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Por: Larissa Regina Diniz 01/06/2020
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Recursão (Blake Crouch)

O tempo é uma ilusão construída pela memória humana. Não existe passado, presente ou futuro. Tudo está acontecendo agora.” (Recursão – Blake Crouch)

 

A gente olha pra um livro com o nome Blake Crouch na capa e já pensa: “Ok, como o Sr. pretende bugar minha mente hoje, hein? Dê o seu melhor, quero ver!”.

Terminando de ler Recursão, com a testa encostada na janela, você divaga em pensamentos tais quais: “Mas o que é o hoje, afinal, se não a forma limitada na qual meu cérebro encontrou de definir o agora? Estaria minha mente fritada ou estaria eu encontrando novos caminhos para a iluminação do pensamento na quarta dimensão?”.

 

recursão blake crouch
Capa do livro Recursão (Foto Divulgação)

De algum lugar no universo, Blake Crouch dá um sorrisinho arrogante, certo de mais um dia de trabalho bem sucedido queimando neurônios de leitores.

Pois bem, é nessa fascinante jornada de fritação mental, daquele jeito que só uma boa ficção científica com viagem no tempo é capaz de oferecer, que Blake Crouch te leva pela mão em seu novo lançamento, Recursão, trazido ao Brasil neste ano pela editora Intrínseca.

A propósito, você sabe o que significa a palavra Recursão?

Se a sua resposta é não, nada tema! Porque eu também não sabia. Vou, portanto, colocar aqui meus óculos da definição, e te explicar rapidinho.

–> Um objeto que está em recursão, apresenta uma propriedade chamada recursividade, que descreve um processo de repetição infinita, como num loop. É tipo quando você tira uma foto, aí alguém tira uma foto de você tirando a foto, mas outra pessoa tirou uma foto da pessoa que tirou uma foto de você tirando uma foto… e por aí vai, eternamente.

 

Com essa definição em mente, vamos à história!

Recursão vai contar a trajetória de Helena Smith, uma jovem cientista que investiga a cura para o Alzheimer. O objetivo de sua pesquisa é entender a influência da memória no cérebro humano, e com isso, encontrar uma forma de guardar recordações importantes retiradas de cérebros ainda saudáveis, e devolvê-las à mente desses indivíduos quando a doença se agrava.

O problema começa quando Helena tem sucesso em desenvolver um método para implante de memórias, mas sua invenção tem um potencial muito maior: enviar as pessoas de volta no tempo, no dia da memória escolhida.

Pronto, temos o cenário perfeito para nossa história de viagem temporal. E aqui em Recursão, Blake Crouch vai desenvolver esse cenário de uma forma bem diferente daquela já vista em outras obras de ficção. Nesta versão, não vamos jogar com paradoxo do avô, nem com multiversos. A fórmula de Recursão baseia-se totalmente na construção de memórias, e como os acontecimentos da nossa vida influenciam quem somos e as decisões que tomamos.

Ah, e só pra adicionar uma pitadinha de caos: vamos também encarar como acontecimentos podem afetar a memória coletiva. E se essas memórias começassem a mudar de repente, e as pessoas tivessem noção disso, que tipo de catástrofe isso poderia acarretar?

 

A vida não é nada daquilo que ele esperava quando jovem, vivendo sob a ilusão de que tinha o controle das coisas. Não podemos controlar nada. Só aguentar o tranco.” (Recursão – Blake Crouch)

 

A fim de evitar um possível fim do mundo, Helena vai juntar forças com Barry Sutton, policial de Nova York, que teve a oportunidade de mudar sua história ao ser enviado de volta para o dia da morte de sua única filha.

Em sua obra, Blake Crouch consegue entregar com alguma naturalidade todos os argumentos “científicos” que sustentam a trama. Embora alguns diálogos tenham sim dado uma forçadinha, não é um comportamento que se repete com frequência. Na maior parte do tempo, os pensamentos físicos e filosóficos aparecem no momento certo, e criam uma atmosfera de credibilidade.

 

São as regras essenciais, simples. Não tente alterar as coisas com o que sabe que virá pela frente. Apenas viva sua vida de novo. Viva um pouco melhor. E não diga nada a ninguém.” (Recursão – Blake Crouch)

 

 

recursão
Detalhe do interior do livro

Diferente de sua obra anterior, Matéria Escura, dessa vez o impacto do último arco não conta com um plot twist que explode sua mente. A aposta aqui é deixar o leitor curioso sobre qual será a ideia engenhosa dos protagonistas que os tirará de sua condição de recursão, impedindo que o conhecimento da viagem temporal venha à público. E ainda mais importante, quais futuros terão que abrir mão a fim de realizar este feito.

Estrelinhas extras pelo aprofundamento no relacionamento dos protagonistas, que entregam à trama de ficção um caráter humano e pessoal.

Recursão teve recentemente seu seus direitos de adaptação comprados pela Netflix, que produzirá o filme e a série baseados no livro. Ambos, à cargo de Shonda Rhimes, roteirista, cineasta e produtora responsável por grandes sucessos como Grey’s Anatomy, How to Get Away With Murder e Scandal.

 

Classificação da Larissa (@cons.ciencialiteraria): 4 estrelas

 

 

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