
Lilo & Stitch: A Ohana mais querida da Disney
“Lilo & Stitch” já está em cartaz nos cinemas.
Desde que o live action de “Lilo & Stitch” foi anunciado no final de 2018, eu tive muitas reticências sobre essa produção. Afinal, essa é uma das animações mais queridas da Disney e que carrega consigo tantas características que, até os dias de hoje, se tornam marcantes para aqueles que mergulham nesse universo.
Seja pelos seus personagens carismáticos, pela trilha sonora embalada pelo rei do rock Elvis Presley, pela estética de aquarela utilizada de maneira majestosa e brilhante em seus diversos cenários e, claro, por uma história que, mesmo envolvendo seres alienígenas, toca em temas universais de maneira excepcional, dentre eles: perda, pertencimento e família (em suas mais diversas configurações).
Então quando o primeiro teaser trailer foi lançado, o estúdio ainda não havia conseguido conquistar o interesse por completo desse que vos escreve. O medo era maior de estragarem algo tão precioso como isso aqui. A guarda foi abaixando pouco a pouco com a campanha de marketing replicando o que foi feito no começo dos anos 2000 e, com o lançamento do trailer oficial, me vi rendido a esse ser azulado mais uma vez.

E preciso dizer: sim, estou bem satisfeito com a versão live action de Lilo & Stitch. Se você viveu numa nave intergaláctica nas últimas décadas ou simplesmente nasceu depois dos anos 2000, está aqui uma pequena sinopse sobre o filme: O experimento 626 chega à Terra, fugindo da Federação Galactica e de seu criador, o cientista Jumba Jookiba. Aqui, ele se disfarça como cachorro e é adotado por Lilo, uma garotinha que é criada pela sua irmã mais velha, Nani, após a morte dos pais. Entre perseguições e descobertas sobre as nuances do convívio humano, Stitch aprende o significado de Ohana, transformando a sua natureza destrutiva para sempre.
Tanto a animação como o live action seguem essa premissa. Então a versão de 2025 já acerta por ter mantido a essência da história intacta, inclusive, se prepare para aprender novos termos em havaiano.
Mas, como já esperado, novas camadas foram adicionadas a narrativa e, com isso, algumas mudanças também são implementadas.
A meu ver, as decisões foram acertadas e trazem à história algumas atualizações muito bem vindas, em especial, ao desenvolvimento e destino de Nani, interpretada pela simpática Sydney Elizebeth Agudong.

Aproveitando o gancho, Maia Kealoha como Lilo é carismática e, apesar de não entregar a mesma energia caótica da personagem animada, consegue transmitir de forma genuína cada emoção necessária, segurando bem o papel.
Zach Galifianakis e Billy Magnussen entregam um Jumba e Pleakley que funcionam em tela, mesmo sem toda a excentricidade que era uma marca registrada da dupla na animação. Ainda sobre eles, também ocorreram algumas mudanças que podem não agradar a todos, mas que, no meu ponto de vista, não compromete de forma significativa a experiência e nem diminui a importância deles dentro dessa versão em específico da história. Até arrisco dizer que uma certa decisão tomada no final do filme poderia abrir margem para uma sequência.
E, por último mas não menos importante, não posso deixar de falar dele, a alma do filme: Stitch. É nítida a preocupação da Disney em relação ao design deste personagem, afinal, qualquer deslize, poderia levar essa obra do sucesso inevitável a um desastre incontrolável.
Fico feliz em dizer que acertaram tremendamente neste ponto, sendo o ápice da produção. Mesmo no inicio, quando Stitch ainda exibe sua personalidade destrutiva, é fácil se afeiçoar por essa criatura azul e, a cada nova cena, você vai sendo cada vez mais cativado por ele.

O seu CGI em geral foi bem executado, porém, em interações mais próximas com os humanos — como nos abraços —, há alguns deslizes perceptíveis que poderiam ter sido refinados na pós produção.
Em relação aos demais personagens alienígenas, gosto de como cada um possui uma textura clara e aparente na projeção e, de todos, Pleakley é o que mais me surpreendeu positivamente.
Por outro lado, a ausência de cores vivas, principalmente no interior da casa de Lilo e Nani, me incomoda. Com a narrativa se passando no verão de Kauai – Havaí, a baixa saturação em alguns ambientes não parece combinar com toda a vida e calor presente naquele local.
Tão marcante no original de 2002, a trilha sonora do live action atualiza algumas faixas, fincando ainda mais a narrativa nos tempos atuais. Como consequência, a presença de Elvis se torna mais tímida e pontual no decorrer da projeção e não carrega consigo o mesmo peso significativo que tinha para a Lilo da animação. E isso, de fato, é uma pena e uma perda considerável, já que a sua ligação com a música era algo muito precioso e que eu, particularmente, gostava muito.

Por fim, acredite, eu entendo que é impossível não chegar ao cinema com o coração na mão, especialmente para quem tem lembranças afetivas fortes com a animação original. E embora o ceticismo inicial seja compreensível, talvez seja hora de deixar o 626 reconquistar seu lugar em nossos corações.
Pode não ser perfeita, mas a versão de 2025 de Lilo & Stitch tem o coração no lugar e cumpre o que promete. É divertida, emocionante e ajuda a relembrar que uma família de verdade pode ser constituída de diversas formas. E, sem dúvidas, essa é uma das mensagens mais importantes que um filme pode passar nos dias de hoje.
Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.
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