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Por: Colunista Convidado 27/02/2021
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Folclore brasileiro prejudicado? – Cidade Invisível | Mariana Mascarenhas

Pesquisadores imagéticos analisam questões polêmicas sobre série brasileira “Cidade Invisível” que retratou o folclore nacional
Cidade Invisível

Apropriação indevida do folclore ou um resgate das lendas que permeiam o imaginário popular brasileiro? Esta foi uma questão polêmica lançada por críticos e aclamadores da série brasileira Cidade Invisível, exibida na plataforma Netflix, que retrata personalidades folclóricas de uma forma mais humanizada.

No dia 18 de fevereiro de 2021, por exemplo, algumas mídias noticiaram que ativistas indígenas teriam criticado a produção, criada pelo diretor Carlos Saldanha, por não envolver índios no processo de produção e elenco da série, uma vez que personagens como Saci, Curupira, Boto e Iara são considerados entidades indígenas.

O Prof. Jack Brandão, doutor em Literatura pela USP e diretor do centro de estudos imagéticos CONDES-FOTÓS – formado por um grupo de pesquisadores acadêmicos destinados a analisar o poder da imagem na sociedade –, não considera a crítica dos ativistas um problema para a série.

“Claro que a produção poderia contar com a participação de atores indígenas, porém, por ser uma obra artística, isso é uma escolha do diretor. Além disso, deve-se considerar que seu objetivo maior é o resgate das figuras folclóricas, tão necessário para a nossa sociedade; sem contar, ainda, que a trama se passa na cidade do Rio de Janeiro”, afirma.

O pesquisador também discorda de alguns críticos que ressaltaram uma possível apropriação indevida das lendas por Saldanha. “Ao produzir a série, o criador não se apropriou de nenhum povo, afinal ele é brasileiro e buscou representar a nação brasileira como um todo”. Brandão ainda completa que a linguagem mítica não pertence a um povo específico, mas à humanidade. Assim, os mitos folclóricos pertencem ao mundo, mas acabam sofrendo variações por serem caracterizados de forma diferente em cada canto do planeta.

Outro fator que gerou algumas críticas negativas sobre a produção foi a caracterização física dos personagens folclóricos, retratados de modo mais humanizado e, portanto, diferente das retratações imagéticas presentes nos livros e na TV. Um exemplo é a personagem Cuca, figura folclórica apresentada em forma de jacaré e que na série é retratada como uma mulher. Na visão de alguns, tal distinção prejudicou a imagem do folclore brasileiro.

Mariana Mascarenhas, jornalista, crítica cultural e pesquisadora do CONDES-FOTÓS, não concorda com tais críticas, pois considera tal retratação da obra uma espécie de contextualização dos personagens em um cenário real atual. “Também não podemos nos esquecer que o formato de jacaré atribuído a Cuca é uma versão televisiva apresentada no Sítio do Pica Pau Amarelo de Monteiro Lobato”, completa.

A pesquisadora ainda destaca que a preocupação de alguns espectadores com a imagem externa é tão grande que não se atentaram para a questão de que características identidárias das lendas folclóricas foram mantidas em Cidade Invisível. “Muitas vezes, somos tão influenciados pelas imagens, que nos tornamos vítimas de um aprisionamento imagético, pois não conseguimos enxergar a essência do que nos é mostrado, preocupados apenas com a construção externa”, conclui.

Brandão e Mariana ressaltam uma série de outras questões sobre a obra em um vídeo produzido para o Canal do YouTube Imagens em Foco, do grupo CONDES-FOTÓS, que pode ser acompanhado no link a seguir:


The Crown - Mariana Mascarenhas

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Comentários
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