
“Todo Dia” entrega final satisfatório, ausência de ritmo (filme) e roteiro fraco e inconstante
Lá vamos nós para mais um dos filmes baseados em livros.
Desta vez temos o autor David Levithan que, ao lado de John Green escreveu o livro Will & Will, também é autor da obra que virou longa metragem que vamos falar hoje, “Todo Dia”.
Trailer “Todo Dia”:
Por ser um filme que ganhou adaptação dos livros, confesso que não o li, mas como qualquer produção baseada em obra escrita, muitos dos leitores perderam o encanto, pois a experiência, os detalhes e a ‘magia’ não é à mesma. Faltam detalhes, cenas consideradas importantes, entre outros pontos para aqueles que têm a experiência da leitura.
Nos quase 100 minutos de filme, temos a sensação de estarmos vendo apenas mais um romance norte-americano, como sempre. Os relacionamentos entre a protagonista e A são sempre superficiais e rasos, quando podemos de fato considerar que haja algum relacionamento. Quanto ao resultado final, não foi nem ruim e muito menos bom, mas podemos considerá-lo satisfatório.

Em resumo: “Todo Dia” traz uma história fictícia com um leve toque de realidade. Rhiannon é uma jovem adolescente que cumpre com todos os requisitos para alguém da sua idade. Ela é apaixonada por um dos atletas mais populares de sua escola, Justin, acreditando que é o grande amor da sua vida. Mesmo sabendo que ele é uma pessoa fria e nada amorosa, a protagonista não estranha quando, misteriosamente, ele aparece completamente romântico na manhã seguinte. Quando a convida para passar um dia especial, Rhiannon realmente acredita que ele já se tornou seu namorado. Porém, o que a menina não imagina é que Justin, na verdade é outra pessoa.
Do outro lado da história temos ‘A’. Ele/Ela é responsável pelo grande destaque em toda trama, uma vez que é o que a torna única. ‘A’ acorda todos os dias em um corpo diferente, sem variar muito a idade e o local de seu corpo anterior. Quando Rhiannon acorda naquela manhã, jamais imaginaria que o corpo de Justin estava sendo habitado por ‘A’.
A parte mais bonita da história, livro ou filme, está no quão verdadeiro é o sentimento entre Rhiannon e ‘A’, seja lá o que ele/ela seja. Rhiannon se apaixona pela alma que habita no corpo, independente da cor de pele, sexo, etnia, entre outros. Parando para analisar, esse não seria o certo a se fazer em nossa sociedade? E caso essas perguntas tenham se passado pela sua cabeça ao final do filme, o objetivo do escritor Levithan foi cumprido com sucesso.

O maior problema que conseguimos encontrar no filme é a ausência de variação no ritmo. Do início ao fim nos mantemos em um linha horizontal, sem grandes momentos que tiram o fôlego ou variações que façam suspirar. O roteiro morno não se sustenta e começa a se tornar complicado no meio da produção, nos fazendo permanecer assistindo apenas para descobrir o que acontece ao final da história, mesmo sabendo que pode não ser uma surpresa. Não somos tomados a uma ansiedade e muito menos instigados com que pode vir a acontecer.
O longa “Todo Dia” nos tira a chance de imaginarmos, mesmo que baseado numa história real, está tudo ali, explícito na tela e com um contato tão rápido pelos personagens. Além da naturalidade com a qual Rhiannon lida com o fato de ‘A’ existir chega a ser questionável e engraçada. E mesmo que o relacionamento chegue a ser bonito e puro, se torna tão superficial, sendo difícil de acreditar nos sentimentos que ambos dizem estar sentindo.
Cheguei à conclusão de que, com um roteiro fraco fica difícil exigir um grande trabalho de elenco. Apesar de que a atuação de seus protagonistas tendem a ‘salvar’ o filme, mas nem tanto. Angourie Rice, que faz o papel da protagonista, entrega uma personagem graciosa e juvenil, como a história pede, entregando com transparência ao público cada pedaço de sentimento. Quanto ao ‘A’ é interpretado por diversos atores, cada um com seus breves minutos de fama, mas o grande destaque, em minha opinião, vai para Justice Smith, que entrega um bom personagem, além de identificar uma química entre os dois que não imaginava ser possível.
*Texto por Caroline Dias
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