Seja bem-vindo!

Por: Redação Nerd Recomenda 24/04/2023
0
Post Thumbnail

“Beau tem Medo” é uma viagem insana e bizarra pelos frutos do narcisismo materno

Novo filme de Ari Aster, Beau tem Medo é capaz de deixar os espectadores aflitos na ponta da poltrona

Aqueles que assistiram a “Hereditário”, “Midsommar” e “A Coisa Estranha Sobre os Johnsons” sabem que a mente de Ari Aster consegue atingir um elevado nível de insanidade quando se trata de suas obras. As bizarrices que compõem estes filmes, excepcionalmente misturadas com a tensão que um bom terror precisa, o tornaram um dos diretores de horror mais comentados da atualidade.

Por um lado, seria possível dizer que Beau Tem Medo vai pelo mesmo caminho de seus antecessores… Por outro, não; se somássemos todas as bizarrices presentes na cinegrafia de Aster até hoje, o resultado ainda não chegaria perto do quão louco é o novo filme do diretor. Por mais que Hereditário e Midsommar consigam embaralhar nossas mentes e nos deixar aflitos na poltrona, Beau Tem Medo faz isso de forma muito melhor, maior e mais intensa.

Neste texto, evitarei dar informações sobre a trama, pois acredito veemente que a melhor forma de desfrutar deste longa-metragem é conferi-lo sem saber sobre o que se trata. O que você, espectador, precisa saber, é que Beau Tem Medo se utiliza da ótima atuação de Joaquin Phoenix, acompanhado de um elenco sublime, para se aprofundar nas alucinações e temores de uma vítima do narcisismo materno.

Beau- is afraid

Para quem não sabe, uma mãe narcisista é aquela que dispõe o filho para um relacionamento abusivo, onde tudo gira em torno dela, do que é bom para ela, e do que ela quer; pelo próprio prazer, destrói a autoestima, confiança e autonomia dos filhos. Por mais abstrato que o filme possa ser em alguns momentos, fica claro que este é o ponto principal da obra, o qual aborda muito bem.

Porém, ainda há algumas ressalvas sobre o novo filme de Ari Aster com a A24. Por ser longo demais, Beau Tem Medo acaba tendo suas duas metades divergentes uma da outra, podendo cansar o espectador. Na primeira metade, a tensão e aflição causadas pelo roteiro é surreal, conseguindo prender o fôlego de qualquer espectador imerso na trama. Porém, na segunda metade, o foco é claramente no abstrato, no onírico e na viagem pelos sentidos.

Assim, a primeira parte do filme é dinâmica, rápida, frenética, enquanto a segunda é mais lenta, reflexiva e delirante, podendo fazer com que parte do público fique cansada com essa transição brusca do êxtase para a lentidão.

Além disso, por mais talentoso que seja, também fica clara a pretensão e prepotência do diretor com Beau Tem Medo. É possível sentir, em diversos momentos, que Aster tentou tornar o filme em algo grandioso, espetacular – algo que reinventaria o cinema –, claramente algo maior do que realmente é.  

Se não é o grande ápice do cinema do século – ou do ano –, então o que é este filme? Bem, isso é difícil de dizer, mas permita-me tentar: Beau Tem Medo é, para o cinema, o que um belo quadro abstrato é para as artes plásticas; é uma mistura excêntrica de alucinações sobre o narcisismo materno, formando uma obra ensandecida e bizarra capaz de não só deixar os espectadores tensos, aflitos e confusos, mas também de queixos caídos.

A24 Ari Aster Joaquin Phoenix
Tags:
Compartilhe:

A Nerd Recomenda também está no Facebook, Instagram, Youtube e no Twitter. Segue a gente lá!

Comentários

Deixe seu Comentário