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Por: Colunista Convidado 02/04/2022
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A polêmica cerimônia do Oscar 2022 | NR Convida

A 94ª cerimônia de entrega do Oscar pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que aconteceu na noite de 27 de março no Teatro Dolby, em Los Angeles, Califórnia, certamente entrou para a história das premiações do cinema. Na ocasião, uma situação totalmente inusitada se tornou o principal destaque da noite, ofuscando até mesmo o brilho dos holofotes midiáticos para a entrega das estatuetas.

Tudo aconteceu quando o ator e comediante Chris Rock subiu ao palco para anunciar o Oscar de Melhor Documentário. Minutos antes do anúncio, como é de praxe na cerimônia do Oscar quando os artistas se preparam para anunciar a premiação, o ator contou algumas piadas. No entanto, uma delas não repercutiu bem. Chris fez uma brincadeira com a mulher de Will Smith, a atriz Jada Pinkett Smith, dizendo que ela poderia participar da sequência do filme Até o Limite da Honra, cuja protagonista raspa o cabelo para entrar no corpo de fuzileiros navais. 

Oscar 22

A comparação se deu porque Jada está careca, porém, ao contrário da personagem que optou por raspar o cabelo, a atriz sofre de uma doença chamada alopecia, condição autoimune que provoca a queda acentuada de cabelos de modo permanente. Extremamente incomodado com a piada, Will Smith se levantou da cadeira, foi até o palco e deu um tapa no rosto de Chris Rock. Em seguida, o marido de Jada voltou para o seu lugar e gritou duas vezes para que Chris tirasse o nome de sua esposa da boca.

Poucos minutos depois, o gesto de Will, que surpreendeu tanto quem estava no Teatro Dolby quanto quem assistia à premiação em diversas partes do mundo, se tornou destaque nas mídias de vários países, por meio de análises, memes, e até mesmo reportagens sobre a alopecia. Algum tempo depois, ao receber o primeiro Oscar de Melhor Ator pela atuação no filme King Richards: Criando Campeãs, o marido de Jada fez um discurso emocionado pedindo desculpas, pelo ocorrido, aos indicados e à Academia, que já abriu um processo disciplinar contra Will Smith, o que poderá acarretar, até mesmo, na perda da estatueta. 

Diante de sua repercussão, o assunto gerou uma grande polarização nas redes sociais sobre Will estar certo ou não. Enquanto muitos o defendiam, em razão da ofensa contra Jada, outros diziam que tal piada não justificaria tal ato de violência. A questão é que, para analisar casos como esse, é preciso ir muito além do tribunal da internet, que se resume a dividir opiniões entre certo e errado.

Quem acompanha a cerimônia do Oscar já está habituado com as inúmeras piadas, muitas vezes, carregadas de humor ácido que são feitas durante a cerimônia. A piada de Chris Rock não foi a primeira e, provavalmente, não será a última a ofender alguém. No entanto, é válido ressaltar a boa e velha questão sobre o limite do humor e quando ele pode ser ou não ofensivo. Se analisarmos o próprio cenário brasileiro, por exemplo, veremos como ele mudou. 

No decorrer da história, programas humorísticos marcados por piadas machistas, racistas e homofóbicas foram, aos poucos, sendo substituídas por sátiras que os comediantes fazem de si ou de situações que vivem. Isso não quer dizer que o país esteja desprovido de tal tipo de humor, pois muitos comediantes são processados, constantemente, por alguma ofensa. No entanto, a própria internet, hoje, permite que muitos tenham espaço para expressar suas opiniões e conscientizar outras pessoas a respeito do que pode ou não ser uma ofensa.

Oscar 22

Portanto, Chris Rock pode ter sido infeliz ao contar tal piada, mas Will Smith também poderia ter manifestado seu repúdio de outras formas, por exemplo, como no discurso de agradecimento pelo Oscar de Melhor Ator. Uma oportunidade única para abordar a condição de sua esposa e, até mesmo, se tornar ali um conscientizador sobre a alopecia e o limite do humor. Claro que não cabe a nenhum de nós julgar, mas refletirmos a respeito. 

A questão é que tal cerimônia será marcada para sempre por tal gesto. Porém, não nos esqueçamos de momentos memoráveis desta edição, como a entrega do Oscar de Melhor Direção para Jane Campion, diretora do filme Ataque dos Cães – longa primoroso que, a princípio, aborda o conflito de relações entre dois irmãos num cenário de faroeste norte-americano, mas tem muitos segredos a nos revelar. Jane foi a primeira diretora da premiação a ser nomeada ao prêmio duas vezes, reforçando a presença predominantemente masculina nessa categoria.

Outro destaque da noite foi a entrega da estatueta de Melhor Ator Coadjuvante para Troy Kotsur, primeiro ator surdo a ganhar um Oscar por sua atuação no longa No Ritmo do Coração, que também levou os prêmios Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme, encerrando a noite de premiações. O filme, que conta a história de uma garota de 17 anos, única pessoa que ouve em uma família de surdos, é uma adaptação do longa francês chamado A Família Bélier, lançado em 2014. Infelizmente, a produção francesa não teve o devido reconhecimento na época e agora é o remake estadunidense que ganha o principal prêmio do Oscar.  

Para saber mais sobre as premiações e o ocorrido entre Will Smith e Chris Rock, assista abaixo o vídeo do canal Imagens em Foco:

Oscar | Mariana Mascarenhas

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