De unha encravada a pneumonia, nosso farmacêutico consegue curar tudo

Parallel World Pharmacy (ou Isekai Yakkyoku, no original) é um anime de fantasia que traz o conceito de isekai, voltado para as práticas de farmacologia, mas que aborda questões sociais como divisão de classes, disputa entre concorrentes e as bases da prática da medicina.

A história começa com Kanji Yakutani, um famoso pesquisador universitário responsável pela criação de diversos medicamentos e obcecado na descoberta da cura da doença que matou sua irmã mais nova anos atrás. Mas é essa obsessão que o faz morrer tão precocemente por excesso de trabalho e o leva para outro mundo.

Neste novo mundo medieval, ele desperta como Farma de Médicis, um garotinho de 10 anos, aprendiz de farmacêutico e filho de uma das famílias mais renomadas do império, no ramo da medicina. Ao que parece, o verdadeiro Farma havia sido atingido por um raio e estava em coma desde então. Agora, Kanji/Farma foi agraciado com habilidades elementais infinitas, além da marca que simboliza a bênção do Deus da medicina (ele, praticamente, virou o próprio deus).

Após provar suas habilidades ao seu pai e a própria imperatriz, Farma recebe a honra de ser nomeado Farmacêutico real, além de abrir uma própria farmácia, com o intuito de auxiliar a todos que quiserem tratamento.

É aqui que temos discussões interessantes, visto que o império sofre com o tratamento diferenciado entre nobres e plebeus, não só pelo preço, mas por conta da própria falta de conhecimento do povo. Alguns não sabem nem ler e se sentem temerosos quanto ao novo negócio, com medo de fazerem algo errado e serem punidos.

Farma, apesar de tudo, quer conceder um tratamento igual a todos, a preços acessíveis, mas, ao mesmo tempo, não tão baratos a ponto de destruir os demais negócios da região, tocados por mercadores comuns, sem suporte financeiro como ele. Afinal, Farma sabe de seus privilégios, não só por ser herdeiro, como pelo fato dos nobres serem agraciados com poderes mágicos e dele, especificamente, ter habilidades divinas, como conseguir identificar qualquer problema só de olhar para o paciente.

É claro que nem tudo serão flores, a concorrência vai ser uma pedra no sapato de Farma, mas admito que fiquei surpresa que, pelo menos, os concorrentes não desceram o nível. Em nenhum momento eles atentaram contra a vida dos pacientes, como seria de se esperar num anime comum, um remédio com a dosagem errada aqui, um veneno ali, esse tipo de coisa. 

As tentativas de ganhar público até fizeram com que Farma abrisse uma filial, focada em cosméticos para atrair a clientela o que, além de contratar mulheres com treinamento farmacêutico que estavam desempregadas por conta da maternidade, também deu luz para o problema na confecção de cosméticos da época, que eram feitos com produtos que, a longo prazo, deterioravam a saúde das mulheres e as levava a morte.

Outros inimigos breves que Farma faz pelo caminho é a própria igreja, que, como era comum nesses períodos, sempre se metia bastante nas questões do império e se sentem no direito de investigar e extinguir o espírito maligno que seria Farma. Mas esse aqui é quase nada, o vilão principal do anime ainda há de aparecer (e termino meu relato por aqui).

Parallel World Pharmacy é um anime tranquilo, para toda família, sem restrições de idade. Seus 12 episódios estão disponíveis na Crunchyroll e são adaptador da light novel de Liz Takayama. Posteriormente, a série ganhou uma adaptação para mangá. Um fato curioso é que, por se tratar de uma história sobre farmacologia, a produção do mangá conta com a supervisão de um farmacêutico de verdade, Yushi Kojima.

Farma é um personagem que consegue cativar a todos e passar confiança, sempre pensando no bem-estar de todos, independente de quem seja, pois seu trabalho é curar pacientes, não julgar a moral deles, isso é trabalho da justiça.  Fica aqui minha dica, um anime que você passa por ele no catálogo e não dá nada, mas entregou muito!

Por: Letícia Vargas