou eu (ou ‘Hello, me!’) é um dorama de comédia, envolvendo ficção científica, com direito a viagem no tempo e trazendo grandes aprendizados e mudança de vida para vários personagens.

Ban Ha-Ni (Choi Gang-hee) é uma mulher que cresceu como parte da classe trabalhadora que sofre por não ter um trabalho estável, condições financeiras boas ou bons estudos. Ela mora de favor na casa de sua irmã mais velha. Sua realidade é bem diferente dos tempos em que era adolescente, onde era conhecida como a “Lee Hyori da escola Hosu”, todos (e ela mesma) acreditavam que ela seria super famosa no futuro e iria longe.

A jovem Ha-ni (Lee Re), em busca de seus sonhos, acaba se envolvendo num acidente que culmina na morte de seu pai e muda para sempre sua vida. É assim que chegamos na Ha-ni do presente, que desistiu de seus sonhos e se culpa pela morte do pai. Porém, um evento estranho acontece no dia do acidente e a jovem de 17 anos é transportada para 20 anos no futuro, onde acaba encontrando sua versão de 37 anos, que promete devolvê-la a seu próprio tempo.

Essa é a história central, que vai nos mostrar a Ha-ni do passado sofrendo com a realidade de ver que nada do que ela sonhava deu certo e, ao mesmo tempo, tentando esconder dos demais personagens quem ela realmente é. Para quem conheceu a versão jovem da protagonista, a única solução foi mentir, dizendo que essa jovem que apareceu, do nada, é filha dela.

À parte disso temos sim um plot romântico no dorama, mas como o foco é na história central da viagem no tempo, o romance é mais de segundo plano. Ele acontece, tem até um possível triângulo amoroso, mas você não vai ter aquele apanhado de cenas românticas entre o casal principal, por exemplo. Quase não temos cenas desse tipo, só coisas bem simples.

Outra história que vai se desenrolando como pano de fundo é sobre a famosa empresa de guloseimas Jo, do qual um dos possíveis interesses românticos da protagonista é herdeiro. Han Yu-hyeon (Kim Young-kwang) é um pouco mais jovem que a protagonista e sempre viveu a vida à la Zeca Pagodinho (“Deixa a vida me levar”). Longe do clichê, ele não tem uma posição importante na empresa ou influência sobre as decisões.

Depois de seu pai fazê-lo tomar jeito, o jovem arruma um emprego na cozinha da empresa, com o intuito de juntar dinheiro e pagar tudo que ele deve ao seu pai. Mal sabe o jovem que o pai não está tão bem de saúde e sua tia quer aproveitar para afundar a reputação da empresa, só para poder assumir o poder.

Mas como esse plot é relevante para a protagonista?

Como tudo no universo dos doramas está conectado, a Ha-ni trabalhava num supermercado vendendo as guloseimas da empresa, mas acabou demitida injustamente depois de um problema com um dos clientes. Com a ajuda de sua versão do passado, ela consegue chamar a atenção do dono da empresa e ganha um emprego dentro da sede, ficando mais perto do nosso jovem cozinheiro (que, por sinal, ela já conhecia) e ficando, também, mais propensa a sofrer com toda essa briga de poder que acontece lá dentro.

Mas voltando a história central. A vinda da Ha-ni do passado causa um furacão na vida da versão do presente, começando pelas personalidades que divergiram bastante ao longo dos anos. Apesar de tudo, é graças a essa jovem ainda cheia de sonhos que a protagonista se reconecta com a vida e reaprende a amar a si mesma, a cuidar mais de si e ter coragem de tentar coisas novas (foi assim que ela conseguiu o emprego novo).

Além desses, outros personagens que também aparecem bastante na trama são…, irmã mais velha de Ha-ni, que nunca a perdoou pela morte do pai; sua ex-melhor amiga da escola, que virou agora sua chefe no novo emprego; Anthony (Eum Moon-suk), um colega de classe apaixonado por ela no passado, virou uma celebridade e acabou reencontrando com ela de uma forma bem adversa (lê-se, ele não a reconheceu e ainda ferrou a vida dela).

Esse é só um resuminho deles, mas cada um tem sua influência na história, principalmente o Anthony que é parte do possível triângulo amoroso que eu mencionei a pouco.

Apesar de parecer uma história séria, existem várias cenas mais cômicas para quebrar a tensão, por exemplo, o primeiro encontro entre Ha-ni, Yu-hyeon e Anthony, que é bem inusitado. “Olá? Sou eu” tem 16 episódios, mas você nem sente eles passando, dá para maratonar tranquilamente. O dorama está disponível na Netflix, inclusive com dublagem em português.

Mas e você, como se imagina daqui a 20 anos?

Como você, de anos atrás, imaginava que estaria no futuro?

Não importa se nem tudo que você planejou deu ou dará certo. O importante é nunca deixar de gostar de quem você é, o resto vem com o tempo, mesmo que não seja da forma que você planejou, mas o amor próprio é um luxo que só você pode se dar.