O Portal Secreto traz de volta a fantasia infanto-juvenil para os cinemas
O filme é uma adaptação dirigida por Jeffrey Walker e estreia em 13 de julho nos cinemas
O Portal Secreto é o mais novo longa da Imagem Filmes, com estreia em 13 de julho nos cinemas brasileiros. A fantasia é uma adaptação do primeiro de uma série de livros intitulada “J. W. Wells & Co”, do autor Tom Holt, em uma proposta interessante que mistura magia com o mundo corporativo moderno.
A trama do diretor Jeffrey Walker gira em torno de Paul Carpenter (Patrick Gibson), um jovem londrino que é levado por uma série de infortúnios e “coincidências” até a empresa J. W. Wells & Co., logo conseguindo uma vaga de estágio sem nem entender direito o que a empresa faz. Logo na entrevista ele conhece Sophie (Sophie Wilde), uma jovem que também é contratada e percebe uma série de mudanças em si mesma após começar a trabalhar na empresa.
Logo de cara o filme consegue despertar a curiosidade no espectador, pois ficamos tão perdidos quanto Paul na tentativa de entender o que é aquela empresa. Nesse momento da trama, também somos apresentados a personagens interessantes, como Dennis Tanner (Sam Neill), cujo temperamento explosivo é um bom contraponto com a personalidade mais retraída de Paul.
Paul e Sophie enfrentam jornadas diferentes dentro da empresa, mas com uma coisa em comum: ambos percebem que nem a empresa nem seus funcionários têm qualquer coisa de convencional. Enquanto Sophie aprende como controlar pequenas situações para provocar “coincidências” que moldam a vida das pessoas, Paul recebe a missão de encontrar um poderoso artefato mágico, o portal secreto, uma misteriosa porta que se disfarça e tem o poder de transportar pessoas para qualquer lugar do mundo.
Essa missão é dada pelo próprio CEO da empresa, Humphrey Wells, interpretado por Christoph Waltz, que descobre em Paul o desenvolvimento de poderes específicos que o capacitam para essa busca. Waltz sem sombra de dúvidas nos presenteia com a melhor atuação do filme, dando vida também ao pai de Humphrey, John Wells, com uma personalidade bastante diferente da do filho.
Humphrey, na verdade, tem um plano de usar magia antiga para atingir resultados no mundo corporativo, negociando a própria vontade das pessoas como produto, por meio de um simples mecanismo: assinatura de contratos.
Toda a premissa do filme já nos é entregue na primeira cena de forma ao mesmo tempo escancarada e sutil, com um contrato correndo rápido pela tela e no final as opções de “concordar” ou “discordar”. Porém a montagem do filme ganha um mérito grandioso ao imergir nas tramas de Paul e Sophie e nas peculiaridades da J.W. Wells & Co., nos fazendo esquecer completamente da cena inicial, somente trazendo de volta a premissa que é base para o plot principal quando a própria trama pede por isso. E a partir daí tudo começa a fazer sentido.
Esse é um ponto extremamente positivo de O Portal Secreto, as peças demoram a se encaixar. Somos apresentados a um intricado quebra-cabeça que envolve as motivações e ações da empresa, o desenvolvimento dos poderes de Paul, as confusões que ocorrem com Sophie, o desaparecimento do pai de Humphrey Wells, as controvérsias do segundo no comando, Dennis Tanner, os objetos aparentemente mágicos que aparecem vez ou outra e a busca pelo portal secreto. Tudo isso, de início, não faz nenhum sentido e a demora para vermos como todas essas tramas se entrelaçam é o que prende a atenção do espectador até o clímax do filme.
Tudo isso faz com que o longa realmente apresente plot twists um tanto imprevisíveis, o que é mérito dos roteiristas Tom Holt (autor da série de livros) e Leon Ford. Essa mesma equipe, porém, peca em alguns pontos do roteiro, não dando respostas importantes, como o motivo de algo tão importante como o portal secreto estar perdido, ou dando soluções no enredo apenas porque são as mais convenientes, como os próprios poderes do protagonista que são desenvolvidos rapidamente somente na hora em que ele precisa.
Assim, os reais dons de Paul não ficam muito claros para quem não leu os livros, o que é um problema já que a obra cinematográfica precisa existir por si só. Além disso, o romance entre ele e Sophie, apesar de bem desenvolvido, é um tanto quanto sem graça, já que é o que se espera desde os primeiros minutos da trama.
Ainda assim, individualmente Paul e Sophie são bons personagens e esses pequenos problemas não atrapalham a experiência do filme. Além de ter uma trama redonda e fechada, o longa apresenta belos cenários e fotografia ao longo dos diversos destinos que conhecemos por meio do portal secreto e também dos ambientes no mínimo excêntricos de uma empresa que forja coincidências no mundo humano há milhares de anos.
O filme também tem um ótimo trabalho de figurino e maquiagem que vale a pena conferir, sendo capaz de nos inserir em um mundo mágico em constante troca com o mundo que conhecemos, mostrando como a magia pode estar presente até nas coisas (e pessoas) mais simples do dia a dia.
O Portal Secreto tem uma proposta diferente e atual, associando muito o papel que a tecnologia e as redes sociais apresentam em nossa vida, juntando tudo isso com um universo mágico. A obra resgata a fantasia infanto-juvenil que tem sido deixada um pouco de lado nos cinemas e com um bom potencial para ter suas sequências também adaptadas para as telonas (o filme possui duas cenas pós-créditos, então fiquem até o final).
Confira o trailer de O Portal Secreto, que estreia em 13 de julho nos cinemas:
*Texto por Ana Paula Castro
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