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Por: Redação Nerd Recomenda 05/07/2020
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Ohayo e o humor simples japonês

Histórias comuns e ambiente calmo fazem de Ohayo um belo filme 

Simplicidade e retrato da vida comum em um vilarejo do Japão. Esse é o cenário em que se constrói Ohayo. Dirigido pelo japonês Yasujirō Ozu, o filme apresenta uma história divertida e evidencia alguns pontos do consumo cinematográfico que vamos perdendo na atualidade.

Lançado em 1959, Ohayo (Bom dia em japonês) mostra a história de uma pequena comunidade no Japão e de seus moradores antes do estouro industrial que ocorreu no país. Definido como uma comédia/drama, na primeira parte do filme somos introduzidos neste vilarejo, a seus moradores, suas características e suas personalidades.

No vilarejo apresentado em Ohayo, as casas são próximas e é comum a visita dos vizinhos. Créditos: Filmow/Divulgação

Entre vizinhas curiosas e formadoras de boatos, maridos que passam o dia fora trabalhando e crianças que, ao retornarem da escola, tentam se divertir como podem, a trama começa a ganhar forma quando dois irmãos pequenos são proibidos pelos pais de irem à casa do vizinho, donos do único aparelho de televisão na vila, para assistir o campeonato de sumô.

Revoltados com a decisão dos pais, os dois meninos resolvem fazer uma greve de fome e de silêncio até que o pai compre uma televisão, o que resulta em pequenos conflitos entre os vizinhos.

A partir de pequenos elementos presentes na trama, o filme evidencia o fim do Japão tradicionalista para o industrial e capitalista. A própria televisão, objeto de consumo dos garotos, mostra essa transição, além das aulas de inglês que as crianças têm e críticas dos adultos mais velhos sobre o capitalismo que vai avançando no país.

Ohayo, além dos personagens divertidos, como a vizinha intrigueira, o menino que ingere raspas de pedra- pomes para soltar gases por diversão e o vendedor ambulante batendo de casa em casa, conseguindo apenas vender lápis, também nos faz perceber como as produções ocidentais moldaram nosso cérebro para o consumo cinematográfico.

Para quem apenas consome obras norte-americanas, pode sentir um certo estranhamento dessa produção japonesa. Já vemos um filme esperando uma super história, que choca ou impressiona pela sua dinâmica narrativa, mas não é isso que temos em Ohayo.

A história não é espetacular ou movimentada com grandes surpresas. Pelo contrário, ela é simples e mostra o cotidiano daquela sociedade, ponto. Seu humor mais forte está nas crianças, trazendo uma pegada inocente, enquanto os adultos escondem seus defeitos a partir de fofocas e julgamentos.

Brincadeiras são o atrativo do dia das crianças em Ohayo. Créditos: Filmow/Divulgação

O desenvolver da narrativa demora para acontecer. Pontos da história são apresentados e, na nossa ansiedade de acontecimentos, tentamos ligar eles logo à um objetivo final. As câmeras e trilha sonora também são outros elementos que chamam a atenção.

O enquadramento dado aos personagens quando falam são diferentes do habitual e em poucos casos a trilha sonora aparece, deixando um silêncio no vilarejo, assim como ele deveria ser.

Não que o filme tenha sido a melhor produção japonesa antiga que já vi, mas Ohayo se soma a inúmeras experiências positivas quando me vejo frente à uma obra não muito conhecida e até certo ponto, esquecida, que traz uma nova visão sobre cinema. Neste caso, de que nem todo filme tem de trazer uma história impressionante, mas que até mesmo uma narrativa simples pode encantar.

*Texto escrito por Renata da Silva

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