Umibe no Étranger: um filme de anime pra deixar o coração quentinho
Entre amores e autodescobertas, o que é preciso para aceitar a si mesmo e dar o primeiro passo rumo à felicidade? Conheça Umibe no Étranger
Não é novidade pra ninguém que os animes vão muito além de Rasengans e Kamehamehas. As animações japonesas conquistaram seu espaço no ocidente não só em séries e nos videogames, mas também nos filmes longa-metragens. Do drama ao romance, de histórias originais a releituras de clássicos, há gêneros e temas diversos para quase todos os públicos, e alguns deles acabam causando polêmicas, ainda que desnecessárias, como é o caso dos yaois
Também conhecido como animes BL (Boy’s Love), yaoi é um termo que se refere a obras cuja trama é focada em relacionamentos amorosos entre dois personagens do gênero masculino. Enquanto algumas, de fato, são mais adultas (conhecidos como lemons), outras focam na fofura e no romance, não dando tanta atenção para cenas de sexo explícitas, e esse é o caso de Umibe no Étranger, que pode ser traduzido como “O Estranho na Praia”.
O filme conta a história de um jovem romancista gay, Shun Hashimoto, que vive em uma pequena cidade litorânea na ilha de Okinawa. Após conhecer Mio Chibana, um garoto de 17 anos que acaba de perder a mãe, ambos criam um forte vínculo, mas Mio precisa se mudar para um orfanato distante até se tornar maior de idade, deixando Shun para trás. Três anos depois, Mio volta com as palavras: “Eu gosto de você, Shun, mesmo que você seja um cara”, mas diante da perspectiva de finalmente se tornar amante de Mio, é Shun quem tem dificuldade em dar o primeiro passo para o compromisso.
A obra trata toda sua trama com bastante delicadeza, explicando os motivos do tamanho receio de Shun para engatar o relacionamento. Como muitos jovens homossexuais se autodescobrindo, Shun reproduz e ecoa em si mesmo os preconceitos que sofreu ao longo da vida, sentindo que está fazendo algo errado ao se envolver com outro garoto. Ao mesmo tempo, se sente triste por Mio, achando que a vida do companheiro seria melhor se ele tivesse se apaixonado por uma garota.
Tal pesar é desenvolvido muito bem ao longo do filme, onde o público vai entendendo, pouco a pouco, o porquê destes pensamentos consumirem o personagem e controlarem suas ações. O ponto que torna o personagem tão especial é que seus traumas, misturados com desilusões e decepções do passado, refletem a realidade de muitas pessoas da comunidade LGBT, que escondem seus verdadeiros sentimentos e escondem quem realmente são.
Em contrapartida, Mio, que é o mais aberto na relação e dá tudo de si para se envolver emocionalmente – e fisicamente também – com o parceiro, representa o oposto dos padrões de masculinidade, se deixando levar sempre que sente vontade. Além disso, uma questão interessante da história é que Mio ainda se entende como hétero, deixando claro que sempre sentiu atração apenas por mulheres, mas se apaixonou por Shun pelo passado que os dois compartilharam, trazendo uma possível reflexão sobre sexualidade fluida – ou noções diversas sobre a bissexualidade, se preferir.
Assim como esperado de uma bela e clichê – no bom sentido – história de romance, os personagens encontram seus caminhos um para o outro. De forma encantadora, o espectador se vê torcendo pelos protagonistas enquanto acompanha o amadurecimento de Shun e a determinação do amor de Mio.
Vale ressaltar uma questão do filme, que pode ser visto como algo positivo e negativo, é que a obra se desenrola de forma bastante ligeira. Por um lado, é positivo, pois conta sua história sem enrolação. Por outro, é negativo, pois deixa o espectador com a sensação de que a obra podia ter aproveitado e explorado mais o dia a dia dos personagens. Assim, visto como algo bom ou ruim, os acontecimentos se resumem em menos de uma hora de filme e, se você cochilar, corre o risco de perder bastante coisa.
Um outro detalhe importante de Umibe no Étranger, que agrega ao poder de deixar o coração do público quentinho, é a relação da obra com os gatos de Shun. Seus bichanos aparecem juntos como uma forma de alívio cômico, com sua fofura servindo de conector entre diferentes cenas. Ambos vivem em uma relação de sinergia um com o outro e, adicionalmente, com Shun. Enquanto Shun e Mio se envolvem fisicamente, por exemplo, a imagem corta para ambos os gatos deitados, de conchinha, enquanto um lambe o outro, sendo também uma representação de como ambos os jovens estão sentindo e experimentando.
Porém, o filme não se prova memorável só pelo belo relacionamento que constrói. Todo o cenário é de uma beleza estupenda que encanta qualquer espectador. Com uma finalização artística feita com maestria, a cidade e suas praias são representadas de forma a criar no espectador a vontade de vivenciar aquele delicioso clima litorâneo por si próprio: as ondas do mar, o brilho do sol, os pássaros voando, as pequenas ruas de terra… Todos estes elementos são apresentados de forma graciosa, bucólica e, para dizer o mínimo, fascinante. Se há algum ponto negativo na obra é que, se prepare, você se sentirá descontente por não viver num local tão gostoso e aconchegante.
Umibe no Étranger é, portanto, uma obra fascinante que conquista o coração dos espectadores com uma história envolvente e profunda, ao mesmo tempo em que conquista suas visões através de belíssimas imagens. Com personagens divertidos, carismáticos e passíveis de grande empatia, é a pedida certa para aqueles que procuram uma história para acabar com o coração quentinho.
NOTA: Para aqueles que também gostam de ler, a editora Newpop vai lançar, neste ano, o mangá de volume único de Umibe no Étranger, então fiquem ligados!
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