Livro x Série: Pequenos incêndios por toda parte
Como uma amante de livros que se preze, na maioria das vezes gosto muito mais do livro, do que sua adaptação. Mas no caso de Pequenos incêndios por toda parte, confesso que fiquei bem na dúvida sobre qual gostei mais. E quem é responsável pela minha dúvida? Celeste Ig. Além de escrever essa obra incrível, a autora ainda fez parte da produção, roteirização, e em alguns momentos, até da direção. Dá para acreditar?
Entretanto, em caso de vida ou morte, se tivesse que escolher o que mais gostei, optaria pela série. O livro é super completo, traz personagens bem complexos, que tem participações muito importantes no desenvolvimento da trama, mas por não ser algo visual, as cenas acontecem limitadas pela sua imaginação. Além da vantagem de ser visual, na série existem mais situações tensas e os acontecimentos são mais rápidos.
O livro Pequenos incêndios por toda parte
A história central do livro envolve duas personagens: Mia Warren e a Elena Richardson. Elas vem de mundos completamente diferentes, e por mera coincidência, acabam morando no mesmo subúrbio, Shaker Height. O primeiro bairro planejado dos EUA dita não só as regras de disposição das casas, mas como as regras rigorosas de convivência social, educacional e econômica. Por lá tudo é tão rígido e certinho que os gramados de todas as casas não podem passar de 15 centímetros de altura. E quando passam, seus moradores recebem uma multa.
Para Elena, que vive por lá a vida toda, planejamento, aparência e perfeição fazem parte do seu dia a dia. Desde adolescente já sabia que iria se casar, ter muitos filhos e ser jornalista. Já a Mia, que é fotógrafa, desprendida da vida e não faz planos, não se encaixa nem um pouco no local. Mas por gostar de viajar para buscar novas inspirações, e também para fugir de um passado sombrio, ela acaba chegando no subúrbio. O encontro delas acontece quando a Mia resolve se instalar na casa de aluguel da Elena.
Na categoria personagens secundários estão os filhos das protagonistas. Pearl é filha de Mia, que logo de cara se afeiçoa pela família Richardson. Ela nunca tinha tido a oportunidade de ficar em um só lugar por muito tempo, por isso não fazia amigos por onde passava. Trip e Lexie, os filhos mais velhos da Elena, são mais os populares e mais parecidos com a mãe. Izzy e Moddy são os filhos mais introspectivos, artísticos e “rebeldes”, na concepção da mãe, pois discordam de falas preconceituosas e machistas dos outros membros da família.
Já o patriarca da família rica e as amigas de Mia e Elena, estão na categorias coadjuvantes. Eles participam de situações bem importantes que levantam debates atuais, como abandono de menores, adoção, racismo e imigração ilegal.
Com certeza o preconceito é o tema do livro, e se mostra presente em todas as suas vertentes: racial, social, cultural e de gênero. Acredito que o mais interessante no livro sobre o preconceito racial é que ele aparece de forma velada. Para mim, essa é a pior forma possível, porque se manifesta em pessoas que tem atitudes raciais o tempo todo, mas que dizem que não fazem nada de errado, e para ajudar ficam tentando justificar toda hora. Assim como os livros Pequeno manual antirracista e o Ódio que você semeia, Pequenos incêndios por toda parta sai distribuindo tapas na cara de quem precisa.
A série Pequenos incêndios por toda parte
Se você ainda não assistiu a série, realmente não sabe o que está perdendo. Apesar dos 8 capítulos terem em média mais de 50 minutos, você nem vai perceber porque a narrativa é tão rápida e os atores são tão bons, que quando menos esperar, já estará clicando para ver o próximo episódio. Para quem quiser conferir o trailer antes de se aventurar na Prime Vídeo, da Amazon, é só clicar no link.
Se ainda não foi convencido a ver a série, agora chegou a hora. Ela traz como protagonistas nada mais, nada menos, de que duas gigantes da dramaturgia: Kerry Washington como Mia Warren e Reese Witherspoon interpreta Elena Richardson. Ver as duas atuando, chega a arrepiar. Como comentei acima, na série as situações acontecem mais rapidamente do que no livro, então você fica com a sensação de que algo vai pegar fogo a qualquer momento.
A adaptação respeita bastante a história do livro, mas tem acréscimos de cenas e algumas mudanças em situações importantes, por exemplo a tensão entre a Mia e a Elena. Na série ela é muito mais latente, já no livro parece que ela fica um pouco de lado. Apesar dessa e outras transformações, eu não mudaria em nada o que vi na série.
Agora que estamos quase no final dessa resenha, trago as 4 principais diferenças entre o livro e a série Pequenos incêndios por toda parte.
Mas antes de continuar, se pergunte: eu gosto ou não de receber spoiler? Se a resposta for não, então pare por aqui mesmo, mas se não se importar, leia a vontade. Vamos lá?
Livro x série: Pequenos incêndios por toda parte
- O término: Quem termina o relacionamento da Lexie é o namorado nas duas versões, mas na série o motivo é muito mais profundo do que apenas o distanciamento físico entre os dois.
- A rejeição: Elena tem um relacionamento “perfeito” com todos os filhos, menos com Izzy. No livro isso acontece por excesso de proteção, afinal a caçula nasceu prematura. Já na série, a ricaça não consegue se relacionar bem porque ela foi um bebê não planejado que causou um término precoce na ascensão da sua carreira.
- A revelação: A Pearl descobre a verdade sobre quem é seu pai pela mãe no livro, já na série é Elena quem conta. E vamos combinar de uma forma nada sutil.
- O final: No livro que coloca fogo na casa é a Izzy, já na adaptação são os outros três filhos da Elena: Moody, Trip e Lexie.
Você pode saber mais sobre a temática na última live que promovi no meu IGTV.
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