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Por: Jamerson Nascimento 31/08/2023
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TOC TOC TOC: Não é a Polícia Federal e os Ecos não vem do Além

O novo longa da Paris Filmes, “TOC TOC TOC: Ecos do Além”, chega exclusivamente aos cinemas nesta quinta feira, 31/08.

Com um mês de antecedência, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 31/08, a nova produção de terror da Paris Filmes, dirigida por Samuel Bodin: “TOC TOC TOC: Ecos do Além” (“Cobweb”, no original).

Para começar essa resenha, eu preciso salientar que quando ouvi o título desse filme pela primeira vez, inevitavelmente, minha mente foi direto para a cena protagonizada pela ex-deputada federal Joice Hasselmann no plenário da Câmara que se tornou viral recentemente. 

E se antes eu tinha alguma dúvida, após assistir ao filme, eu tenho plena certeza que a escolha de usar essa expressão como um título adaptado para o lançamento no Brasil foi uma tentativa de criar algum burburinho ou até mesmo torná-lo um meme e, infelizmente, falha em ambas as opções. Seu subtítulo tão pouco causa algum impacto ou curiosidade, se tornando genérico quando comparado com milhares de outros filmes da mesma temática, além de não fazer um real sentido com a narrativa apresentada.

Porém, para ser justo, o próprio título original tão pouco ajuda já que, em tradução literal, significa “teia de aranha”. E você pode pensar: “Mas isso pode estar ligado ao enredo e será explicado.”. Lamento te decepcionar, porém, esse é um dos pontos que ficam jogados numa trama que, apesar de ser minimamente empolgante no início, se encerra como um completo desastre.

TOC TOC TOC
Woody Norman | Divulgação

Mas vamos falar sobre o filme propriamente. Em “TOC TOC TOC: Ecos do Além” acompanhamos a história do jovem Peter (interpretado por Woody Norman), um garoto que ouve barulhos estranhos em seu quarto e que está prestes a descobrir que esses ruídos escondem segredos terríveis envolvendo os seus pais Carol (Lizzy Caplan) e Mark (Antony Starr).

Somos apresentados à ameaça dessa narrativa já nos primeiros minutos de filme, ponto positivo já que a construção e desenvolvimento da vilã interpretada pela atriz Aleksandra Dragova (que também utiliza a voz da atriz Debra Wilson em alguns momentos) é o auge de toda essa história.

Entretanto, não posso falar o mesmo do design ou até mesmo da maquiagem porque, honestamente, quando enfim é mostrado o rosto do “monstro” eu soltei uma sonora risada já que me remeteu a um dos filtros de distorção facial disponíveis no Instagram. Se o propósito era ser assustador e aterrorizante, comigo falhou miseravelmente.

Outra coisa inconsistente em relação a vilã é o seu real nível de poder. Em um momento, ela está dilacerando e separando corpos adultos ao meio, porém, em outro, ela não consegue se livrar de um simples puxão de cabelo de um garoto que tem 08 anos de idade. Uma discrepância tal que não existe suspensão da descrença que seja capaz de deixar isso passar em branco.  

O roteiro não faz questão nenhuma de tentar causar algum tipo de dualidade em relação ao caráter dos pais de Peter. Desde o início, é nítido que tem algo de muito errado com eles e as interpretações de Lizzy Caplan e Antony Starr reforçam insistentemente isso. Apesar de entregarem um bom trabalho, gostaria de ter visto mais nuances e não apenas olhares ameaçadores exagerados.

Seguimos com o clichê de pais que negligenciam e descredibilizam o relato de uma criança com a justificativa de que é apenas a imaginação dela que está produzindo certos cenários a sua volta até que, quando resolvem investigar, já é tarde demais. 

Porém, além de detestáveis, isso se torna ainda mais problemático quando descobrimos, no decorrer da história, que eles sabem exatamente o que está acontecendo e, ainda assim, optaram deliberadamente por não ouvir o que seu filho estava dizendo, simplesmente deixando-o exposto ao perigo em todas as noites seguintes a primeira “manifestação”. Isso sem contar o trauma e violência psicológica que eles mesmos causam no garoto um pouco mais adiante com a desculpa de ser apenas uma forma de castigá-lo.

E então chegamos ao fatídico e tenebroso final e, não, isso não é um elogio de forma alguma. Para resumir, quando o filme acabou, a impressão imediata que eu tive foi que, na verdade, até aquele momento eu tinha assistido a um grande trailer de 1 hora e meia de duração e não uma produção devidamente revisada e finalizada. 

A sensação que fica é que eles tinham apenas uma boa vilã em mãos, criaram o roteiro em volta dela, mas ao chegar em certa altura, não sabiam como encerrar sua participação ou o que fazer com os demais personagens, rendendo um dos encerramentos mais apressados e anticlimáticos que eu já vi acontecer no cinema.

TOC TOC TOC
Divulgação

Realmente eu não entendo como os envolvidos nessa produção leram, gravaram e editaram aquele final e acharam genuinamente bom e digno de ser entregue ao público. Se aos trancos e barrancos, o filme ainda conseguiu prender ligeiramente a atenção até aquele ponto, o desfecho enterra de vez qualquer sentimento positivo ou mediano que pudesse gerar em relação a experiência como um todo e, consequentemente, o saldo que tiramos dessa projeção se torna, oficialmente, negativo e sem chance de redenção

Se a ideia era que fosse uma produção memorável ou até mesmo a Samara dessa nova geração (já que muitos movimentos de ação da antagonista remetem a nossa famosa amiga do poço), “TOC TOC TOC: Ecos do Além” entrega apenas um roteiro clichê e previsível, uma fotografia extremamente escura que, em certos momentos, incomoda por não ser possível enxergar os elementos em cena ao invés de causar tensão com o que está acontecendo e, claro, uma conclusão ruim, insossa e pavorosa jogada de qualquer jeito, desperdiçando todo e qualquer potencial que a história poderia proporcionar e, até mesmo, surpreender. 

Caso esse longa renda uma sequência ou até mesmo uma franquia futuramente, talvez seja realmente necessário que a polícia federal abra uma investigação, por que não há dívida de jogo que justifique a produção de qualquer outro lançamento dentro desse universo.

Texto Elaborado por Jamerson Nascimento.

Trailer Oficial
Cobweb paris filmes TOC TOC TOC: Ecos do Além
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