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Por: Philippe Augusto 26/03/2024
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“Dois é demais em Orlando” capricha na diversão e falha na transparência

O processo de amadurecimento do ser humano muitas vezes pode ser traumático, crescemos sabendo que ao chegar na “vida adulta” devemos dizer “tchau” para a nossa era infantil. Pensando nisso, o filme “Dois é demais em Orlando” traz uma reflexão com uma pitada de diversão, sobre como os sonhos de uma criança podem influenciar em sua vida como adulto. 

Comandado pelo diretor Rodrigo Van Der Put, a comédia acompanha João (Eduardo Sterblitch), um homem que não cedeu às pressões da vida adulta e se permite existir enquanto sua criança interior se manifesta com toda força possível. Em suas férias, ele decide realizar o sonho de visitar os parques de diversões em Orlando. O que não estava previsto era que sua patroa pedisse que o filho dela acompanhasse João durante o passeio.

Logo de início de “Dois é demais em Orlando” vemos o contraponto dos personagens principais: Carlos Alberto, a criança interpretada por Pedro Burgelli, que terá de conviver com o João, é um menino que deseja acelerar o seu ciclo e se tornar um homem adulto. A representação de Burgelli nesse papel é de um carisma enorme, já acostumado em dublagens, esse é um dos trabalhos que ele pode exibir com muito orgulho em seu currículo como ator.

A comédia se perde em alguns momentos quando se trata da clareza sobre os personagens. Algumas informações que poderiam somar na obra não foram apresentadas, causando assim uma dificuldade de empatia para com as pessoas que estão em tela. Durante todo o filme, inclusive no início, o João está se filmando e dando a entender que produz conteúdo para a internet, mas em nenhum momento é citado ou explicado se isso faz parte do seu trabalho ou é apenas um hobbie. Essa e outras subjetividades deixam o público, que está atento a história, sem a resposta do porquê algumas pequenas decisões foram feitas pelos personagens.

Eduardo Sterblitch e Pedro Burgelli em "Dois é demais em Orlando" | Divulgação
Eduardo Sterblitch e Pedro Burgelli em “Dois é demais em Orlando” | Divulgação

As piadas inesperadas feitas pelo Eduardo Sterblitch, que fez um brilhante trabalho no musical “Beetlejuice”, são de longe as ocasiões em que a audiência se permite uma risada. Por se tratar de um homem com personalidade infantil e não uma criança no corpo de um adulto, o João ainda possui responsabilidades que deveriam trazer o seu lado maduro a tona, porém não é o que acontece. O humor através de caretas e mudanças vocais soa forçado quando se mantém nas ocasiões em que a emoção e tensão aparecem. 

O melhor do filme “Dois é demais em Orlando” é o tempo que passamos junto com os protagonistas nos parques de diversão. Em algumas entrevistas os atores afirmaram que passaram 40 dias filmando na locação com o parque aberto e fechado. As movimentações e opções de câmera nessas horas deixam um gostinho de como seria viver essa experiência em um dos parques mais famosos do mundo. Sem contar a curiosidade para entender a logística das gravações com o público local. 

Eduardo Sterblitch e Pedro Burgelli no parque de Orlando | Divulgação
Eduardo Sterblitch e Pedro Burgelli no parque de Orlando | Divulgação

Aqui vemos mais ainda a diferença de personalidade dos protagonistas. De um lado temos um João alegre em estar realizando um sonho de infância e do outro um Carlos Alberto triste, preocupado e apenas em busca de aproveitar um tempinho com sua família, já que é um menino solitário e com poucos amigos. A história de “Dois é demais em Orlando” nos permite refletir sobre a importância da família e amigos para um processo de amadurecimento saudável e divertido. 

Durante as 1 hora e 48 minutos que estamos com a atenção nessa aventura, os sentimentos podem ser de alegria, curiosidade e pressa. As cenas de diversão prendem, porém, os eventos não tão marcantes deixam uma sensação de que o filme é maior do que ele realmente é

Em uma realidade onde as crianças utilizam skin care para evitar os traços de envelhecimento e publicam esses conteúdos nas redes sociais, “Dois é demais em Orlando” é bem atual e uma ótima opção para a família, cativando de certa forma, tanto adultos como os pequeninos. O diretor se inspirou nos clássicos da sessão da tarde e, visto por esse lado, a obra será um ótimo adicional ao programa quando assim for possível.

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