A adaptação do jogo terá uma grande responsabilidade em manter o peso da história que já nos foi contada

Em junho de 2021, a HBO anunciou a produção de uma série baseada no jogo The Last of Us, lançado em 2013 pela Sony para o Playstation 3. O jogo fez um grande sucesso, recebendo uma versão remasterizada para o Playstation 4 em 2014, uma continuação chamada The Last of US Part II, também para o Playstation 4 em 2020, e um remake do primeiro jogo para o Playstation 5 em 2022, chamado The Last of US Part I. O primeiro jogo ainda recebeu uma DLC que mostra o passado de Ellie, uma das protagonistas, chamado The Last of Us: Left Behind.

A Parte II também se tornou o jogo mais premiado da história, mas a expectativa é que o segundo jogo não seja adaptado para a série no primeiro momento. Por ser um dos jogos mais aclamados da história, o anúncio da série empolgou muitos fãs, mas também deixou outros preocupados com o rumo que a adaptação poderia tomar.

Com o lançamento de The Last of Us cada vez mais próximo, prevista para o dia 15 de janeiro de 2023, no HBO Max, resolvemos falar sobre os principais pontos que a série não pode deixar de abordar caso queira ser uma boa adaptação. Também podemos falar sobre como a série pode ter ainda mais espaço para melhorar ainda mais a história que já conhecemos, mas deixamos isso para um segundo momento.

A história de The Last of Us

A HBO já divulgou a sinopse oficial da série, que diz: “A história se passa 20 anos após a destruição da civilização moderna. Joel, um sobrevivente endurecido, é contratado para contrabandear Ellie, uma garota de 14 anos, de uma zona de quarentena opressiva. O que começa como um pequeno trabalho, logo se torna uma jornada brutal e dolorosa, pois ambos devem atravessar os EUA e depender um do outro para sobreviver”.

Vale ressaltar também que o elenco da série já está definido, vamos ter: Pedro Pascal como Joel. Bella Ramsey como Ellie, Gabriel Luna como Tommy, Anna Torv como Tess, Nico Parker como Sarah, Nick Offerman no papel de Bill, Storm Reid interpretando Riley, Merle Dandridge como Marlene, Lamar Johnson como Henry, Murray Bartlett como Frank e Brendan Fletcher no papel de Robert.

A partir desse ponto, você encontrará alguns spoilers sobre a trama dos jogos, então continue por sua conta e risco.

Como já é de esperar por ser uma adaptação, essa sinopse da série The Last of Us é bastante semelhante a do jogo. Vale ressaltar que a civilização foi destruída devido a fungos que transforma a pessoa exposta em uma espécie de zumbi, no mundo do jogo, esses zumbis são chamados de infectados, que possuem alguns estágios de infecção que variam de acordo com o tempo que foram infectados. 

O que a série precisa manter dos jogos?

Embora possa não parecer, The Last of Us apresenta uma história bastante profunda, pesada e emocionante, considerada por muitos como a melhor história de um jogo. Embora a série vá adaptar e não copiar o jogo, o que dá uma maior liberdade para trabalhar alguns pontos e até aprofundar mais em outros, alguns pontos são essenciais e definitivamente não podem faltar na série, são eles:

Joel e Sarah

O começo do jogo mostra também o início de todo o caos do ponto de vista de Joel, que mesmo sem saber o que está acontecendo direito, o seu foco é proteger a sua filha Sarah. Embora tenhamos visto a interação desses dois por pouco tempo, já percebemos o quanto eles eram importantes um para o outro e como a perda de Sarah vai guiar toda a interação e desenvolvimento na relação de Joel com Ellie.

Ao longo de toda a história, enquanto também toma conta de Ellie, Joel acaba desenvolvendo sentimentos paternos pela garota. Embora não seja dito de forma explícita no jogo, podemos sentir pelas ações de Joel que ele não deixará o mundo lhe tirar outra filha, então mostrar essa relação de Joel e Sarah, e até aprofundar nisso mais do que no jogo, é essencial para a série.

A jornada até o final

A jornada é o ponto chave de tudo, é através dela é das grandes dificuldades até chegarem em seu objetivo final, que Ellie e Joel desenvolvem sua relação. É nos diversos momentos em que um salva o outro que a relação de pai e filha acontece. Ao final da jornada e das dificuldades e situações de quase morte que Joel passa de um contrabandista para um pai que quer manter sua filha a salvo, e Ellie passa de uma carga para uma criança que agora possui uma figura paterna.

Existem diversos pontos chaves marcantes do jogo, que não vamos falar para evitar spoilers. Assim, cabe a HBO trabalhar bem esses pontos, fazendo as alterações necessárias para encaixar bem em uma série de TV, mas ainda mantendo toda a essência que não pode faltar.

A relação de Joel e Ellie

Como você já deve imaginar pelo que falamos até o momento, o carro chefe do primeiro The Last of Us é justamente a relação entre Joel e Ellie e, já que eles são os dois protagonistas, esse é o ponto de maior importância de toda a série. A história não vai funcionar ao menos que a química paternal e o desenvolvimento de personagem de ambos seja feita com o máximo de atenção e cuidado.

Ao longo da história original de The Last of Us, sentimos raiva, tristeza, medo e amor vindo das interações desses dois. Aos poucos, eles deixam de ser duas pessoas que não se gostam e apenas suportam a presença um do outro por necessidade, para se tornarem uma família. Pelo trailer, já vimos que alguns desses momentos importantes para a relação dos dois vão estar presentes na série, basta saber se serão bem feitos.

Não há bem e nem mal 

Por fim, é preciso entender o mundo de The Last of Us com cuidado, aqui não temos pessoas definidas como boas ou más, temos apenas pessoas que estão dispostas a fazer o necessário por si só e, em alguns casos, por aqueles que amam para sobreviver. Neste mundo apocalíptico, é comum vermos pessoas que antes eram consideradas boas, agora tomando decisões e ações questionáveis, o caminho inverso também vale. 

Além disso, esse mundo é o que vai definir muito dos personagens que amamos ou odiamos ao longo da história. Esse mundo afeta Joel, Ellie, Tess, Tommy e diversos outros personagens, personagens que no mundo antigo talvez nunca tivessem se encontrado ou se tornando quem são hoje. Então, saber construir esse mundo é o que vai levar a história de The Last of Us ao que todos os fãs dos jogos esperam, mesmo que algumas alterações, que são inevitáveis e necessárias, aconteçam.

Texto por: Galbi Junior